sábado, 30 de dezembro de 2006

A Venenosa.Por Simone Azevedo

CINEMA

Emocionante! HOTEL RUANDA é um filme que impressiona quem o assiste, sobretudo porque ser uma triste e dolorosa história real.
Oitocentos mil cidadãos da minoria étnica tutsi foram massacrados por extremistas hutus em apenas 100 dias em Ruanda, na África, numa guerra civil em 1994.Esse conflito não era ignorado pelas nações ocidentais, até porque a televisão transmitia o início dos acontecimentos,mas elas adotaram uma posição indiferente e preferiram não intervir, subestimando a gravidade do conflito.
HOTEL RUANDA ,não é um documentário mas retrata o massacre. Relata a história de Paul Ruseasabagina ( Don Cheadle), um hutu que gerencia um hotel em Kigali, capital do país. Quando a guerra estoura, o hotel recebe proteção da ONU, porque está cheio de estrangeiros. E Paul, casado com uma tutsi, aproveita para hospedar e salvar da morte 1268 pessoas da mesma etnia de sua esposa. O filme sugere que a origem do genocídio está na ocupação belga de 1918 a 1962, quando os tutsis foram privilegiados em relação aos hutus.
De 1918 a 1961, Ruanda-Burundi é um protetorado das Nações Unidas, governado pela Bélgica. A minoria tutsi é favorecida com privilégios em detrimento da maioria hutus. Entre 1962 e 1990, Ruanda e Burundi tornam-se nações independentes. Os hutus assumem o poder e criam novas leis, como as que restringem 9% dos empregos aos tutsis. Metade deles deixa o país.Os conflitos intensificam-se. Em 1993, o presidente hutu Habyarimana assina um acordo de paz e 2500 soldados da ONU vão para Ruanda. Em 1994, o presidente é morto num acidente aéreo_ uma parte do plano hutu de extermínio de lideranças tutsis e também moderados hutus.Nesse ínterim, milhares de pessoas estão sendo mortas, mas os soldados da ONU recebem ordens para não intervir. Países estrangeiros mandam tropas de resgate de seus cidadãos que vivem ou passeiam em Ruanda. O Conselho de Segurança da ONU vota pela retirada da maioria de suas tropas em Ruanda. Milhares de pessoas fogem do país para Tanzânia, Burundi e Zaire. O presidente Bill Clinton assina tratado que limita o envolvimento militar dos Estados Unidos em operações internacionais de paz. A ONU, admitindo que pode ter havido genocídio, manda mais 5500 soldados para Ruanda, porém com muitos dias de atraso. Em julho de 1994, os tutsis reassumem Kigali e o genocídio acaba. Em cerca de 100 dias, 800 mil pessoas mortas.
Hoje as principais lideranças mundiais admitem publicamente que a Organização das Nações Unidas demorou para notar a gravidade do problema e intervir. A omissão da sociedade internacional protagoniza o filme de Terry George. Essa omissão pode ser explicada pela inexistência de petróleo ou de ouro em Ruanda, fazendo com que esse lugar não seja nem um pouco atraente. Caso contrário, certamente a intervenção seria imediata.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Quando eu era pequena costumava ir com meu pai a Festa da Penha. Gostava de descer a ladeira junto à banda de congo e ficava vidrada no barulho dos tambores, apito, e casacas. Descia sempre perto da moça, na verdade senhora, que carregava o estandarte que trazia a imagem de São Benedito.
Queria mesmo ir, uma vez que fosse a festa de São Benedito. E todo dia 25 de dezembro pedia ao meu pai que me levasse. Fazia parte do meu imaginário infantil todas aquelas bandas tocando ao mesmo tempo, todas aquelas senhoras balançando os estandartes, e,ainda mais do que qualquer outra coisa, a rainha do congo.
Nunca tinha visto uma rainha do congo, mas não podia ser to diferente do que eu entendia como rainha. E como não ia a festa, imaginava - e era tão real - as pessoas entoando ladainhas bamborizadas,as saias rodadas,os chinelos de couro e nessa festa eu era a rainha do congo.
Como meu pai nunca me levou a festa de São Benedito, esse ano resolvi que veria tudo o que sempre imaginei, que finalmente conheceria uma rainha do congo de verdade.Por isso,no dia 27, fui a Estação Porto de Vitória para ver a coroação das rainhas do congo de Vitória pela banda Viramundo.
Cheguei ao Centro da cidade e não ouvi barulho de tambor. Liguei para um amigo que me confirmou o local. Olhei em volta e nem sinal de senhoras com saias rodadas e nenhum estandarte, nem casaca.
Fiquei parada ali alguns minutos e decidi não entrar. Esse ano eu seria mais uma vez a rainha do congo.

***

Foi aprovada uma lei municipal que prevê a retirada de propagandas publicitárias das ruas da cidade de São Paulo.
Desculpem-me, colegas publicitários, mas eu invejo a capital paulista.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Dica da **Patty Literária**

Direitos inalienáveis do leitor - OS NOSSOS DIREITOS:
1 - O direito de não ler;
2 - O direito de saltar páginas;
3 - O direito de não acabar um livro;
4 - O direito de reler;
5 - O direito de ler não importa o quê;
6 - O direito de amar os "Heróis" dos romances;
7 - O direito de ler não importa onde;
8 - O direito de saltar de livro em livro;
9 - O direito de ler em voz alta;
10 - O direito de não falar do que se leu.

Mesmo que muitas pessoas falem que Dan Brown é modismo e que escreve só pra ganhar dinheiro, eu gosto. E eu queria escrever assim, mesmo que fosse só pra ganhar dinheiro ou mesmo que não ganhasse dinheiro algum. Quer dizer, o Dan - não sei se vocês já notaram a intimidade que eu tenho com os autores - escreve de uma maneira simples e empolgante. Dá vontade de ler e não parar mais!
O primeiro livro que eu li dele foi Fortaleza Digital e fiquei vidrada. Isso porque apesar dele falar de assuntos que eu não sabia muito, ele explica as coisas tão bem que não tem como ficar perdido. A narrativa gira em torno da Agência de Segurança Nacional americana que cria um super computador capaz de decodificar, em tempo record, qualquer mensagem criptografada transmitida via internet.
Isso nos faz refletir um pouco até onde vai nossa privacidade no uso da internet. Ao mesmo tempo que se sofre uma invasão nessa “revista” de mensagens on line, é preciso buscar a garantia que esse meio não seja usado para o mal. No caso do livro, comunicação terrorista.
Mas chega um dia que essa super máquina se depara com um código que não consegue quebrar. E é aí que começa uma narrativa sensacional que envolve, entre vários personagens interessantes, uma matemática chamada Susan Fletcher, que entra numa aventura cheia de segredos e mentiras para salvar a NSA de um desastre, sua própria vida e a vida de seu amor! Ahhhhhhhhhhh! Que romântico! Sério mesmo, pessoal, pode ler que não é nada meloso! É muita ação, suspense e reviravoltas!

Dica de Hoje: Fortaleza Digital.
Autor: Dan - o maravilhoso.

Feliz 2007 para todos!
Que o ano venha cheio de glitter, rosa e muitos livros legais!!

P.S.: Não sei nem como agradecer o apoio de vocês a respeito daquele episódio do cartão de crédito. Papy vai liberar ano que vem!!! Que venha 2007 e meu cartão de crédito liiiiiiiiiiindo!
Beijos Purpurinados da
**Patty Literária**

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Quero Ser Miriam Leitão. Por Sylvia Ruth

Mais do Mínimo

Na negociação do salário mínimo, entre centrais sindicais e os Ministérios da Fazenda, do Trabalho e da Previdência, finalmente foi estabelecido o valor do salário mínimo para março do ano que vem: R$380. Uma cerimônia de comemoração foi marcada para hoje pela manhã.

Você pôde ver aqui, há duas semanas, que o Ministro da Fazenda Guido Mantega queria um mínimo de R$367, condizente com o PIB nominal e tal. Mas na reunião da semana passada, decidiram por 380 merengues.

Embora muitos pensem que este novo mínimo representa a derrota do Ministro da Fazenda, que ele não sabe se impor e tal, a vitória é de quem recebe ou tem o salário baseado na variação do mínimo e, inclusive, dos sindicalistas, que provaram ter as portas abertas no governo.

Mas se for para falar de números, eu posso provar que Guido Mantega venceu. Acompanhe, caro leitor, meu raciocínio:

1. Salário Mínimo atual: R$ 350,00.

2. Salário que Mantega queria: R$ 367,00.

4. Salário Mínimo para 2007: R$ 380,00.

5. Diferença entre 2 e 4: R$ 13,00.

6. Salário que os Sindicalistas queriam: R$ 420,00.

7. Diferença entre 4 e 6: R$ 40,00.

Logo, a diferença entre o mínimo que Mantega queria está mais perto do valor estabelecido do que o das centrais sindicais. Ou seja, Mantega venceu. E não se fala mais nisso.


E a Previdência

A tabela do imposto de renda será corrigida em 4,5%, já no mês que vem. Isso significa que o limite de isenção mensal passa de R$ 1.257,12 para R$ 1.313,69. E é isso que importa.


Papai Noel ainda mais gordo

Não serão as análises de nossos Incompetentes colunistas que mudarão a realidade de todo dezembro: as compras neste mês são as maiores do ano. E o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor, organizado pela Confederação Nacional da Indústria, diz que este é o melhor dezembro dos últimos anos. A esperança do consumidor está 8% acima da média dos Natais anteriores. A diferença em relação ao ano passado é ainda maior: 9,8%.

Nos shoppings, o aumento nas compras em relação ao mês do Papai Noel passado ficou em 5%, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings, a ALSHOP. O Serasa é só um pouco mais otimista, e afirma que o aumento na semana do Natal (entre 18 e 24 de dezembro) foi de 5,6%.

Bom, pelo índice de otimismo do consumidor, a expectativa não se materializou em um crescimento vigoroso nas compras de fim de ano. Talvez.


Selic

E hoje tem reunião do Copom. O mercado, a situação econômica atual e as probabilidades apresentadas na última reunião do órgão possibilitam uma nova queda na taxa, possivelmente de meio ponto percentual. Com isso, o ano deve fechar com uma taxa básica de juros de 13%.

Se eu acertar, não pensem que eu sou a toda-poderosa, qualquer economista de meia tigela dá esse valor. Se eu errar, tudo bem, eu não queria acertar mesmo...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Carta a um tal Noel

É Natal! Dizem que é tempo de esperança, traçar planos, mentalizar coisas boas para o próximo ano. Dizem até que na madrugada do dia 25, antes do sol, existe um bom velhinho que visita as casas e leva um saco cheio de presentes para distribuir. Se é assim, não me custa nada dedicar um pouco do meu tempo escrevendo uma carta ao tal Noel.

Senhor Noel:

Não me lembro de ter escrito ao senhor alguma vez, também nem sei se conhece mesmo, mas dizem que está acostumado a receber cartas de todos os lugares do mundo. Penso, então, que não é surpresa ler alguém que nem imagina quem é. Não estou muito à vontade para fazer pedidos, expor desejos a alguém que não conheço. Suas referências, porém, são bastante positivas: milhares de crianças me disseram que eu posso confiar. Bem, aqui estou eu e minhas palavras!

Sem mais enrolação, eis os meus pedidos de Natal, que devem ser entregues a todo Brasil: justiça social verdadeira – não Bolsa Esmola, quer dizer, Família; distribuição eqüitativa de renda – sem aumentos estapafúrdios de parlamentares para eles mesmos!; desburocratização da máquina pública, limpeza nos cabides de emprego, fim real do nepotismo; reformas de base – educação com excelência de ensino e pesquisa, saúde com hospital público de qualidade, segurança pública em pleno funcionamento; reforma política, eleitoral, do judiciário – tão necessárias para dar operacionalidade e confiabilidade ao nosso sistema político! Traga-nos, por favor, uma equipe ministerial condizente com as necessidades de cada pasta, que os cargos de ministros não sejam usados como moeda de troca na barganha pelo poder. Dou-me ao direito até de sonhar com uma república parlamentarista – por que não?

Creio que meus ‘brinquedos’ não poderão ser feitos com a ajuda de seus duendes, Senhor Noel. Aliás, não espero que eles sejam entregues no prazo em que o senhor costuma trabalhar – dia 25 de dezembro, antes do amanhecer. Eles podem ficar para o próximo ano e não precisarão ser entregues todos de uma vez – seria o ideal, mas sei que não é possível, mesmo para o senhor.

Esperando sua chegada ansiosamente...


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Enquanto isso, no Planalto Central...

A CPI finge que investiga e a gente finge que existe Justiça no Brasil.
As provas, cabais... s-o-l-a-r-e-s, não provam nada! A opinião pública tem que entender que se não der pra tirar um por fora, não tem vantagem nenhuma em ser deputado! Qual seria a graça???
Nós é que estamos errados! Nós temos é que temos que parar de implicar tanto com nossos ilustríssimos parlamentares!!!
A IMPUNIDADE É A REGRA QUANDO É UM PARLAMENTAR QUE ESTÁ SENDO JULGADO! NÃO É À TOA QUE A CORRUPÇÃO É UMA DOENÇA ENDÊMICA NOS PODRES PODERES DESTE PAÍS!!!
BELO FELIZ NATAL QUE RECEBEMOS DE NOSSOS REPRESENTANTES POLÍTICOS EM BRASÍLIA! MUITO OBRIGADA A TODOS OS PARLAMENTARES!!!
DESCULPEM A MINHA DESCABIDA INDIGNAÇÃO...
RECOLHO-ME A MINHA INSIGNIFICÂNCIA...




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Apesar de tudo...

Feliz Natal a todos!

E, só para lembrar, começaremos juntos o Ano Novo! Para 2007, esperança!

Até a próxima segunda-feira!

sábado, 23 de dezembro de 2006

A Venenosa.Por Simone Azevedo

“Entre o céu e a terra há mais mistérios do que nossa vã filosofia pode imaginar.” Shakespeare

“Três vezes felizes são os mortais que descem aos reinos de Hades depois de haverem contemplado os Mistérios.” Sófocles

“admito que possuíam iluminação os homens que estabeleceram os Mistérios e que, em realidade, tiveram intenção velada ao dizerem, há longo tempo, que quem quer que vá para o outro mundo sem estar iniciado e santificado jazerá no lodo, mas quem chegue ali iniciado e purificado, morará com os deuses.” Platão

Ele tinha um belo rosto, usava capacete e sandálias aladas. Parecia um anjo. Mas na verdade era um homem. Um homem com a doçura de um anjo e a beleza de um deus. Levou-me para voar com ele pela noite. Senti-me segura e feliz em seus braços.Voamos séculos, talvez milênios. Mergulhamos no tempo. Entramos em um templo sagrado, cujas paredes eram de ouro com pedras preciosas incrustadas. Muitas flores enfeitavam e perfumavam o templo. Orquídeas, rosas, açucenas, cravos e jasmins. Um misterioso canto inundava todo o ambiente. Eu não conseguia identificar se as doces vozes eram de crianças ou de anjos. Talvez de ambos. O ar era puro e suave. Pude sentir uma paz sublime. Ele deitou-me sobre uma pedra. Uma enorme pedra polida onde, penso eu, costumava-se realizar algum tipo de ritual religioso como aqueles que vemos nos filmes . Não senti medo. Sabia que aquele deus-anjo-homem não me faria mal. Adormeci por um instante, e quando recuperei a consciência estava vestida com um manto branco.Havia pétalas de rosas sobre meu corpo. Uma estranha claridade inundava o templo.Aquele homem irradiava luz. Minha cabeça girava,eu estava meio zonza, mas podia ver seu rosto claramente.Suas feições delicadas cederam lugar a traços fortes e viris, e seus olhos azuis tornaram-se mais brilhantes que o firmamento. Delicadamente, sussurrou seu nome em meu ouvido. “Hermes”. Depois disso, as palavras tornaram-se desnecessárias. Eu podia ouvir seus pensamentos e ele os meus. Nos tornamos um só.Compreendi que ele era o Mensageiro dos Deuses e havia me escolhido para ser sua sacerdotisa e esposa.Deu-me um cálice de ouro ricamente adornado com pedras preciosas onde continha uma bebida púrpura,levemente doce. Um néctar dos deuses. Jamais havia imaginado experimentar algo parecido. Era delicioso. Ambrosia! Depois, deu-me um enorme livro no qual estava tudo o que eu precisava saber para compreender os Mistérios.”O Caibalion”. Meu amado deus e esposo tocou meus lábios com a sabedoria e sussurrou em meus ouvidos a chave mágica do entendimento. Ministrou-me os caminhos do amor e acendeu a chama da eternidade. Ensinou-me que o mundo fenomenal é simplesmente uma criação mental do Todo, assim como no universo tudo tem uma correspondência e emana da mesma fonte. Nada está separado, tudo se move, a matéria, a energia, a mente e o espírito, nada mais são do que diferentes formas de vibração. Ele mostrou-me, através do espelho da magia, que todas as verdades são meias-verdades e todos os paradoxos podem ser reconciliados. Caminhamos juntos por um imenso campo de tulipas e voamos sobre os oceanos. Ele mostrou-me que o ritmo é a compensação e que tudo tem fluxo e refluxo.Deixei-me guiar pela magia daquelas descobertas. Senti-me imortal e livre. Mas eu sentia que aquela felicidade estava chegando ao fim. Havia chegado a hora de Hermes retornar ao Olimpo e me deixar. Não queria me despedir do meu grande amor. Hermes me fez sua mulher e deu-me a última graça que podia. Preencheu-me com sua semente para que seus descendentes através de mim perpetuassem sua sabedoria. Havia chegado a hora de eu cumprir o meu destino.


Sou grande admiradora da cultura e da mitologia grega. Não se assustem se de vez em quando eu cometer algumas divagações sobre esse universo mágico e maravilhoso, do qual quero transmitir um pouquinho a vocês leitores.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Dica da **Patty Literária**




A minha vida está acabada.
E quando digo isso não é porque estou na minha fase adolescente depressiva. Não mesmo! Mas sim, porque ela realmente está acabada. Destruída.
Cheguei a conclusão de que sempre que acho que a minha vida está ruim o suficiente, ela vira pra mim e diz: “Olha como posso ficar pior, queridinha”.
E acredite, ela fica.
Isso tudo porque meu pai, com seu coração perverso, confiscou meu cartão de crédito. Ele achou um absurdo eu comprar uma bolsa da Colcci por R$ 127,00. Eu nem disse que era promoção pra não piorar as coisas. Eu ainda tive que ouvir que a bolsa é tão pequena que dava pra eu carregar tudo nos bolsos de uma calça jeans. Meu pai não entende absolutamente nada mesmo.
Quando estou em algum momento triste, principalmente ligado a minha cruel descapitalização, só me resta reler um livro do Sidney Sheldon. Isso porque o Sid constrói personagens tão interessantes e sofridos que meu problema chega a diminuir. Por exemplo, aquela jornalista de “O céu está caindo”, que além de adotar um filho problemático acaba se envolvendo no assassinato de um cara que é simplesmente o provável candidato ao Senado. Sortuda ela, não? E também em “Quem tem medo de escuro” em que as personagens principais são duas mulheres que perdem os maridos e tentam a todo custo descobrir a verdade sobre suas mortes. Sem esquecer de “Se houver amanhã” em que uma mulher fica presa por 15 anos injustamente e busca vingança a todo custo.
Enfim, qualquer livro do Sidney Sheldon vale a pena!
Personagens incomuns, enredo intrigante e final surpreendente. Uma combinação realmente boa!
Mas ainda penso no que vou fazer a respeito do meu cartão. Talvez, vocês pudessem fazer um abaixo assinado aqui no Blog para que eu mostre ao pai que preciso de dinheiro para comprar livros, afinal, tenho que respeitar meus amigos leitores. Ah, uma amiga minha me falou de um tal de Sebo. Se a situação continuar critica eu dou uma passada lá, que tal? Talvez a próxima coluna seja A Patty Literária vai ao Sebo. Espero que não! Ah! Eu quero meu cartãããããããããããão!
Bjos sem brilho, pois o meu acabou e meu cartão foi confiscado ¬¬'
E Feliz Natal a todos!!!
Patty Literária

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Não leia se estiver com preguiça.
Ouvi um coro de “Canta,canta,canta!”. Acho que foi aí que despertei do cochilo. Minha prima, Camila, estava no meio da roda. Apesar de ter perdido os minutos precedentes pude prever,pelo sorriso cínico que esboçava,que ela havia dito que tirou “O cantor da família” ou algo parecido.Sei,porque é assim sempre.Tio Carlos faz que não vai cantar,mas por fim acaba cedendo aos frenéticos pedidos da família e entoa qualquer coisa de Roberto Carlos.Ele sabe que não canta direito,sabe que todos debocham, mas finge que acredita que são elogios sinceros.É um carente, um artista frutado e ultimamente anda aceitando qualquer platéia, até a dos meus tios fanfarrões.
Eu sempre cochilo depois que ganho meu presente, mas hoje havia sido particularmente difícil pegar no sono, e eu sabia que não ia conseguir esse feito outra vez.É que tia Miranda sentou-se do meu lado, e isso me fazia lembrar do exato momento que passei a detestar o natal.Foi quando eu tinha oito anos incompletos.Na hora de dar a pista do meu amigo-X disse que era “A tia beata solteirona”.Lembro que meu pai sempre usava esse termo pra se referir a tia Miranda, e todos riam.Mas quando eu disse ninguém riu,e eu não entendi.Hoje entendo.
Como eu previa, minha tia Mia,logo depois do episódio do tio Carlos,aproveitou-se do meu desapertar pra começar o sermão costumeiro:A importância do natal.
A característica mais marcante da tia Miranda,depois da beatice,ou talvez até antes, era a pão-duragem.E antes que ela chegasse na parte do consumismo, que justificava o fato de ela não comprar presente nunca,me antecipei:
_Tia sem saudosismo, por favor.
Ela ignorou o meu pedido e prosseguiu dizendo que o verdadeiro sentido do natal,o nascimento de Jesus,estava sendo perdido com a cultura do consumismo.
Rebati o que é altamente desaconselhável porque encoraja a discussão sem-fim, munida da antropologia que desconheço completamente, e divaguei alguns minutos sobre o significados de festas pra os povos desde os primórdios.
É realmente difícil competir com tia Mia, mas às vezes eu até ganho.Finalmente fiz um ‘panorama histórico’ sobre a evolução do natal.Continuei com o velho clichê, que não chega ,contudo, a ser tão velhos que a tia Mia.Enfim, disse que o natal é originalmente uma festa pagã,mitraica,que celebrava o vitorioso Sol em decorrência do solstício de inverno.Honestamente não me lembro onde tirei isso.Certamente da Super-Interessante ou de alguma conversa de bar.O fato é que eu disse.E falei tanto que ela desistiu de falar.
Claro que não perdeu o ar de superioridade e de deboche que só as avós e tias boazinhas sabem.Mas no fim,aceitou o presente que a minha mãe deu de bom grado,se bem que isso ela faria de todo modo.


* * *

Por falar nisso...

Mudaram as regras pra os comerciantes exibirem os preços dos produtos.Um decreto lei do Governo Federal determinou que deverão constar nas mercadorias etiquetas indicativas do preço, ou deverá haver um terminal de consulta a no máximo 15 metros do item.
Foi bom pro consumidor, a Fátima disse.Esqueceu,contudo, de informar pra quem e de que forma esses gastos- referentes aos equipamentos que deverão ser adquiridos pra o cumprimento do decreto- serão repassados. Mas isso não é relevante.O importante é que o consumidor não mais passará pela humilhação de perguntar o preço ao vendedor ou de ter que ,arduamente, decifrar uma informação manuscrita.Pagar um pouco a mais não é problema, desde que saiamos da loja com um produto devidamente etiquetado.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Quero Ser Miriam Leitão. Por Sylvia Ruth

E no pouco que sobrou da capitania de Vasco Fernandes Coutinho...

Em outubro passado, a Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa apresentou o relatório para o orçamento de 2007. Tudo bem que faz tempo, mas como o ano já vai começar, é bom comentar o assunto pra saber as quantas andarão nossas finanças. As prioridades do primeiro ano do segundo mandato Hartung devem ser educação, saúde e transporte.

O dinheiro virá do próprio governo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para as obras do Projeto TRANSCOL III; e Caixa Econômica Federal, para a construção de habitações para a população de baixa renda. Além disso já foram assinados um empréstimo com o Banco Mundial (BIRD) para o Projeto Águas Limpas, e outro com o Banco InterAmericano para o Desenvolvimento (BID) para manutenção de rodovias e investimentos em saúde, sistema prisional e segurança pública.

Somando todos os investimentos, o governo deve gastar mais de 10 bilhões de reais (R$ 10.020.263.650,00) no ano que vem. Mas o melhor é a maneira como este dinheiro foi partilhado. O orçamento foi elaborado por meio de 12 audiências públicas, uma em cada microrregião do estado e mais uma em Vitória. Foram mais de 1500 sugestões. O importante é dar a oportunidade para o povo se sentir parte fundamental do processo de priorização de projetos, de modo que o governo trabalhe verdadeiramente em função dos cidadãos.

Daslu se fu

Saiu o veredicto sobre o esquema de sonegação fiscal na Meca do luxo brasileira. A Daslu foi autuada em R$ 236.371.942,45 referente a impostos que não foram recolhidos de 2001 a 2005, somando juros e multas.

A líder da quadrilha, digo, butique... Dona da butique Eliana Tranchesi e seu comparsa, digo, irmão Antônio Carlos Piva de Albuquerque, formaram um esquema de esquentamento de notas falsas para burlar a Receita. Mas no ano passado o esquema foi descoberto e os Irmãos Metralha chegaram a ser presos, por 1 dia.

Bom, mas a eles ainda cabe recorrer em duas instâncias na Receita Federal, a primeira na Delegacia de Julgamento e a segunda no Conselho de Contribuintes e, caso eles ainda achem que alguém pode ajudá-los, cabe recurso na Justiça Federal.

Na semana passada a Daslu divulgou uma nota assinada pela trambiqueira Eliana Tranchesi no site da loja, em que dizia que eles estavam sendo caluniados e pediam a compreensão de seus clientes, para quem eles sempre buscam o melhor e tal. Então tá né.

E a última

Hoje a Coca-Cola e a Femsa anunciaram a possível compra de 100% da mexicana Sucos Del Valle por cerca de US$ 470 milhões. É, depois da Sucos Mais e da Minute Maid mais uma vai para a maior do mundo.

Caso a transação se concretize, a Coca-Cola se tornará a maior empresa de sucos na América Latina. Veremos.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O que irrita a Jaqueline. Por Jaqueline Mainardi

Notas Rápidas

Proposta Educacional

Nesta ultima segunda feira, o nosso ilustríssimo deputado federal Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL – BA), levou uma facada no lado direito das costas desferida por uma mulher de 45 anos identificada como Rita de Cássia Sampaio. Para a minha tristeza, e de toda a nação brasileira, o deputado passa bem e infelizmente não corre risco de morte. Depois desse fracassado atentado, e do lamentável acidente com o avião da Gol, pude perceber um problema gravíssimo que afeta todos nós brasileiros: a falta de pontaria.

Devido a esse problema identificado por mim, proponho que em todas as escolas brasileiras sejam obrigatórias aulas de treinamento de pontaria, pois se isso já ocorresse, atentados como o da cidadã Rita de Cássia não seriam mal sucedidos, causando frustração em milhões de brasileiros que esperam ansiosamente o fim de políticos honestos como o glorioso ACM Neto. E a respeito do acidente com o avião da Gol, teria sido muito mais interessante se ao invés de cair sobre a Amazônia, ele tivesse caído sobre o congresso nacional, já que este lugar reúne as pessoas mais honestas, íntegras e comprometidas com o bem estar da nação brasileira.


Jinge bells

Jaqueline estava serelepeando pelo shopping para averiguar como estavam as decorações de Natal e também, é claro, fazer seus pedidos para o querido Papai Noel. Imbuída de todo um sentimento natalino, Jack, muito alegre, se encaminhou para a fila onde estavam todas as crianças que, como ela, esperavam ansiosamente para tirar uma foto com o Bom velhinho. Ao se aproximar das criancinhas, ela percebeu que todos que estavam ali viam o Natal como a época do ano em que poderiam ganhar muitos presentes e não tinha a menor idéia do verdadeiro significado do Natal.

Quando chegou a sua vez de chegar perto daquele ser com barba branca, barrigudo, vestido de maneira engraçada, Jaqueline se pôs a chorar, pois foi exatamente naquele momento que Jack percebeu que o Papai Noel, até então adorado por ela, era uma figura que representava e perpetuava a idéia de consumismo na mente de crianças indefesas. Desse dia em diante, Jack se tornou frustrada com o Natal devido aos sentimentos falsos que este prega. E nunca mais, em todo sua vida, desejou ver o Papai Noel na sua frente.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Ave Franklin! Por BruneLLa França

EM QUE MUNDO VIVEM OS POLÍTICOS BRASILEIROS???

Para o salário mínimo, aumento mínimo. A população, afinal, não precisa comer, não tem direito a lazer, não precisa se vestir nem pagar contas de gás, energia, telefone, e água – que muitas vezes nem tem.

Para os parlamentares, coitadinhos, que trabalham tanto, que fazem o país crescer, que produzem tanta riqueza, que são responsáveis por milhares de empregos diretos com carteira assinada, um aumento ínfimo: APENAS 91% !!! Mas eles merecem. Se não fossem eles, o que seria do Brasil???

Nós deveríamos agradecer a nossos ilustríssimos parlamentares pelo brilhante e indispensável serviço prestado ao país. Além do mais, o esquema de Mensalão deles foi descoberto... Ó! Que desgraça!!! Pensaram assim, então: se o problema era roubar escondido, sejamos honestos (VEJAM QUE EXEMPLO DE CARÁTER!)! Resolveram, então, roubar às claras...

Além de salário, os nossos ilustríssimos deputados e senadores recebem ainda uma verba indenizatória de 15 mil reais cada um, isenta de imposto de renda, livre para que eles gastem como bem entenderem! Até as pedras da Praça do Congresso sabem que a tal verba indenizatória é um segundo salário dos parlamentares! As despesas de viagens, gasolina, moradia e mais algumas regalias são pagas com dinheiro diretamente do Congresso Nacional.

Se somarmos esse 15.000 mais os 24.500 que eles querem de salário, nossos parlamentares ganharão 39.500 por mês. E isso é muito mais que o salário que ganham os Ministros do Supremo – com quem eles querem equiparar os salários. É inconstitucional! Se bem que para eles isso não faz tanta diferença assim, porque tanta coisa que acontece neste país é inconstitucional e fica na impunidade... Vide o lamentável relatório de encerramento da CPI dos Sanguessugas: durante o processo de investigação, aparecem listas com mais de 60 nomes de parlamentares envolvidos no esquema de corrupção. No relatório final, apenas 10 pessoas foram indiciadas e as listas foram totalmente esquecidas...

Parece que nossos Parlamentares esqueceram que vivem em Brasília. Lá os carros passam sempre rápido – pistas largas – e sempre sem buzinar – não se buzina em Brasília. As pessoas abanam a mão na faixa de pedestres e os motoristas param. O asfalto é inteiro e contínuo. Os canteiros sempre bem aparados. É agradável caminhar por Brasília. O Plano Piloto faz pensar que o Brasil é mesmo um país rico, com justa distribuição de renda, salário digno para todos, sistemas de saúde e educação com excelência de funcionamento, segurança pública impecável... ELES VIVEM NUMA BOLHA! BRASÍLIA É UMA ILUSÃO, É UM FALSO BRASIL! A REALIDADE DE, PELO MENOS, 50 MILHÕES DE BRASILEIROS É, NO MÍNIMO, BASTANTE DIFERENTE!!!

QUANDO NOSSOS POLÍTICOS ACORDARÃO PARA A REALIDADE DE NOSSO PÁIS??? PARA A REALIDADE DAQUELES QUE ELES DEVERIAM REPRESENTAR E POR QUEM DEVERIAM TRABALHAR EM PROL???

SÓ ESPERO QUE A ENXURRADA DE E-MAILS E PETIÇÕES QUE ESTÃO NA INTERNET CONTRA ESTE AUMENTO ABSURDO OS FAÇAM REFLETIR SOBRE O ASSALTO – mais um! – QUE ELES QUEREM COMETER AO DINHEIRO PÚBLICO!!!

domingo, 17 de dezembro de 2006

A Venenosa.Por Simone Azevedo

Escutando meu gasto e arranhado CD Sonatas de Beethoven, comecei a refletir sobre o mercado fonográfico de música erudita no Brasil.Vasculhando a memória à procura de recordações sobre minha experiência com este estilo musical, percebi que pouco ou quase nada sei sobre o assunto.
Decidi, então, informar-me e percorri incansavelmente as lojas de discos, esmiuçando as prateleiras, importunando os vendedores.Procurei por um lançamento.Algo inovador, com intérprete e arranjos interessantes. Mas, o que encontrei foram as mesmas músicas, dos mesmos compositores, tocadas pelos mesmos intérpretes do tempo em que eu passava os domingos na casa da vovó.
Conclui que se eu realmente quisesse me informar sobre o assunto (eu preciso,agora que escrevo uma coluna sobre arte e cultura) deveria buscar na sessão de importados. Recomendação do meu avô, um admirador da música erudita, que já não agüenta mais a inércia do mercado nacional.
Foi o que fiz. Eureca!Descobri a fonte de informações sobre música erudita!Uma gama de variedades abarrotando as prateleiras. Da Europa, dos Estados Unidos.Músicas e arranjos inauditos, interpretações interessantes,estimulantes. Ops!Um pequeno grande detalhe jogou um balde de água fria no meu entusiasmo. O PREÇO! Assustada e indignada saí correndo da loja.
Depois desse choque, resolvi fazer uma pequena pesquisa de campo entre vizinhos e amigos para tentar confirmar minhas suspeitas.Ah!Elas se confirmaram. Foram poucos os que ouviam ou mesmo conheciam Bach, Tchaikovski, Mozart, Chopin ou Vivaldis.
Como somos ignorantes! Mas, como é possível que nós, pessoas de classe média, apreciemos a música erudita num país onde a música erudita é tão desvalorizada, principalmente, por aqueles que lançam estes produtos no mercado, ou melhor, que não lançam. Os grandes empreendedores do mercado fonográfico esquecem que públicos se formam constantemente e que não há como apreciar Mozart sem conhecer boas interpretações de Mozart.
O argumento é sempre o mesmo: no Brasil não há consumidores para música erudita, muito menos com compositores e interpretes desconhecidos . Assim, transferem a culpa para a suposta ignorância da população. Ainda bem que o mercado da moda não caminha da mesma forma . O que seria da nossa querida colunista a Patty Literária, se tivéssemos que nos vestir como nossas avós e seus saiotes ultrapassados, caso os empreendedores da moda achassem que no Brasil não há pattys ou peruas suficientes para consumir suas inovações extravagantes?
Entretanto, sou obrigada a controlar meu veneno ao criticar este argumento dos empreendedores do mercado fonográfico. Ele não é de todo descabido, pois revela uma realidade vergonhosa sobre os consumidores da música erudita no Brasil. Grande parcela destes é constituída de pessoas que freqüentam concertos apenas pelo evento social que eles encerram. Vestem-se com todo o luxo e elegância e aguardam ansiosamente pelo cafezinho do intervalo. Outra parte destes consumidores quer apenas ostentar uma imagem culta.Adquirem CDs eruditos para adornar as estantes da sala e impressionar as visitas. O conteúdo musical pouco importa.
E é este comportamento que parece nortear o mercado de música erudita no Brasil para a decepção de uma minoria que está sempre em busca de novas músicas, escritas por compositores diferentes e interpretada pelos mais diversos músicos.
“Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?” Parafraseando-parodiando esta antiga e complexa questão que desafia filósofos e cientistas: Quem nasceu primeiro?A ignorância ou o ignorante?

Dia do leitor.

Do inconsciente ao quintal

Parece que aprendi pouco com Benjamin. Tenho demorado meses (e não dias, como deveria ser) para retornar aos arquivos nebulosos. Péssima aluna. E ele que sempre diz para sair anotando coisas num bloquinho de papel... Perdoe-me Benjamin. De tanto computador, acho que desaprendi a fazer anotações em papéis... Enfim, acredito que ele me perdoaria.

Eu deveria anotar também os meus sonhos. Por isso, há um caderno e uma caneta na mesa de cabeceira. Mas sempre deixo para depois, mesmo sabendo que as lembranças dos sonhos duram alguns minutos. Na verdade, talvez nem existam de fato. Outro dia sonhei com porquinhos de pelúcia cor-de-rosa. E resolvi escrever sobre pessoas e bichos.
"Benê sempre aparecia debaixo da casa de G. Miguel, exatamente à meia-noite. Sedutora – embora fosse levemente manca –, queria que ele saísse com ela para ver a lua, dar umas voltas pelo jardim, conversar. Ele, muito tímido, nem sempre aceitava os convites. Passava longos momentos fitando Benê, apertado entre as janelas entreabertas, mas na maioria das vezes acabava indo se deitar, deixando-a lamentosa. Quando saíam juntos, o que era raro, passavam a noite inteira na rua e só retornavam para casa de manhã, com os galos se esgoelando. Certa noite, Benê não apareceu. De quando em quando, G. Miguel parava na janela para ver se ela estava à caminho, mas nada. Naquela noite, Benê conheceu Rafael P., primo de Antônio C., que é um artista famoso. Foi o começo de um tortuoso mal-entendido, um acúmulo de desenganos. A história, que tinha todos os floreios de um filme romântico, quase acabou em tragédia. Num período de um dia e uma noite, descobriu-se que Benê não era uma mulher de fato, mas uma espécie de travesti; que G. Miguel sofria de síndrome de castração e que Rafael P. nunca tinha saído de seu apartamento de alto luxo de bairro nobre. Portanto, não sabia nada do mundo "selvagem", dos perigos da vida, ao contrário de G. Miguel, um flâneur por natureza. Rafael P., quando saiu de casa naquela noite com Benê, voltou quase de manhã para casa, chorando alto, quase em desespero. Acredita-se que Rafael, cego de paixão, tenha sido enganado por Benê. É possível que tenha levado uma carreira, pois estava em estado de choque, todo sujo e com as roupas rasgadas. Foi levado para o hospital no dia seguinte, às pressas. Estava estranhamento perturbado, agredindo a tudo e a todos. Foi sedado e, à base de calmantes, levado para casa pelos amigos mais próximos. Recuperou-se dois dias depois. Rafael agora pretende sair menos de casa... Está preferindo o conforto de um apê de classe média alta, onde pode assistir a vida através da TV, de um filme de DVD, confortavelmente instalado numa cama cheia de almofadas. Ou vendo o mundo externo pela porta de vidro da sala. Benê, que acabou revelando sua verdadeira personalidade, não voltou a entrar em contato com G. Miguel. Dizem que manteve um breve romance com Antônio C., que patrocinou sua mudança definitiva de sexo. G. Miguel tão pouco lhe daria atenção, embora sentisse um pouco de pena dela. Vizinho de Rafael P., G. Miguel ficou sabendo do que aconteceu, embora ninguém saiba o que de fato se passou naquela noite misteriosa. G. Miguel acha que Benê deveria abandonar essa vida errante - mas mantendo seu novo sexo, claro - e se lançar em busca de suas origens, de seu verdadeiro "eu interior". Talvez um blog na Internet ou umas sessões de análise fariam bem a ela, pensa G. Miguel, enquanto a imagina aparecendo novamente sob a janela para lhe dar boa noite


Texto da professora Daniela Zanetti

sábado, 16 de dezembro de 2006

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Eu liguei

_Alô!
_Gustavo? O que você esta fazendo?
_Nada... Fala.
_Não,nada...
_Ta tudo bem?
_To puta!
_Que houve?
_Meu namorado... Aquele idiota!
_Eu pensei que depois de mim... Clara, você não me disse que tava namorando.
_Estava... Mas agora,já não quero saber.
_Vocês brigaram?
_Ele não discute. Conversa quando eu me acalmar. Diz que tudo se acomoda. Como um suco de maracujá que você coloca sobre mesa. A raiva se acomoda, o carinho se acomoda, e tudo passa como se não tivesse sido.
_Então não brigaram?!
_Não. Ah! Eu tenho tanta saudade de você. Das nossas brigas, elas eram...Briga comigo,Gustavo?!
_Ahm?
_Briga!
_Mas nos brigávamos porque éramos namorados.
_ E podemos voltar a ser,não podemos?
_Isso não vai dar certo.
_Claro que vai.Eu te amo tanto...
_Eu também te amo.
_Clara, você ainda se importa se eu fumar?
_Me importo, ora. Você sabe que eu detesto cigarro.
_Pois não vai dar certo. Eu fumo.
_Custa não fumar perto de mim?
_Custa.Você continua igualzinha:mandona e controladora.
_E você continua idiota.Tinha que falar sobre isso? Sabe que a gente não concorda.Não ia dar certo com você mesmo.Sempre arrumando uma desculpa pra brigar por nada.Tão infantil!


E desliguei



Natasha é estudante de jornalismo e promete tentar fazer jornalismo da próxima vez. Medo de Jaqueline, pode ser.

O QUE IRRITA A JAQUELINE

Quando decidi fazer faculdade de jornalismo, meus amigos me questionaram sobre o porquê dessa escolha e imediatamente me disseram que eu estava fadada a ser uma pobre coitada na vida e o melhor seria que eu fizesse direito, pois este sim seria o curso no qual eu poderia conseguir status e dinheiro.Simplesmente ignorei todos os comentários e agora estou fazendo o curso de jornalismo.
Ao entrar na universidade comecei a pensar sobre os motivos que me levaram a escolher o jornalismo como profissão, e devo confessar que não sei se essa foi a escolha mais acertada.
Com o decorrer das aulas pude conversar com muitos colegas e comecei a especular sobre os motivos que os levaram a estarem ali na mesma situação que a minha.Alguns, como eu, não sabiam explicar sua escolha, entretanto, outros tinham plena convicção da decisão tomada.
A partir de um certo momento, as pessoas que tinham uma visão de mundo mais ou menos parecida foram se aproximando e assim a sala tomou uma configuração um tanto quanto curiosa; pode-se perceber a formação de dois hemisférios antagônicos: o norte, considerado o povinho da janela e o sul a parte criativa.
As discussões nas nossas aulas , principalmente as de teorias e praticas jornalísticas , fizeram com que eu percebesse quais seriam as características fundamentais para um bom profissional da área de comunicação e assim pude refletir mais sobre a minha escolha .O interesse por temas como política , economia , atualidades , entre outros, seriam essências para a formação de um jornalista com uma visão critica do mundo.Devo deixar claro que não sei se possuo tais qualidades, mas tenho plena convicção que elas são essenciais para a formação de um bom profissional.
Em meio aos debates propostos nas aulas, fiquei chocada com a atitude de certas pessoas que se diziam convictas da decisão pelo jornalismo ; simplesmente declararam odiar falar sobre política, e depois de dizerem esse absurdo fiquei sem compreender qual o motivo que as levaram a estarem ali.Essas pessoinhas que odeiam a política e a única preocupação na vida é tomar a difícil decisão de escolher qual a saia que combina com tal blusa, a bolsa mais fashion, o brinco mais bonito deveriam fazer o curso de publicidade.
Este sim seria o curso ideal para esse povinho fútil e vazio que não esta nem ai para o resto do mundo, pois através da publicidade estariam em contato com todas as novidades da moda e estariam exercitando o poder de manipulação e alienação sobre pessoas tolinhas como elas mesmas.
É fundamental que todos saibam que Jack não pretende ofender ninguém, seu único objetivo é alertar sobre os absurdos que dizem por aí. Por isso tomem cuidado.
Ela só sabe reclamar!!!!

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Dica da **Patty Literária**

Revolta!
É isso mesmo. Revolta.
Não que eu tenha pintado meu cabelo de vermelho intenso, feito vudu da minha Hello Kitty e aposentado meu gloss. Até porque eu não conseguiria fazer coisas tão perversas. É só que se vocês estavam pensando que eu falaria de outro livro - perfeito - como os da coleção do Diário da Princesa estava...Ah! Pára tudo! Eu tinha realmente me decidido não voltar nesse livro, mas é que acabou de ser lançado O Diário da Princesa 7 - A Princesa na Balada, e eu preciso dizer que...eu não acabei de ler ainda...mas...ah! vamos voltar para o que eu estava falando...
O livro que eu li e que queria muito indicar pra vocês se chama “Bento” e é de um escritor brasileiro chamado André Vianco.
Só pra vocês terem uma noção:

“Uma noite começa como outra qualquer, mas entra para a historia da humanidade quando metade dos seres humanos adormece de forma inexplicável. Tratada como uma epidemia, a doença desencadeia um caos sem precedentes nas cidades do mundo.O pesadelo parece não ter fim quando os humanos, livres do sono, descobrem que estão dividindo a noite com demônios da escuridão”

Quem curte livros de vampiros não pode deixar de ler esse! É de dar medo. E pra vocês terem uma idéia, eu - EU - fui dormir no quarto da mamãe no dia que resolvi lê-lo de madrugada. Quer dizer, você sabe qual foi a última vez que fui, morrendo de medo, dormir no quarto da minha mãe? Quando eu era criança - tudo bem, tirando o dia que assisti Jogos Mortais, mas meu Deus! Isso nem conta, né? Tá bom...no dia que assisti O Exorcismo de Emily Rose também...mas qual é? Eu acordei 3h da madrugada, exatamente como no filme! Você queria o quê? Que eu ficasse no quarto esperando o espírito do mal me dar algumas rugas de expressão antecipadas? Jamais! Tudo bem que eu uso a mais revolucionária e moderna linha de cremes anti-rugas, mas meu rostinho não iria suportar um demônio me possuindo. Sem falar nas unhas que ficariam um trapo de tanto arranhar as paredes!

Enfim, hoje a dica é: Bento
Autor: André Vianco
Classificação: Ofuscante!!

Nível de Classificação:
1- Pálido...
2- Levemente Purpurinado.
3- Glitter Puro!
4- Ofuscante!!



Beijinhos sabor gloss de melancia - que não permite que seus lábios ressequem! - da *Patty Literária*

Quero Ser Miriam Leitão. Por Sylvia Ruth.

O Superávit

Boa noite amigos. Perdoem-me o adiantado da hora, mas final de período, vocês sabem. E hoje, depois dos confetes da primeira semana, eu precisava “falar” alguma coisa com mais sustância.

Então, vasculhei infinitos sites – do governo principalmente – para descobrir às custas do quê o governo federal juntamente com os governos estaduais conseguiram um superávit primário tão incrivelmente expressivo em outubro. Mas, se eu tivesse descoberto, não estaria sendo tão prolixa em minha introdução. Como não encontrei, fui aconselhada pelo meu todo-poderoso editor-chefe a fazer muito melhor: sugerir as possibilidades de um superávit tão bacana.

Pois bem. Devidamente respaldada por Rafael Arcanjo – mesmo que o aval dele não seja tão importante, afinal, todos temos poderes iguais neste pagode e se eu quisesse, por conta própria, o faria sem remorso – vamos às “2 Causas Gritantes do Superávit do Primário”, por Sylvia Ruth.

  1. Aviação:

As últimas do Ministério da Defesa e de seu ministro Waldir Cheio de Fé Pires, provam que falta dinheiro há tempos para melhorar a vida dos controladores de vôo e conseqüentemente dos passageiros, das companhias aéreas e da economia do país.

2. Cultura X Esportes

Para a mídia, só faltava esportistas e atores se engalfinharem por patrocínio. Ia ser o auge. Já que o desconto de impostos para pessoas física ou jurídica que patrocinarem o esporte seria desleal demais para os pobres atores e atrizes brasileiros que participaram da “manifestação” pró-cultura. “Okey, cheguemos a um acordo”, disseram nosso conhecido de outros carnavais Gilberto Gil e Orlando Silva de Jesus Júnior: 6 ou 4%. Porque o Ministério da Fazenda vai se meter nessa briga de claquetes e uniformes esportivos?

***

O Máximo do Mínimo

Ontem a Comissão Mista de Orçamento (CMO) liberou o aumento do salário mínimo de R$ 350,00 para R$ 375,00, que passa a vigorar em abril do ano que vem. Este valor representa a derrota dos governistas ou a vitória da oposição – como melhor lhe convir.

O fato é que embora qualquer pessoa de boa fé neste país defenda um aumento digno no mínimo, não dá para provocar um rombo nas contas do governo e achar que vai dar pra remendar de qualquer jeito depois.

Se considerarmos que o PIB nominal* do país deve crescer três por cento neste ano, e o governo der um aumento de quatro por cento no salário mínimo (R$ 375), o crescimento dele será maior do que o do PIB nominal. Não há motivos para um governo que vai caminhando tão bem quando o assunto é controlar índices e que quer porque quer um aumento no PIB bem milagroso no ano que vem, botar em perigo as suas contas.

Para alguns, o déficit da Previdência deve chegar à R$ 42 bilhões de reais neste ano. Para outros, déficit da Previdência não passa de mito e/ou não devia ser usado para frear o aumento do mínimo. O problema é que boa parte dessas mesmas pessoas defendem um mínimo de R$ 1.613,08.

O Ministro da Fazendo Guido Mantega acredita que apertar as contas para aumentar um gasto corrente do governo não vale a pena. O dinheiro que a União vai gastar para aumentar o mínimo para 375 merengues** poderia ser usado para outros investimentos, que indiretamente beneficiariam tanto quanto ou até mais do que um aumento direto de quinze reais no salário do povo.


* PIB nominal é o resultado da soma de todas as riquezas de bens e produtos produzidos por um país, medido por valores correntes, sem considerar a influência de variações inflacionárias.

** "Merengues" é uma denominação pessoal – geralmente representando um valor baixo – para dinheiro.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Manual de reportagem do repórter sensacionalista!
parte1:cavando a notícia!
Domingo,tarde alta,total ansiedade na redação vazia,o unico repórter de plantão,o telefone não toca "onde estão os acidentes,as vítimas os mortos ?! eu preciso dos mortos eu preciso vender sang... jornaaaaal!...".
ouve-se o eco... toca o telefone,é o editor sedento por uma edição cheia de sangue.
Cadê o sangue !o sangue meu filho ! o sangue!eu quero as vítimas, as vítimas !
Começa a ronda ,191,192 193...,polícia,defesa civil,iml....Finalmente! "tiroteio no beco da Sussurana,várias vítimas..." a polícia nada sabe o iml nada viu,quem falou do tiroteio?:"o sô o comando mané...dirrubei 10 aqui no beco, nois qué sê notiça chefia...!"
parte 2:chegando primeiro que a polícia ´
É sempre assim, o repórter chega sempre primeiro, a polícia faz cera no barzinho da esquina e ele passa em alta velocidade em direção ao acontecido, no caminho atropela pessoas no ponto de ônibus , nada grave mas o sangue esalhado e o carro em pedaços vai render outra matéria."Sem fotografo não tem reportagem!!!"
O reporter decide arrumar uma câmera ,afinal... sem foto não tem sangue no jornal,ele corre pro carro que não pega, sendo assim ele desiste da meia dúzia de feridos e corre até o beco da Sussurana, afinal... 10 é mais que meia dúzia(quanto mais sangue melhor) "e depois as vítimas vão ter que ter tempo pra morrer e além do mais o sangue demora algumas horas pra secar!"
O caminho foi longo o repórter veio a pé (a polícia decarro não chegou ainda...), a entrada do beco é estreito, já com a câmera em punho começa a registrar tudo.
"vou fazer imagens ótimas ,dá pra colocar 2 na capa uma em cima outra em baixo com o logo do jornal no meiovai ficar uma maravilha...!"
parte 3 :como driblar a polícia os curiosos e chegar no corpo.
(...) continua

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Ave Franklin! Por BuneLLa França

STF decreta fim da cláusula de barreira.
Será que ainda podemos esperar por uma reforma política?

Voltamos à estaca zero! A sensação de retrocesso foi a regra entre parlamentares e jornalistas políticos ante a decisão do Supremo Tribunal Federal em derrubar a cláusula de barreira. Continuaremos, assim, com aproximadamente 20 partidos representados no Congresso Nacional, dos quais apenas sete alcançaram mais de 5% dos votos para deputado federal.

A cláusula de barreira foi criada pelo Congresso em 1995. Ela previa um percentual mínimo de deputados eleitos de 5% dos votos para deputado federal e 2% dos votos para deputado em pelo menos nove unidades da federação para cada sigla. A partir de 2007, a medida limitaria o funcionamento dos chamados partidos nanicos, enxugando o número de agremiações e forçando a unificação de algumas delas a fim de garantir maior parcela do fundo partidário e algum espaço na televisão. No curto período em que a medida vigorou, as pequenas legendas foram informadas de que teriam direito a apenas dois minutos na TV por semestre e seriam obrigadas a repartir entre si 1% do fundo partidário.

PCdoB, PDT e PSC, dentre os que não atingiram percentual mínimo de votação, recorreram ao STF argumentando que a regra estabelecia tratamento desigual aos partidos políticos. Quinta-feira, sete de dezembro do corrente ano, o plenário do Supremo se reuniu e considerou inconstitucional o dispositivo de exclusão.

Permanece, por conseguinte, a lei em vigor na última eleição: 29% do fundo partidário são direito das grandes legendas e os outros 71% devem ser divididos entre os demais. Quanto a propaganda eleitoral gratuita, fica estabelecido que os partidos pequenos devam ter 10 minutos e os grandes, 20.

PcdoB, PPS, PV e PSOL, representantes de correntes minoritárias, todavia respeitáveis de opinião, comemoraram. Afinal, conseguiram sobrevida notável na cena política. E, junto deles, festejam também os picaretas que controlam as legendas de aluguel e os cartórios eleitorais montados para usufruir os lucros fáceis do sistema, em especial os recursos do fundo partidário e a propaganda na televisão. Seus negócios continuarão a todo vapor.

A queda da cláusula de barreira inviabilizou, de uma vez por todas, a concepção minimalista de reforma política predominante no Congresso. Acreditava-se ser possível enxugar, organizar e dinamizar o atual sistema de representação política através de mudanças. Seria necessário coibir as distorções mais gritantes e aperfeiçoar o funcionamento do sistema, sem mexer no voto proporcional em listas abertas.

Havia a crença de que a cláusula de barreira, a fidelidade partidária e talvez o financiamento público de campanha bastassem para voltar a dar operacionalidade e confiabilidade ao nosso sistema de representação, que teria disfunções, mas não vícios insanáveis. A cláusula de barreira obrigaria políticos e eleitores a concentrar progressivamente suas preferências em cima de uma meia dúzia de partidos. Daqui a uns dez ou doze anos, teríamos, portanto, um quadro bem mais compacto no Congresso.

O julgamento do STF acabou com essa concepção. Não basta somente introduzir mecanismos que impeçam o troca-troca de partidos ou mudanças no financiamento de campanhas. Nesse ínterim, a esfera política brasileira se encontra agora diante de um dilema: ou começa a discutir uma reforma política para valer, que mude nosso sistema eleitoral, fortalecendo os partidos no momento do voto do eleitor e não depois dele, por procedimentos administrativos; ou não faz reforma política alguma. Até a próxima crise deixar claro que a situação atual é absolutamente insustentável.

Uma nota: foi servida com sabor amargo a última pizza do escândalo Mensalão.

O processo do Deputado José Janene encerrou, de forma lamentável, o caso dos deputados mensaleiros. Dos 19 deputados investigados pela CPI dos Correios, quatro parlamentares renunciaram ao mandato para fugir dos inquéritos; apenas três foram cassados e nada menos que 12 parlamentares foram absolvidos ante as evidências solares dos crimes cometidos.

A descoberta de que não possuímos os instrumentos para modernizar o sistema de representação política do país não estarrece ninguém. A imprensa, enquanto Quarto Poder, desanimou frente às eficientes estratégias dos acusados – leiam-se parlamentares, empresários, publicitários e a cúpula governista – de fazer tudo voltar aos velhos lugares-comuns. A opinião pública, com apetite voraz para combater a corrupção, foi domesticada. Nesse contexto, será que podemos esperar um desfecho minimamente decente para a CPI dos Sanguessugas?

domingo, 10 de dezembro de 2006

Dia do Leitor. Convidado de hoje: Vítor Fernandes Pereira.

“....tuas idéias não correspondem aos fatos...”

Cazuza


A Mulher Feliz

Algo diferente aconteceu. Aquele momento, que tantas vezes se repetira religiosamente igual, parecia agora diferente. Seria ela feliz? Claro! Tinha dois filhos saudáveis, um marido atencioso, um emprego estável... Mas seria ela feliz? A pergunta que tantas vezes rondara seus pensamentos e fora sempre respondida de forma rápida e automática não queria ir embora. Tudo estava da mesma forma há anos, não havia porque mudar. A pergunta persistia. Tentou agarrar-se novamente aos argumentos que sempre lhe foram convincentes: os dois filhos, belos, saudáveis, atléticos, já estavam na faculdade, trabalhavam, moravam fora de casa, eram independentes. Foram muito bem educados, orgulhou-se. O marido, nesses vinte e nove anos em que estavam juntos, sempre lhe fora fiel, tentava ser atencioso, ouvia-a. _ Letícia, seu marido vale ouro!_ diziam as amigas. E o emprego? Já perdera as contas de quanto tempo estava naquela repartição. Salário bom, estabilidade. “_Trabalho assim não é pra qualquer um, você tem sorte...” . Será? Sim, tinha que ser! Esqueceria tudo aquilo. Acendeu um cigarro, serviu um brandy. Algo parecia fora do lugar. Por que logo agora se questionar? Olhou para o marido, que dormia. Mas ele era tão bom! Por quê? A imagem daquela mulher veio-lhe à mente. Tão bela, tão jovem. Olhos tão negros, sobrancelhas tão vivas. Desde que a vira pela primeira vez não conseguiu tirá-la da mente. Fantasiava como seria tocar aquela pele, beijar aquela boca, apertar aqueles seios. Olhou-se nos espelho. Sentiu-se velha. O verde dos olhos não parecia mais tão intenso. A pele já não tinha elasticidade. Ela não seria mulher para a outra. Nem poderia. Onde já se viu? Ela tinha um marido. Mas por que não? Jogou água no rosto. Queria livrar-se dos pensamentos, da marca dos anos, da imagem que construíra. E se não fosse feliz? Tinha que ser! Onde errara? Estudara com as freiras, casara-se virgem, dedicara-se à família, sempre fora fiel. Mesmo aquele rapaz tendo-lhe tirado o sono anos atrás, mesmo com a presença daquela moça agora, sempre fora fiel. Exemplo de mãe, esposa e mulher. Por que, por que, por quê? Há muito tempo não sabia o que era o gozo, mas e daí? Ele era um bom marido. Os filhos já não ligavam com tanta freqüência, e daí? Já eram homens! O trabalho não era prazeroso, mas já estava para se aposentar. Tudo parecia tão em ordem, tão perfeito; ela não queria. Jogou-se na rede e mirou o céu. O mesmo, desde quando se lembrava. Nada, nada, nada saíra do lugar. Um dia ela tivera um sonho: sair num balão amarelo e preto e voar todo o mundo, ver outros povos, outros rostos, outras vidas.... Aqueles olhos voltaram à sua mente. A lembrança do balão se foi e a mulher veio. Estava linda, a boca vermelha, os seios no decote lhe convidavam. Sentiu-se desconfortável. Não podia pensar naquilo. Meu Deus? Por que isso agora? Não estava tudo tão feliz? Estava? Não sabia. Naquele momento a única certeza que tinha era a de que queria se sentir livre, ao menos um segundo, estar no balão, aquele do sonho. Chorou. Lágrimas ácidas. Tentou justificar com a bebida. Sempre fora fraca para o álcool. Sabia porém que havia algo mais naquele choro. Sentiu o peso de Ter que corresponder às expectativas, de Ter que ser a mãe, a esposa, a funcionária exemplar. Desejou só por um instante ser ela mesma. Quis poder sentir-se dona de si, dona do seu corpo, dona do seu prazer, do seu sexo, quis sentir-se mulher. Mas não podia mais. Já não era apenas ela. E se não fosse feliz? E se ela errasse? E se fosse infiel? Não! Não podia! Mas por que não? Aquela pergunta lhe doía. Não tinha respostas. De uma coisa tinha certeza: fizera tudo certo! Certo? Pra quem? Quem ditara as normas? Viu naquele instante o quanto suas certezas eram fugidias, o quanto estava perdida. Iria mudar. Faria diferente. Trairia o marido, esqueceria os filhos, faltaria ao emprego. Estava decidida. Mas, e depois? Lembrou que era covarde. Não teria forças para romper com tudo, ainda tinha uma imagem. Pra quê? Não sabia, mas era sua. Continuava confusa. Viu uma estrela cadente. Desejou ver-se livre das inquietações . Cansada, tomou dois comprimidos para dormir, deitou-se ao lado do marido e rezou para que ao amanhecer voltasse a ser feliz, insuportavelmente feliz.

Vítor Fernandes Pereira
17 de junho de 2004

* Hoje foi a vez do Vítor, semana que vem pode ser você! Escreva para nós: r.arcanjo88#gmail.com (substitua o # por @).

sábado, 9 de dezembro de 2006

A Venenosa. Por Simone Azevedo

Ensaio
Imaginem um mundo verde.Uma verdadeira Roda-viva com bolinhas cor-de-rosa no lugar das árvores e suco de laranja no lugar dos mares. Açúcar no lugar da areia e mel formando imensas cataratas.
Nesse mundo não há Vidas Secas nem Capitães de areia, e Dona Flor tem mais de dois maridos.
Permitam que eu me apresente.Sou a Deusa da Surrealidade. Naveguem comigo pelos mares da imortalidade.
Vivo de luz e maçã do amor. Durmo sobre o algodão doce da grama de chocolate que tem textura de MPB.
O ar tem cheiro e a água tem sabor. Cheiro de Abaporu, sabor de Cazuza.
Viver é melhor que sonhar com pontinhos brilhantes que pousam ellisreginando na ponta do nariz.
Minha lei é ser feliz. Meu hino é Tom Jobim.
Minha alma converge em Vestido de Noiva.
A Fascinação dos meus olhos tropicalistas é o espelho da bossa nova da Alegria, alegria.
O canto dos pássaros reproduz Chopin.
O além do horizonte recria Picasso.
Sou filha de Atenas. Discípula de Afrodite. A sabedoria me pertence.Amar é um verbo intransitivo.
No meu mundo, lágrimas não são de tristeza, mas sim matéria prima líquida de Monet.
Aqui, Sebastião é Salgado como as tortas da Tia Anastácia do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Nada é mais cinza que as cinzas das chaminés dos romances de Charles Dickens.
Madame Bovary conta histórias que duram mil e uma noites.
Iara monteirolobateando nas pedras seduz Odisseu de Homero.
Permitam que eu lhes apresente meu mundo. Ele é uma nova Era. A Era Venenosa.


Quero fazer uma pequena retificação. Não pude corresponder às expectativas do meu editor Rafael Arcanjo que me incumbiu de falar sobre Funk. Não posso fazer isso simplesmente porque não vejo nenhuma superioridade neste estilo. Claro que funk é cultura, mas eu particularmente não me enquadro no perfil "funkeira". Quero que minha coluna tenha a "minha cara". Falar de cultura não é fácil, mas é muito prazeroso. E é com prazer que escrevo pra vocês.

O que irrita a Jaqueline. Por Jaqueline Mainardi.

Jaqueline está triste, tem vontade de chorar; o mundo não lhe parece bom,


Jaqueline vive de ilusões, a vida é muito infeliz, não há nada que a faça querer viver;mas será que ela existe?!ou è só imaginação?!

Jaqueline tem problemas, tem manias, tem distúrbios; Ela só sabe reclamar!

Não, Não,Não, .Ela só sabe reclamar!!

Jaqueline não é desse mundo; não pode ser, Ela é diferente, é melhor; é muito mais ....

Jaqueline é boba, tolinha, fútil, como todos sabem ser, isso não é normal, isso ta errado, é loucura.....

Jaqueline quer fugir, quer pular, Ela precisa reclamar!!

Tudo irrita Jaqueline, Ela precisa reclamar!!

Jaqueline é insana, não sabe o que diz

Quem é Jaqueline?Ninguém sabe, ninguém viu.

Perdoem Jaqueline, Ela não sabe o que diz

Jaqueline não existe !!!

Sejam todos bem-vindos.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Dica da ¨* Patty Literária¨*

Antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro que meu mundo não é só roupas, glitter e Hello Kitty. Tudo bem que grande parte dele é isso mesmo, mas também reservo um pedaço relativamente grande para a literatura. Nessa coluna, vou ter o prazer de, toda quinta feira, falar sobre os livros que já li, estou lendo ou ouvi falar bem. Vou fazer de tudo, de tudo mesmo, para que essa coluna seja divertida e produtiva. Vou me jogar de corpo e alma, assim como quando estou no cabeleireiro testando um novo tom de loiro!! Eu espero realmente, do fundo do meu coraçãozinho pink, que vocês gostem!

***

- Ei, quero o volume 3 da coleção “O Diário da Princesa” – pedi a vendedora de franja lambida.
Ela me olhou de cima em baixo. Uma pena que eu não estava com minha super sandália cobre da Arezzo pra fazer inveja. A vendedora pegou o livro e me entregou com cara de deboche.
- O que foi? – perguntei, incomodada.
- Como alguém consegue ler um livro desses?
- Do mesmo jeito que alguém consegue usar essa franja oleosa.
É, eu disse. Disse mesmo! Se tem uma coisa que eu não suporto – ainda mais do que quando chove e eu estou de chapinha – é alguém falar mal dos livros que eu leio. Primeiramente porque leio de tudo e com o tempo vocês vão perceber isso. E depois porque o Diário da Princesa é bom sim! Acho que as pessoas precisam parar de dizer que não gostam de um determinado livro sem antes lê-lo. Pois devo dizer que é um livro leve e criativo. Quer dizer, como a história de uma garota que descobre que é uma princesa pode não ser interessante? Qual é, se liga, eu estou falando de uma princesa de verdade! Tudo bem que aquele nerd horrível da minha sala me chama de princesa. Mas eu estou falando de representar algo para a sociedade, para um povo, sabe? E também de ter um palácio, uma coroa de diamantes e roupas fantásticas! Não vejo vida mais excitante que essa! Acho que vou ser uma princesa quando crescer...isso me lembrou que tenho mesmo que ler toda essa coleção! Afinal, eu realmente preciso me acostumar com o modo como será meu futuro!
E indico! Ou pra você - invejosa – pensar em ser uma princesa também, ou pra saber – curiosa – como será meu futuro de puro glamour, ou simplesmente pra você – leitora – se divertir!
Beijos sabor brilho de menta da Patty Literária.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

Agora é a vez da Economia


Pois bem amigos, a partir de hoje e toda quarta-feira, vocês poderão ler esta minha pretensiosa coluna sobre economia. Mas como todo este blog é deveras pretensioso, eu serei apenas mais uma “Incompetente” neste barco. Então, vou me apresentar.

Quando eu era pequena, quis ser astronauta, dentista e arquiteta. Mas depois de ler um livro do Stanislaw Ponte Preta, decidi, decididamente, fazer jornalismo. É claro que não foi só aquele livro, do qual eu nem muito bem lembro o nome, que me fez escolher minha profissão com reles 12 anos de idade.

Em 2000, quando eu fazia minha derradeira escolha profissional, o Brasil respirava ainda por meio de aparelhos após uma turbulência econômica. Quando pensava sobre como estrear neste blog, me lembrei daquele longínquo ano. Não foi só o Stanislaw o responsável por eu estar fazendo jornalismo.

Não sei porque, mas comecei a sentir o maior gosto em assistir o Jornal Nacional e vibrar com cada nova macacada do governo e da Câmara. Meu programa preferido passou a ser assistir o maior número de jornais por dia. E olha só onde vim parar.

Gostaria de deixar bem claro que este nome “Quero ser Mirian Leitão” ainda está sob protesto, embora eu deva admitir que ele tem forte apelo publicitário, o que incita a curiosidade do meu amigo leitor. Embora, ainda, jogadas publicitárias não muito me agradem.

Agora, voltando ao assunto. De uns tempos pra cá, identifiquei meu real interesse no jornalismo: economia. Embora seja um zero à extrema esquerda sobre este assunto e pose de bem-informada-politizada-sabichona-dona-de-toda-e-qualquer-solução-para-o-país quase sempre que o assunto “dinheiro” entra na pauta.

Então caros leitores, não pensem em esperar toda quarta-feira pra se informar sobre as mais novas da economia, porque, embora você amiguinho, esteja pensando nisso, vai acabar se decepcionando muito com esta pessoa que vos fala. Este não é meu objetivo. Não quero informar ninguém sobre nada muito relevante, nem quero que alguém se decepcione comigo. Pense bem assim: “vou lá naquele blog dos calouros ver o que aquela menina metida a Miriam Leitão anda escrevendo”. É quase, mas não muito quase, o que você vai encontrar aqui.

Sinta-se em casa. Só não ponha o pé na mesa!

O Inparcial. Por Rafael Arcanjo

Oficialmente, sejam bem-vindos.


Depois de noites e noites viradas em exaustivo ritmo de trabalho, pesquisa e profundos estudos sobre o assunto, enfim lançamos o nosso blog. Essas longas e exaustivas noites não levaram consigo nossa quase que infinita modéstia. Movidos por essa qualidade, própria dos sábios, escolhemos depois de muitas discussões, um nome para designar o todo da produção de nosso trabalho a ser desenvolvido nesse blog (não sabemos por quanto tempo, esperamos que muito!).

JORNALISMO INCOMPETENTE!..., isso mesmo, você não leu errado. Mas, antes de mais nada, as apresentações: nós somos parte, ou melhor 1 quinto da 2ª turma de Comunicação Social/ Jornalismo, que ingressou este ano na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).

Essa parte da sala forma o corpo “quase jornalístico” do blog Jota-I. Para cada dia da semana uma coluna atualizada. Seus colunistas são: Brunella França. Sua coluna “Ave Franklin” trata sobre política, Sylvia Ruth Ferreira de Oliveira busca sua Miriam Leitão interior ao escrever sobre economia em sua coluna "Eu Quero Ser Miriam Leitão". Diferente de sua "idala", ela não é tucana, pefelista muito menos idólatra de políticas colonizatórias.

Sobre polêmica, ninguém entende melhor que Jaqueline, nosso Diogo Mainardi de saias, sendo que ela escreve muito melhor que o citado “profissional” e não é vendida como tal, sua coluna é "O Que Irrita Jaqueline".

Natasha Saviero é a parte mais extrema da natureza experimental do nosso blog, tem seus artigos publicados sob o título de “Amarra Experimental”, nome esse devido à suas características pessoais (à primeira vista).

Os outros três dias serão ocupados pelas colunas de Simone Azevedo, atendendo pelo nome de “A Venenosa” (de sua coluna). Ela explomoverá sobre cultura em geral, em que, segundo ela, tudo é muito inferior ao funk. A parte literária fica a cargo da escritora Gabriela Zorzal e sua coluna “Paty Literária”, que leva este nome devido a frases do tipo: “quinta eu não posso, eu tenho cabeleireiro marcado!” saídas de sua boca. E por fim a coluna de quem vos fala, da qual você está preste a terminar de ler o primeiro artigo, o nome da coluna é “Inparcial”. Apesar do blog não ter superiores, como relata Sylvia Ruth Ferreira de Oliveira, eu Rafael Arcanjo Junior, atendo como editor desta modesta página da grande rede, que contará ainda com a editoria do leitor, atualizada todos os domingos (mande seu artigo) sendo a primeira semana reservada à nossa professora e apoiadora de Teorias e Práticas Jornalísticas, Daniela Zanetti.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Por que política?

“O homem é um animal político” Aristóteles.

POLÍTICA deriva do grego antigo πολιτεία (politeía) denotando procedimentos relativos a polis ou cidade-estado. É a mais antiga das atividades humanas e uma das mais importantes também.

Política é a ciência dos fenômenos referentes ao Estado, a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo. Concepção de Maquiavel em O Príncipe. Para vários pensadores e teóricos, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil. Para outros, o conhecimento ou estudo das relações de singularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder de um Estado e entre Estados. A maioria dos tratadistas e escritores se divide em duas correntes. Para uns, política é a ciência do Estado. Para outros, é a ciência do poder.

No uso trivial, vago e quase sempre pejorativo, política é tida como substantivo ou adjetivo, compreendendo ações, comportamentos, intuitos, manobras, entendimentos e desentendimentos dos políticos para conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um lugar nele: eleições, campanhas eleitorais, comícios, lutas de partidos, etc.

Presentemente, é comum pessoas falarem com orgulho que não gostam de política. Não posso culpá-las. É possível, porém, questionar esta postura.

Por que então uma garota de 19 anos, com liberdade de escolha, decide-se justamente por escrever artigos situados na temática POLÍTICA? As razões são muitas, mas tentarei expor aqui a essência delas.

Nós vivenciamos política o tempo inteiro, o que está ao nosso redor envolve a política. Política é poder de decisão, discussão, debate e deliberação, então todos nós somos políticos! Acredito sinceramente que pautamos as nossas relações inter-pessoais por decisões políticas. O modo de agir, de falar, de ser é moldado por cada um segundo seu interesse, desejo, grau de confiança no outro, mesmo que isso não seja pensado. Todas as vezes que emitimos uma opinião estamos na verdade praticando um ato político. Nossa opinião pode ser consensual ou divergente. Faz-se necessário, no entanto, que esta opinião seja respeitada.

É fato que o Estado serve à sociedade, e nós votamos naqueles que queremos que nos representem. Entretanto, como atuar ativamente nas decisões políticas, se sequer sabemos como ela funciona?

Acho que seja difícil separar política de posicionamento ideológico e, como jornalista, não é correto atuar como militante partidária, sob o risco de passar um raciocínio maniqueísta e unidimensional da vida e da cidadania. Devo, sim, reforçar a importância da política para a vida das pessoas, a importância da sociedade civil participar, em espaços públicos, da definição de políticas públicas, a importância dos partidos, a história de cada um. Bertold Brecht, num poema belíssimo, já dizia que o pior analfabeto é o analfabeto político. Por isso, POLÍTICA!

Quero convidar você a freqüentar este espaço livre, onde proponho um debate despretensioso do cenário político brasileiro e também geopolítico. Afinal, na Idade Mídia, vivendo a mais recente fase da globalização, não se pode fechar os olhos para o contexto internacional e achar que estamos imunes, dentro de uma bolha.

Este espaço é nosso! Sejamos todos bem-vindos!

domingo, 3 de dezembro de 2006

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Se ainda tivesse hímen poderia começar a história como a escritora, mas desde que conheci Rodolfo só posso dizer que acordei com dor de cabeça. E foi assim que acordei. Com dor de cabeça pesada de ter chorado a noite inteira.
E ele ali, esperando burocraticamente eu acordar para me avisar o que eu já sabia. Havia tempo, quase três semanas que ele terminara comigo, mas por puro egoísmo-e se não foi egoísmo foi covardia, resolveu me avisar naquela segunda-feira de chuva.
Não era que estava terminando, ia voltar, só precisava ficar um tempo sozinho. E que eu não me sentisse culpada, tinha sido perfeita. Ainda se eu soubesse o quanto ele me adorava... Mas ele precisava ir. E tampouco, ele, era culpado. Foram os astros, Rodolfo não acreditava em destino. Os astros, era certo.
Não quis me deixar ir embora, não antes de ter certeza que eu ia chorar. Me deu um pouco d`água e ficou ouvindo sádico o barulho dos meus dentes batendo no copo.
Pois deixei ele me ouvir chorar por cinco minutos cronometrados e só. Depois engoli as lágrimas salgadas da pipoca que acompanhou a comédia romântica de domingo.Eu não acreditei mesmo que o final era feliz.
Fui para casa escrever a matéria do jornal. A sugestão dele era que escrevesse sobre relacionamentos. Isso não faria. Era tão óbvio. E, além disso, eles achariam que sou uma mocinha piegas. Pois não sou mocinha, desde que conheci Rodolfo.




Natasha é estudante de jornalismo,não se importa com a regra do pronome oblíquo e escreve literatices aos sábados