domingo, 30 de dezembro de 2007

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Casamento


Toda vez que ela se mexia via a sombra da mochila arrumada e jogada no pé da cama. Não conseguia dormir, tinha sonhos esquisitos, presságios, sabe-se lá.Que mania! Resolveu que ia viajar de súbito e de birra. Já estava na idade de tomar suas decisões, como argumentou com os pais. Parou uns minutos antegozando o ‘não’ que daria combustível ao seu isolamento de mau-humor, às suas ceninhas sazonais, tão doce. Mas recebeu um sim, ora. Sim? Que diabos! Só precisava de alguém que decidisse que não por ela e era lá isso difícil?Chamava Gustavo, Gustavo. Sorte ter um amor que não vingou para recorrer. Era o único refúgio que tinha uma hora dessas. Todo mundo devia ter um amor desacabado que não há jeito.
Conferiu os itens da mochila umas vezes. Pensou que tinha que deixar o quarto arrumado, qualquer coisa. Que mania! Ninguém para dizer de uma vez que vá ou que fique. Que droga de machismo impregnado. Só se sai da casa dos pais para casar. Se fosse uma dessas viagens rápidas, um passeio com as amigas ainda vá lá. Mas uma doideira dessas, sozinha, com uma sombra de mochila que faz a gente revirar insone na cama, onde já se viu? Ela ainda precisava de alguém para decidir. Ninguém pode entender a agonia que é dispor da própria vida desse jeito. Tão novo que é, tão fresco! Como leite que aparece de repente num café da manhã onde o costume é suco de maracujá. Não se tira o suco de hora para outra como se fosse fácil suportar o leite. Leite tem cheiro que enjoa antes mesmo de colocar na boca. Agora já não podia mais desistir, ou podia?Tinha que tomar, ou não tinha? Precisava era casar, e rápido.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

Bate o sino
Pequenino
Sino de Belém.

Então vamos trabalhar.

Jota-i no mundo
Agora, no fim da página do nosso Jota-i de cada dia temos o sensacional mapa mundi que indica de onde vêm nossos queridos leitores. Se é que vocês entraram aqui voluntariamente, sejam bem-vindos, notícia fria e bebida quente é o que não falta. Para quem entrou sem querer, sinto muito, boa sorte da próxima vez.

Estava inclusive pensando em sugerir que o site provedor do mapinha colocasse a indicação de lugares pouco conhecidos do planeta, como o Maranhão, ou o Acre. Seria muito útil.

Massa Realmente Boa
Uma boa dica para quem acha que televisão só tem merda, é assistir merda de classe. Massaroca é o nome de um dos quadros do ótimo pocket cultural televisivo Metrópolis, programa da TV Cultura.
Arquitetado pela produtora de filmes Massa Real, o quadro apresenta de uma maneira, hum, inusitada o panorama cultural da semana. Alto nível.
O Metrópolis que começa às 19:30h, é diário, mas o Massaroca passa quinzenalmente às quartas-feiras. Mas você também pode assisti-lo no providencial Youtube, onde dá pra ver todos os vídeos quantas vezes você quiser, na hora que você quiser.

Ainda
O site Observatório da Impressa publicou um ótimo artigo sobre aquela pesquisa Datafolha que eu comentei no último post. Bom, na verdade não é exatamente sobre a pesquisa, mas sobre a repercussão - ou ausência - dela.
Como eu sei que você está atoa na internet, vale a pena dar uma lida.

Aliás
O Observatório da Imprensa é também um programa da TV Cultura, que passa toda terça-feira, às 22:40. Não é 30 nem 50, é e 40.

Por fim
Como não volto aqui antes do Natal, e talvez do Réveillon, felicidades pra todos vocês, especialmente para o povo deste blog, para ver se sobra tempo para eles darem o ar da graça deles por aqui.

Que essa alegria hipócrita, consumista e luminosa se torne algum dia verdadeira e que, assim, se estenda por todos os dias de todos os anos de toda humanidade.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

Agora, enfim...
... Podemos falar sobre economia. Essa matéria do "enfim" é o que eu chamo de excesso de boa vontade: o defeito da internet (muita informação).

Coisa de Cinema
Nos áureos tempos deste jeitoso blog (eu já escrevi coisas boas aqui), ainda nos idos do primeiro mês deste ano que já se encerra, o Governo Federal trabalhava com a lúdica possibilidade de uma elevação do Produto Interno Bruto tupiniquim em 5% neste ano 007. Os Octopussy(s) da vida preferiam 4,5%. Parecia Missão Impossível, mas o Brasil, Casino Royale (gênero: aventura), quebrou a banca e emplacou alta de festivos seis por cento. Bah, me superei!

E aí...
Os resultados da incrível e aterrorizante grande engrenagem chamada Economia, não tardam a brotar. Ainda no gás, logicamente, dos bons (ou satisfatórios, ou não-ruins) resultados dos últimos anos, o jornal diga o que quiser sobre ele Folha de São Paulo, revela hoje que 20 milhões de Brasileiros se livraram das inclassificáveis classes D e E. Eu penso: seu eu, na minha remediada classe B com "bê" maiúsculo, não consigo suportar minha miséria, os das D e E não vivem. Mas isso mudou para essa galera, que agora incha a classe C. Tipo o leite: tá no comércio, é vendável, mas ainda não chegou lá.

Pormenores que os menos desinteressados queiram ver, aqui.

CPMF, o quê fazer?
Mexer no superávit primário eles não vão, por que se não o povo de fora não vai receber muito bem esse "deslize". Vocês sabem, eles são muito sensíveis.

E o Democratras...
Se sentindo com essa arvorezinha infantil. Cada coisa! É tudo cobra trocando de pele. Quando eu crescer quero ser como o Democratas, que não tem vergonha na cara. "A força das novas idéias", com a astúcia das velhas raposas.

Um trecho do verbete deles na Wikipedia, a enciclopédia para curiosos da internet, merece destaque.

"O primeiro nome escolhido foi Partido Democrata, de sigla PD. Entretanto, decidiu modificar sua sigla para DEM e seu nome para apenas Democratas, já que a sigla PD (pedê) significa pederasta em diversos países da Europa".

Saquei.