quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

Efeitos colaterais

Eu não sei por quanto tempo eu vou ter que falar sobre o PAC. Se ele der certo, por pouco, se não der, por algum. O que vocês preferem?

E tem gente que anda prevendo efeitos colaterais. Os governadores não estão satisfeitos com a queda de impostos, o que diminuirá a entrada de dinheiro nos estados, e como já tem gente sentindo a dor de cabeça que será fechar as contas no azul, o número de estados inadimplentes deve aumentar.

Tem também a mexida no FGTS, que deixou alguns em cólicas só de imaginar o risco que pode ser o Estado botar a mão no Fundo.


A parte que nos toca

E o que há de acontecer no Espírito Santo com o PAC?

O filho pobre da região sudeste deve receber dinheiro para reforma da BR 101. Quando ficar pronta, uma concessionária deve ser instalada no trecho da divisa com o Rio de Janeiro até a Ponte Rio-Niterói – isso mesmo, pedágio. Além disso o porto de Vitória deve ser reformado. É, Paulo Hartung vai entrar no hall de governadores que reformaram o Porto.

A finalização do aeroporto está garantida. A capacidade deve aumentar para 2,1 milhões de passageiros por ano, além disso o PAC apresenta a criação de um novo terminal de cargas, que ao meu ver, estava fora do projeto inicial, e deve aumentar o transporte de mercadorias pelo ar.

Quanto à energia, já está em implementação a Usina Hidroelétrica Baguarí – Rio Doce. Com capacidade de 140MW, o início de suas operações está estimado para 2009. Já em relação ao gás natural, projeta-se um aumento da produção até 2010 de 18,4% milhões de metros cúbicos/ dia. Um gasoduto ligando o nordeste ao sudeste do país, passando por aqui, já está em introdução, o que facilitará o transporte do produto.


O que o estrangeiro vê

Analistas que prestam serviço a investidores estrangeiros, sempre cautelosos com a economia brasileira, acreditam que nossas terras tupiniquins ainda são um bom lugar para botar um dinheirinho. Dois fatores principais favorecem o investimento no país: a mais alta taxa de juros do mundo (mesmo com a queda progressiva da Selic) e o mercado de capitais extremamente favorável. Estes e outros fatores fazem despencar o nosso Risco País, medido pelo respeitadíssimo banco-guru JP Morgan, aumentando ainda mais o olho de quem quer botar dinheiro aqui.

O conselho é que os investimentos sejam feitos em real, a longo prazo. O que evidencia o valor que a moeda brasileira anda agregando lá fora.

Mas todo investidor, especialmente o norte-americano, está de olho também no Fed, o banco central dos EUA, que deve manter a taxa básica de juros em 5,25%, com manutenção do mesmo índice, até meados deste ano, no mínimo durante o primeiro trimestre, quando, caso tudo esteja bem, deve haver algum corte. E esse corte muito nos interessa, já que se a taxa de juros deles cai, quer dizer que a economia mundial vai bem, o que incentiva o investimento, e como investir em economias emergentes é a bola da vez, isso é muito bom pra nós.

Mas também há o que afugente aplicações. Não se espera que o nosso gasto público diminua, já que o governo não sinalizou muito bem como essa diminuição pode ocorrer mais intensamente, o que atrapalha as contas públicas e diminui o superávit primário.

Lembrando que o superávit primário do setor público em 2006 fechou num patamar superior a meta estabelecida, de 4,25% do PIB. O saldo positivo de 4,32% é bom, mas ainda tem como ser muito melhor.

Sidney Sheldon sempre será um mestre! Por BruneLLa França.

Com Sidney Sheldon, confesso que vivi.

Estou me sentindo órfã. Órfã do pai que me levou pela mão para o universo da leitura. Escutei a notícia incrédula: aos 89 anos, morreu hoje nos EUA o escritor Sidney Sheldon. Eu não queria acreditar que fosse verdade. Todos podiam morrer, Sidney Sheldon não!

Fui apresentada a ele pelas mãos de uma amiga, que me fez querer descobrir o que havia Do outro lado da meia-noite. Apaixonada pelo jogo narrativo proposto pelo mestre, quis mais. Eu precisava saber o que ficara para trás nas Lembranças da meia-noite. Depois, fui conhecer em A outra face o primeiro romance daquele que já me fascinava. Juízo final foi meu próximo passo. E eu não descansei enquanto não soube o que estava Escrito nas estrelas, nem o que contavam As areias do tempo. Não foi fácil descobrir tão cedo que Nada dura para sempre. E os dias nunca mais foram os mesmos depois de Manhã, tarde e noite.

Um apelo de Sid – sim, é com essa intimidade de filha que conhece todas as obras do pai que me refiro a ele – não passou despercebido por mim na vitrine da livraria: Conte-me seus sonhos. Não pude ficar indiferente ao chamado para desvendar O reverso da medalha. Assim como não contive a curiosidade de mergulhar em O plano Perfeito.

Foi com um pouco de medo que depois se tornou paixão, confesso, que soube encarar A ira dos anjos. Foi mais de fascínio que de outro entendimento minha ida em direção a O céu está caindo. Um capricho dos deuses demorou pouco em minhas mãos - como, aliás, nenhum de sesu livros em minhas mãos se demora, mas em minha mente se eterniza. Meus olhos sempre se recusavam a deixar as linhas escritas com tanta genialidade para se renderem ao sono ou a qualquer outro apelo, que não os do livro. Pouco depois, Sid me fez enxergar Um estranho no espelho.

A herdeira encantou-me de imediato, assim como Se houver amanhã. A possibilidade de não haver um amanhã nunca me assustou. Assustava-me o fato de haver um amanhã sem Sheldon. Não posso negar que tive um arrepio ao contemplar Quem tem medo do escuro? Descobri que do escuro de Sid eu tinha medo!

Nosso último contato foi o mais profundo. O outro lado de mim. As memórias daquele meu pai das letras me levaram a lágrimas, risos e uma admiração ainda maior. Nunca liguei para o que críticos diziam. Eu amava Sidney Sheldon. Foi ele quem me fez decidir a profissão a seguir quando tive que encarar meu vestibular. Não foi difícil para ele ter-me feito apaixonar pela profissão de Dana Evans, a jornalista. Aliás, não é nada difícil se apaixonar por tudo o que ele escreve. Sid é uma espécie diferente de Midas. Ele é capaz de transformar palavras em ouro!

Sempre que lançava um novo romance, os jornais – em especial os estadunidenses – o saldavam assim: Sidney Sheldon é um mestre! Nada mais justo. Infelizmente, chegou o dia em que haverá o amanhã sem ele. Mas ficarão eternamente as memórias de todos os momentos que vivi com ele, e foram muitos e intensos – assim como seus romances. Seus livros ficarão. Sua genialidade ficará. Sidney Sheldon sempre será um mestre!

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Aborto: uma questão de necessidade.

Lúcia está com medo. Angustiada, espera sua vez na sala apertada e fria de uma clínica clandestina. O lugar está cheio. Adolescentes, jovens, mulheres. Cada uma com seu motivo para estar ali. Lúcia, com apenas 16 anos, foi estuprada pelo pai. Engravidou. A idéia de gerar esse filho era abominável para ela. Decidiu-se por abortar. Não pôde recorrer ao SUS nem pagar por um serviço melhor. Uma mulher chama seu nome. Lúcia entra na sala de cirurgia, de onde não sairá com vida.

O aborto não é um direito desejável, é um direito necessário. Apesar de toda conotação religiosa que ainda permeia a questão, ela deve ser entendida como um problema de saúde pública. Afinal, o aborto mal feito figura entre as principais causas de morte de mulheres no país. São 50.000 a 100.000 mortes por ano, além de mais 240.000 brasileiras que recorrem aos serviços públicos de saúde devido a complicações posteriores a um aborto inseguro. A média mundial de mortalidade materna provocada por abortos mal feitos é de 13%. No Brasil, é o dobro.

Desse modo, é fundamental uma revisão na arcaica legislação brasileira que aborda o assunto, para que o Estado tenha respaldo legal para cumprir com seu dever de assegurar o bem-estar a seus cidadãos. Hoje, a lei está focada na punição à mulher que aborta.

Na sociedade civil organizada já se percebe uma certa aceitação da descriminalização do aborto. Jornalistas, magistrados, pessoas ligadas a projetos de assistência social às mulheres defendem o direito à opção. Podemos comprovar tal fato analisando decisões judiciais favoráveis à interrupção de gravidezes concedidas em casos que apresentavam ameaça à vida da gestante ou má-formação fetal incompatível com a vida fora do útero.

Da mesma forma que alguns segmentos defendem o direito à vida do feto, defendemos aqui o direto à vida das mulheres e sua possibilidade de escolha entre abortar ou não. Quantas outras Lúcias mais morrerão até que impere o bom-senso no Legislativo?


Obs.: Embora muitos tenham medo de falar do assunto, a colunista que vos escreve achou por bem entrar na polêmica e deseja comentários daqueles que também estão dispostos a discutir o aborto fora da órbita dogmática da religião.


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Enquanto isso, no Planalto Central...

O recesso parlamentar está chegando ao fim. E a principal pauta do Congresso são as eleições para a Câmara e para o Senado. Nada de debates sobre reformas. Nenhuma conversa sequer que aborde os termos Reforma Política. Ao que parece, a queda da cláusula de barreira sepultou também o assunto.

Na Câmara, a disputa pela presidência tem tudo para ir ao segundo turno. Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) são os candidatos que estão à frente. Logo atrás, Gustavo Freut (PSDB-PR) não aparece com muitas chances de chegar ao provável segundo turno. Se o segundo turno acontecer, as chances de Aldo Rebelo se reeleger serão bem maiores. A candidatura de Chinaglia não tem a simpatia dos dissidentes da terceira via.

No Senado, PMDB e PFL vão disputar o cargo de presidente. Mas, por lá as coisas parecem mais definidas. Com a maior bancada da Casa, a presidência deve ficar mesmo para o PMDB.

Quinta-feira é o dia da decisão. Resta-nos aguardar e acompanhar as últimas movimentações dos candidatos.


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A Capitania de Vasco Fernandes Coutinho.

A eleição para a presidência e a composição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Espírito Santo ganha contornos de conclusão. O objetivo é que haja apenas uma chapa na eleição de quinta-feira. A chapa deve apresentar Guerino Zanon (PMDB) para presidente. Os cargos de 1º e 2º secretários estão em negociação. Paulo Foletto (PSB), Cláudio Vereza (PT) e Carlos Castiglione (PT) estão cotados para as vagas.

Essa articulação, como vem sendo feita, visa a acabar com as resistências dentro da Assembléia e eleger uma Mesa Diretora condizente com a vontade que vem das ruas. O Palácio Anchieta, o grande articulador do processo, garante, nesse panorama, o apoio político da Casa para o segundo mandato de Hartung.

Vale lembrar: o PT ainda não desistiu de lançar uma chapa concorrente para as eleições. A decisão final será conhecida por nós quinta-feira.

Espero que a nova Mesa Diretora continue o processo de moralização da Assembléia Legislativa. O eleitor deu sua resposta nas urnas, promovendo renovação, e exige dos deputados uma resposta positiva. Tomara que os escândalos de corrupção e pizzas de impunidade tenham ficado, definitivamente, para trás!

domingo, 28 de janeiro de 2007

Dia do Leitor. Hoje por Penélope de Odisseu

Inocência perdida

Penélope de Odisseu


Tantos beijos ofereci, tantos poemas escrevi

Eu fiz tudo pra você me amar

Fui bandida, bruxa, santa, noviça

Rebeldia é não querer ser só um bem-querer

Libertina, você me fez sentir as entranhas arderem

Queimou a minha pele com o hálito frio do seu puro bem-querer gostar de amigo

Arranhando na garganta

Pula, salta, corre, sussurra, grita

O nó da inconsciência solta, burra, louca

Inquieta pela vontade insana

Medo, solidão, estagnação apática de uma despedida frígida

A tua boca sôfrega me come

Mas teu coração vazio me cospe

Enquanto meu peito arde, queima

Rubra, rosa, verde

Explode em cores mil

Teu semblante vil

Cafajeste, vigarista

Afoga o brilho do meu brio

Ladrãozinho indigno

Mente, rouba, destrói o calafrio ingênuo do meu estômago

É a insolente luxúria que invade e suga a fêmea floresta de desejo aprisionado

Alforria esta alma

Meu ventre é livre

A virgem dos lábios de mel deu pra alguém

Eu não dei

Só pra você

Feminista, modernista, anarquista

Você me vê como a vândala dos teus pesadelos

Suor, lágrimas, saliva

Tenho seios, útero, óvulos

Dignidade

Tenho orgasmos e não te espero para gemer mais alto

Alquimia, sou a feiticeira que tentou te embalar com a magia do amor

Mas toda noite me procura

Sou a prostituta do teu desejo ateu

Você estupra a santidade do desejo que antes do contato profano era o mais puro sentimento

Como um coro de anjos

De anjos a demônios

Deram-me a maçã proibida

Estou consciente

Tirei a venda que colocaste em meus olhos

Seus beijos ardentes fizeram-me fechá-los, gemendo...

E minhas pernas vadias te cercavam...

Hormônios irracionais

O teu instinto animal me consumia

Angustia negra é o que resta

Apenas o teu carinho eu quis

Enquanto me possuía

Desceu pelo ralo minha inocência perdida com o sangue do hímen que escorre pelas minhas pernas

Pague a conta desse motel imundo

Eu vou embora.

sábado, 27 de janeiro de 2007

A Venenosa por Simone Azevedo

Um pouco de realidade não faz mal a ninguém

Na sociedade de consumo em que vivemos, os apelos que a publicidade e a propaganda são capazes de fazer aliados à alienação promovida pelos veículos de comunicação de massa e a deseducação da maioria dos subcidadãos brasileiros, é criada, desenhada e pintada com lápis de cor uma realidade de glamour, induzindo-os a canalizar esforços no sentido de adquirir as mercadorias e, com elas, as promessas de acesso mais fácil ao prazer e ao poder.
Essa idealização do consumo leva o individuo a se submeter aos valores sociais dominantes e não a questioná-los, aceitando assim, as desigualdades sociais como coisa natural. E ao invés de desejar modificar a sociedade, ele se lança de corpo, mente e alma a tarefas individuais de promoção pessoal.
É com o intuito de contribuir com a transmissão de um pouco da nossa realidade real que eu mudo a temática da coluna dessa semana. Arte e cultura é essencial para desenvolver a capacidade intelectual e, conseqüentemente, crítica de um cidadão. Entretanto, não é nesse mundo cor-de-rosa das artes no qual está inserida a maioria da nossa população. E se quisermos que um dia ela esteja, é necessário, antes de qualquer coisa, devassar a realidade real e conscientizar o povo de que vivemos uma realidade irreal. Em outras palavras, abrir-lhes os olhos.

Todos feitos da mesma argamassa, porém...

Somos todos biologicamente iguais. Feitos de carne, ossos e sangue. Somos, portanto, constituídos pela mesma argamassa. E quando se trata da saúde, ricos e pobres estão sujeitos a sofrer dos mesmos males. Desidratação, problemas digestivos, carência de minerais, estresse, intoxicação, desnutrição, fome e não- utilização de remédios são realidades que atingem todos os seres humanos independente da etnia, religião, ideologia política ou classe social.
Os motivos, porém, de tantos males são muito diferentes, bem como são outras as terapias indicadas e bem inferior a qualidade dos serviços médico-hospitalares disponíveis para a grande maioria da população.
Para esta grande parcela de desprivilegiados, a desidratação não é causada por excesso de sol tomado nas piscinas e praias ou pela idade avançada. Muito menos os problemas digestivos se devem à alimentação rica em gordura, açúcar, refrigerante e fast foods.
Também não é por descuido com a escolha dos alimentos, preterindo vegetais e frutas em favor de massas, frituras e doces que grande parte do povo brasileiro sofre de subnutrição e desnutrição. A fome que sente não é a mesma que tortura os que fazem dietas alimentares em busca do corpo perfeito.
Quanto ao estresse, não são frustrações amorosas e preocupações com as cotações do dólar que o provocam, e se remédios não são utilizados é por falta de quem os receite ou dinheiro para comprá-los.
“Mas para quê remédios, se para combater problemas digestivos, intoxicação, carência de minerais e desnutrição, basta ter uma alimentação balanceada e realizar atividades físicas regulares?” “E quanto ao estresse, pra quê se entupir de remédios se alguns dias de férias no campo ou excelentes clínicas de relaxamento, os SPAs, podem resolver o problema?” “E para a desidratação existem os ultra-mega revolucionários protetores solares de última geração a venda nas melhores drogarias do país.”
Essas são as sábias recomendações dos mais conceituados médicos, nutricionistas, psicólogos, publicitários e empresários.
Entretanto, como dizer a um operário que recebe um salário mínimo, que ele precisa manter uma dieta balanceada e praticar atividades físicas regulares? Logo ele que está acostumado a correr e transpirar quando se movimenta de casa para o trabalho e quando tem que esticar o arrochado salário que compra o insuficiente necessário para não morrer de fome? Como dizer a este operário que há vários SPAs que oferecem massagens e saunas relaxantes que fazem o estresse desaparecer como num passe de mágica? Logo esse subcidadão que só tem condições de ser atendido (e nem sempre é) pelo defasado, ineficiente e inoperante Sistema Único de Saúde (SUS)? Como dizer a esse humilde operário que para combater as manchas e sardas que se proliferam em seu rosto e braços e proteger a pele do ressecamento e evitar o câncer, ele precisa usar um protetor solar, e sobretudo, evitar a exposição ao sol? Logo esse trabalhador que precisa labutar durante horas e mais horas sob o sol a pino, sem ter a menor condição de escolha sobre isso, sem ter alternativa?
Como dizer que somos todos iguais porque somos constituídos pela mesma argamassa, se só alguns, poucos, receberam acabamento, e os outros, muitos, permaneceram construções inacabadas?

Glossário crítico

Arrochado: curto; pequeno; apertado; insuficiente; irrisório; ridículo; vergonhoso; piso (subsolo) salarial dos jornalistas.
Arte e cultura: importante e supérfluo.
Cotações do dólar: preocupações de rico.
Deseducação: desconhecimento; ignorância; ausência de instrução; precariedade no sistema educacional brasileiro; o que se aprende (desaprende) nas escolas públicas.
Fome: preocupação de pobre.
Publicidade e propaganda: ilusionismo da palavra; malabarismo da verdade; nó em pingo comercial.
Realidade irreal: sociedade do consumo; prazer individual; glamour; Shoping Praia Costa; Malhação; novela das oito; Sandy e Jr.
Realidade real: miséria; fome; fosso social; desemprego; indigência; prostituição infantil; violência; favelas; corrupção; mensalão.
Subcidadão: um cidadão que não exerce sua cidadania plenamente; cidadão de papel; cidadão de segunda classe.
Salário mínimo: esmola; mecharia; ninharia.
Veículos de comunicação de massa: meios de lavagem cerebral, desinformação e emburrecimento; Jornal Nacional; a grande mídia.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Amarra Experimental por Natasha Siviero

Natasha de volta.E com notícias da Bahia.


Itacaré,

Quarenta minutos de trilha para chegar na praia onde o rio Jeribucaçu deságua no mar.Os poucos que encararam a caminhada aquele dia estavam na água:é o surf que justifica as longas subidas.Para mim,porém,a perspectiva de praia vazia e rio quente pareceram suficientes.
Quando eu cheguei ao rio, meu pai e minha mãe conversavam com dois miúdos locais e riam. Papai me explicou que eles cobravam dois reias para levar os turistas até a Cachoeira da Usina e quis ser engraçadinho:

_Presta atenção, filha. Eu vou pagar os dois reais e seguir Romário.Você me segue.Não vale olhar pra ele, senão terá que pagar também.
E o menino respondeu rápido. Era esperto e baixo. Devia ter uns 10 anos.
_Olhe se eu ia cobrar pra levar menina bonita...
_E ainda de zóio azul_ complementou o outro pequeno, de nome João, sem descuidar os olhos dos peixes que passavam no rio.
_Então fica acertado _disse meu pai,sem o menor interesse real de levantar do rio e se aventurar na caminhada.
_Fica. Só precisamos decidir quem levará o senhor.

Papai propôs uma brincadeira: faria uma pergunta e quem respondesse mais rápido seria o contratado. E foi assim:

_Somos oito pessoas e vocês cobram 2 reais pra levar cada uma.Se eu fosse pagar pra todo mundo,quanto eu daria a vocês?

Ninguém respondeu. Meu pai simplificou. 8x2.

Enquanto João respondia números absurdos sem parar, Romário mantinha a cabeça submersa, como quem não estava ouvindo.

_8x2.

E passou outro pequeno, ainda menor. Com a cueca sobrando por toda a perna:roupa do irmão mais velho!
_Se esse ai não sabe nem ler...

João, o mais moreno, e o mais novo continuaram a brincar. Contentes e resignados, como costumam ser os irmãos mais novos, com a vida e a roupa herdada. Contavam que a praia era o destino certo da garotada todos os dias.
Um peixe grande passou, fazendo os meninos gritarem por Romário, que estava já na outra margem do rio.Sentado, com seu calção novo e justo,não deu ouvido aos miúdos.Ficou com sua dor, que eles não puderam entender.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

¨*Dica da Patty Literária¨*

Hoje a dica não é bem minha, não.
Na verdade a dica é da Aline Dias, mas eu assino em baixo com minha caneta de gel e glitter rosa choque, com certeza!
Queridos leitores, não quero que pensem que essa semana eu marquei salão mais vezes que o normal (apesar de isso não ser uma má idéia) ou passei tardes e mais tardes no shopping e não tive tempo de me dedicar a coluna mais rosa do nosso blog! Não mesmo. Porque eu deixo de fazer tudo pra escrever pra vocês - menos a unha, gente, pois é muito difícil conseguir horário numa manicure tão boa.
Mas hoje vamos ter o prazer de ler um texto da Aline!
É só saborear!


Foi uma boa aula. O humor de Gregório de Matos, por alguns minutos me fez esquecer o meu próprio mau-humor. Na verdade, eu não queria estar dando aquela aula, e queria ter tido uma boa noite de sono. Eu passei boa parte da noite chorando. Foi a primeira vez na vida que eu passei noite em claro por paixão. De fato, foi produtiva minha noite. Poemas de dor-de-cotovelo surgiram feito lágrimas. Eles brotavam aos montes pelos meus poros.
Acordei inteira graças aos poemas. Duas horas de sono pra agüentar duas horas de aula.
Meu aluno não gostava de poesia. Naquele dia, o meu desafio era maior que enfiar gramática goela a baixo de um garoto que não gosta de estudar. Eu tinha que fazê-lo perder o medo da poesia. Ataquei com Oswald Andrade e seu humor moderno, pra começar. Fui mais a fundo, o porquinho da índia de Manuel Bandeira tinha interpretações engraçadíssimas. Meu aluno começava a se interessar e eu voltei à apostila. Um texto de não-sei-qual-autor-que-estava-de-mau-com-o-mundo, ele entendeu a poesia e ainda brincou com a raiva do poeta. Joguei Gregório de Matos. A Bahia é insuperavelmente cômica na voz de Gregório. Por fim, quando ele já gostava de qualquer poesia, declamei um poema só pra mim. Dirceu falava pra Marília o que eu queria ouvir. E as minhas lágrimas da noite dançavam com Dirceu. E eu me sentia estrela, Marília bela, no poema que eu mesma lia. O cajado era meu, Dirceu tocava a sanfoninha e fazia versos; a poesia era minha. Eu era mais que musa. Eu era feito papel. Passava à frente o gosto pela poesia com gosto de poesia. E o meu mau humor foi embora feito o pasto comido pelo gado de Dirceu.
E as horas passaram, o aluno disse que aprendeu.
Cheguei em casa precisando comer Bandeira. Quero Bandeira de volta. Quero Libertinagem e Estrela da Manhã.
Foi uma boa aula, mas eu preciso dormir.

Beijinhos purpurinados da ¨*Patty Literária¨*
E obrigada pelo texto Aline! =D

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Quero Ser Miriam Leitão. Por Sylvia Ruth

Um, dois, três e PAC!


Na última segunda-feira o governo apresentou o tão esperado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que promete investimentos suntuosos em infra-estrutura, além da facilitação do investimento privado e aperfeiçoamento do gasto público. Esse aguardado filho de Lula chega para nortear as ações econômicas do governo nos próximos quatro anos e para engatilhar novos investimentos privados.

Ainda é cedo para dizer se o PAC vai funcionar mesmo. Mas que o programa é bom, é. E a maior parte desses investimentos vai para infra-estrutura (R$ 503,9 bi), o que faltava a muito tempo no país. Os gastos são bem divididos: logística (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias); energia (geração e transmissão de energia elétrica, petróleo e gás natural e combustíveis renováveis); e infra-estrutura social e urbana (saneamento, habitação, transporte urbano, Luz para Todos e recursos hídricos).

A reforma e construção de novas estradas ainda vai beneficiar a agricultura, que alguns falaram que foi deixada de lado no projeto. Na verdade, investir na reconstrução da malha rodoviária e na difusão de alternativas de transporte é fundamental para engrenar não só a agricultura, mas toda economia.

A lógica é simples: boas estradas facilitam o escoamento da produção, diminuindo o gasto com transporte, o dinheiro que sobra pode ser investido na ampliação dos negócios, aumentando a produção, incentivando a contratação e diminuindo o desemprego, então aquele que estava desempregado se torna uma nova força produtiva ativa, que vai consumir mais e melhor, aumentando a sua qualidade de vida e da sua família, etc, etc, etc. É lógico também que toda essa transformação é lenta, mas acontece.

Além disso. Se as estradas são boas e bem sinalizadas, depende só do condutor comum ser cauteloso, para que diminuam os acidentes de trânsito. E aí, o que você investe em melhoramento das estradas, é o que você não precisa investir em saúde amanhã, por causa de acidentes de trânsito – sem contar os gastos com previdência se a pessoa fica incapacitada de trabalhar, seja por algum tempo ou pelo resto da vida, ou até mesmo se a pessoa morrer, o que é uma força de trabalho a menos.

Quanto aos investimentos em energia, não há o que falar. Ontem a noite, o presidente dos EUA, George W. Bush, mostrou que até os norte-americanos estão interessados em se desprender do infame ouro negro. Enquanto aqui no Brasil do trintão Pró-álcool aliado ao Bio-diesel já está mais que claro que os dias de soberania do petróleo estão contados.

Com mais capacidade energética, o preço da energia cai, e o preço dos produtos também. Valorizar o gás natural brasileiro é não se deixar vulnerável pelos problemas do gás boliviano, o que tranqüiliza investidores. Fontes menos agressivas ao meio ambiente são um grande investimento em longo prazo, que beneficiam o planeta todo.

Sobre a infra-estrutura social e urbana, é muito positivo ver que o saneamento entrou na pauta, afinal, investir em saneamento é investir em saúde. O que você investe em tratamento de água e esgoto hoje, é o que você não precisa investir em tratamento de doenças amanhã.

Em habitação, com uma casa boa (e própria) a pessoa se livra do aluguel. O que ela gastava com ele, pode gastar comprando uma televisão de plasma de 71’ polegadas, uma câmera digital melhor que a Tecpix, um Ipod de 80GB, ou simplesmente oferecer melhores condições de estudo para seus filhos.

Mas a maior polêmica desse pagode todo é sobre o FGTS, não sei se por incompetência dos nossos queridos colegas de trabalho jornalistas, que não cansam de falar sobre o que não sabem e acabam fazendo polêmica, afinal quem é que vai pagar o salário deles? Sinceramente, eu não entendi direito essa história, talvez porque cada fonte diz alguma coisa (geralmente bem diferente umas das outras), e como eu não sou doutora no assunto, eu não sei em quem acreditar.

Mas vamos esclarecer uma coisa: quem entrou com o pedido de anticonstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal foram três centrais sindicais: a Força Sindical, a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, e não todos os sindicalistas do país. Até porque os trabalhadores também têm participação no Conselho Curador do Ministério do Trabalho que determinou as modificações do FGTS – inclusive a Força Sindical que, segundo informação do site da Central Única dos Trabalhadores (CUT), não havia sido contra a decisão.

Então, caro leitor, vou botar aqui o link para uma reportagem do site do Ministério do Trabalho, a favor da medida e outro da Força Sindical, que mostra o outro lado. Você faz unidunitê e escolhe quem tá certo, okey?

Agora sério. O plano é bom, tem tudo pra dar certo, embora não seja perfeito. Não sou eu nem a Miriam Leitão quem vai dizer se o plano vai funcionar, isso fica a cargo do tempo. O importante é o governo conseguir a confiança necessária pra articular o que precisa ser articulado pras coisas funcionarem direito, já que não adianta tomar um Danone Activia sem manter uma dieta saudável e hábitos regulares. O plano sonha alto, e quanto maior o tanto, pior o tombo. Então, que o PAC dê certo e eu não precise ficar aqui criticando o que pode transformar o nosso país.

O que Irrita a Jaqueline. Por Jaqueline Mainardi

A dominante ideologia burguesa

“Vai trabalhar vagabundo.” Qual o discurso inscrito nesta frase? De que pressuposto partimos para compreendê-la?

Esta curta frase que encerra apenas quatro palavrinhas é substancialmente longa em sentido. Quando a lemos, conceitos, valores e arquétipos adquiridos ao longo de nossa formação social agem de modo a dar-lhe um amplo sentido. Imediata e involuntariamente associamos todo indivíduo que não trabalha a uma condição de vagabundagem, improdutividade. E, associamos ainda o trabalho a um modo digno de adquirir respeito e consideração dentro do convívio social.

Essas concepções fazem parte da ideologia burguesa. Uma ideologia que, por ser dominante na sociedade capitalista na qual vivemos, sobrepõe-se sobre as demais.

O que mais irrita a Jaqueline é saber que vivemos uma realidade aparente, uma falsa realidade. Mascarado sobre os ideais de liberdade e igualdade, o capitalismo, maior expressão do modo de vida burguês, financia-se da exploração tal como em um sistema escravista.

Teoricamente, do ponto de vista burguês, a relação de trabalho é uma troca entre indivíduos livres e iguais e o salário é o pagamento de um trabalho realizado. Entretanto, ao analisarmos a fundo a essência dessa troca “livre e igualitária”, veremos que, ao vender não o seu trabalho, mas sim a sua força de trabalho, ou seja, o ato de produzir, o trabalhador não recebe o valor integral pelas horas de produção, mas sim uma parte, muitas vezes ínfima, e o excedente não-pago é o sobrevalor do qual o capitalista se apropria. Esse sobrevalor é o que vai originar o lucro. Alem disso, necessitando desse valor pago para sua sobrevivência, o trabalhador se vê atrelado ao seu empregador, o que não deixa de ser uma espécie de dependência.

Onde estão a “liberdade e a igualdade” expressas tão ardorosamente pelos privilegiados defensores do modo capitalista burguês de produção?

O que vemos, pois, são relações de exploração que aparecem como troca, opressão como igualdade e sujeição como liberdade.

A Jaqueline está irritada. A Jaqueline está furiosa. A Jaqueline está possessa. E sabem o que mais irrita a Jaqueline? É saber que grande parte dos leitores deste artigo, filhinhos de papai, burgueses, que não precisam enfrentar jornadas desumanas de trabalho para receber um pagamento miserável que mal dá para comer dignamente, irão ler, pensar um pouco a respeito, sensibilizar-se, concordar com quase ou tudo que está escrito aqui e voltar à sua confortável, agradável, privilegiada e cor-de-rosa rotina sem levantar uma palha para mudar essa situação.

Isso irrita muito a Jaqueline Mainardi.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Um olhar sobre o mundo islâmico contemporâneo.

O Islã é a religião predominante nos países sarracenos e a cultura muçulmana é o fundamento histórico das sociedades arábicas. O mundo árabe, porém, se define pela língua, não pela religião. Afinal, o número de islâmicos não árabes é bastante considerável.

Assim sendo, o Corão/Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, constituiu o alicerce da unidade cultural dos árabes, pois promoveu a difusão de uma língua comum. No Oriente Médio e a na África do Norte, o árabe corânico proporcionou a fusão étnica de centenas de clãs e tribos antes separadas por dialetos e costumes diversos. A influência da língua se estende por todo o mundo islâmico, visto que as principais orações islamitas devem ser pronunciadas em árabe.

Os números são impressionantes: a religião islâmica abarca mais de um bilhão de fiéis no planeta. Atualmente, é a religião que mais se difunde no globo. Esse grande crescimento é devido às elevadas taxas de natalidade nas regiões médio-oriental e setentrional africana. O mundo muçulmano abrange territórios, de leste a oeste, desde o Senegal, na África ocidental, até as Filipinas, nos limites do Oceano Pacífico. E, de norte a sul, desde o Cazaquistão, na Ásia Central, até a Tanzânia e a Indonésia, nos dois lados do Oceano Índico. Fora dos limites do mundo maometano, há significativas minorias islâmicas na Índia e na Europa.

Para compreender o Islã, é preciso saber diferenciar o mundo muçulmano do mundo árabe. Essas expressões têm sido utilizadas como sinônimas, com certa freqüência, nos meios de comunicação. Estão longe, entretanto, de constituírem exatamente a mesma coisa. Esses dois mundos configuram conjuntos geopolíticos e culturais parcialmente superpostos, porém, distintos. O mundo muçulmano é muito mais vasto que o árabe. É interessante ressaltar ainda que os países com maior população islâmica não são árabes: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh.

Além disso, deve-se ponderar também que apesar de profunda unidade básica, a religião se divide em várias seitas. As mais importantes, tanto do ponto de vista demográfico quanto do político, são a Sunita e a Xiita. Os sunitas constituem a imensa maioria do islamismo. Eles consideram que a fonte essencial para a lei islâmica é a Suna, a compilação da vida e do comportamento do profeta Maomé. A minoria xiita, por sua vez, acredita que só os membros do clã do profeta poderiam liderar os muçulmanos. Ao contrário dos sunitas, que não atribuem qualidades divinas ao líder religioso, os xiitas atribuem ao imã uma proteção sobrenatural contra o erro e o pecado.

É fundamental observar ainda que os preceitos do maometismo não prevêem a separação entre religião e política. Logo, todos os muçulmanos constituem uma só nação: a comunidade dos fiéis, em árabe, umma. A unidade entre as esferas política e religiosa manifesta-se no plano jurídico. Segundo a tradição, o corpo de leis das sociedades muçulmanas deve se assentar na Sharia, que condensa os princípios religiosos sob a forma de legislação civil.

Outro tópico que merece análise dentro do mundo do Islã é o fundamentalismo religioso, que emergiu do vácuo criado pelo insucesso do pan-arabismo. O esgotamento desse projeto de unificação do mundo árabe deveu-se, em grande parte, ao fracasso da modernização econômica, que não foi capaz de amenizar as profundas desigualdades sociais e s pobreza nas sociedades árabes. Mas, sobretudo, revelou que o mito da nação árabe não tinha força suficiente para sobrepujar os interesses geopolíticos divergentes dos Estados árabes.

O objetivo dos fundamentalistas é a restauração da umma, ou seja, recuperação das glórias de um passado mítico. Nesse contexto, a humilhação política, gerada pelas derrotas árabes frente a Israel, e a pobreza econômica funcionam como seus motores. O Ocidente é o inimigo, representado pelos Estados Unidos e, regionalmente, por Israel.

O islamismo político contemporâneo disseminou-se no Oriente Médio e na África do Norte sob a forma de partidos e grupos oposicionistas, associados a redes de caridade religiosa. Desse modo, o renascimento fundamentalista não é um fenômeno inerente à religião islâmica ou à cultura muçulmana. Sua dinâmica está conectada ao fracasso do pan-arabismo, aos ressentimentos criados pela política internacional da Casa Branca e ao conflito nacional entre israelenses e palestinos.

Por conseguinte, a hegemonia militar dos estadunidenses na região médio-oriental, reforçada e atualizada pela invasão no Iraque, em 2003, não pode suprimir o fundamentalismo religioso. Ao contrário: tende a conferir audiência ainda maior, nas sociedades árabes e muçulmanas, aos novos “guerreiros da fé”.

Constata-se, portanto, que o Islã tem sido utilizado como uma resposta às políticas imperialistas internacionais no Oriente Médio. Já o fundamentalismo islâmico, por sua vez, surge como uma resposta à ausência de possibilidades de negociação para as questões políticas e sociais regionais. Relacionando-se, ainda, à leitura literal do Corão/Alcorão, e aplicando-a, inclusive, às questões políticas.

sábado, 20 de janeiro de 2007

A Venenosa por Simone Azevedo

Saio de casa para contemplar o mar. Na verdade estou adiando o momento de escrever esta crônica.
O prazo da publicação me assusta. Já é sexta-feira e eu gostaria de estar inspirada e corresponder com êxito às expectativas dos leitores. Gostaria de ter idéias pitorescas sobre o tema desta coluna. Afinal, arte e cultura é um tema amplo que oferece um oceano de assuntos. Visava à superação de todas as minhas limitações a fim de deliciar meus leitores com um texto digno do tempo que dedicam a sua leitura. Sem mais nada para contar, sento na areia e me ponho a saborear o suave balanço das ondas. Não sou escritora, nem jornalista ainda. Muito menos uma especialista em arte. Estou sem nenhuma idéia. Lanço então um olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica, e que por um excessivo individualismo, por inúmeras vezes deixamos passar despercebida uma gama de acontecimentos irrisórios que fazem a vida ser mais digna de ser vivida.
A poucos metros de mim, um casal de negros acaba de armar suas cadeiras e sombrinhas de praia. Com eles duas menininhas de aparentemente quatro e dois anos de idade começam logo a construção de um castelinho de areia. A simplicidade e humildade deixam-se logo transparecer pelos trajes de banho simplórios, velhos até, e pelo jeitinho esquivo e compenetrado. Eram quatro pessoas aparentemente felizes que compunham a célula da sociedade. Aquele passeio devia ser a muito tempo esperado, posto os olhares brilhantes das crianças quando viram a imensidão e o azul do mar.
Passo a observá-los. O pai, depois de armadas as cadeiras, conta o dinheiro que discretamente tirou da bolsa de praia da esposa, vai até o quiosque em frente e compra duas águas-de-coco e as entrega às meninas. Contidas, elas absorvem suas bebidas bem devagar, como se estivessem economizando. Provavelmente, sabiam que aquela seria a única bebida que teriam até o final do passeio. A mãe retira da sacola de plástico transparente e brilhante dois baldinhos e duas pazinhas de brinquedos para as meninas brincarem na areia. Suspira, olhando para os lados, a assegurar-se da naturalidade da sua presença ali. O homem, carinhosamente, pega um vidro de protetor solar e passa na filha menor. A mulher limita-se a contemplá-lo com ternura e admiração.
Ansiosas para entrar no mar, as meninas dão pulos e gritinhos de excitação. O homem as acompanha enquanto a mulher aproveita para curtir o lindo sol que brilha alto no céu. Eu aproveito para dar um mergulho. Aquela água azul e límpida faz-me um convite tentador. Pai e filhas na água pulam de alegria. Preocupado com o perigo das andas para as meninas, as repreende quando se afastam dele. Satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso do programa familiar, o homem olha a seu redor a verificar se sua alegria está sendo observada. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, e ele constrangido abaixa a cabeça, vacila e depois torna a olhar-me e enfim abre-se num sorriso.
É com a doçura desse sorriso e a singeleza desse olhar que eu gostaria de escrever minha coluna dessa semana.


*Inspirado em A última crônica, de Fernando Sabino

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Dica da **Patty Literária**

Estou Zen.

Prova disso é que fiz uma compra de incensos, velas aromatizadas e cds de Reike que foi quase o limite do meu cartão. Nada de consumista! Eu precisava disso tudo pra tentar alcançar o equilíbrio padrão necessário para uma vida melhor, sem apego as coisas materiais, sabe? Pois acreditem ou não, eu estou em busca disso.
Diante desse meu momento de espiritualidade, a dica não podia ficar de fora, certo?
Então hoje vou aconselhar um livro de Paulo Coelho. E me desculpem aqueles que o odeiam por qualquer motivo que seja. Eu gosto! Quer dizer, o que eu não gosto quando o assunto é livro, né?
Pra começar a falar do livro “O Zahir” vamos pelo próprio titulo. Ele diz respeito aquela presença que ocupa todo espaço da nossa mente e existência. Quem não teve ou tem um Zahir na vida? Aquela coisinha que não sai da sua cabeça nem por um segundo e que te deixa inquieto.
A partir da história de um escritor famoso que sofre pelo sumiço de sua mulher, o livro traz, de forma brilhante, reflexões sobre a espiritualidade, o amor, a liberdade, as relações humanas, a perda, a paixão obsessiva, enfim, aquelas coisas que sempre questionamos num relacionamento. Essa necessidade de sermos livres e de estarmos com alguém, mas entender que uma coisa não exclui a outra.
Será possível que o meu Zahir seja as compras? É de fato a coisinha que não sai da minha mente, que me deixa inquieta e que ocupa todo espaço da minha existência. Mas se for, quero que saibam que estou lutando contra isso. Quer dizer, vou começar a lutar depois de comprar aquela saia perfeita da "Daslu". Ninguém é de ferro, né???

A dica de hoje é: O Zahir - Paulo Coelho.

Beijos da **Patty Literária**

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Quero ser Miriam Leitão. Por Sylvia Ruth.

E o septuagésimo lugar vai para...

A “vasta nação democrática possui recursos naturais abundantes, mas é conhecida por sua alta e persistente desigualdade de renda”. “O Brasil sofre com sérios obstáculos aos investimentos de longo prazo, incluindo um sistema tributário confuso, barreiras ao investimento estrangeiro em alguns setores, gestão governamental nos setores de petróleo e eletricidade, um judiciário fraco e um sistema regulatório complicado”. “Com uma burocracia corrupta e altamente ineficiente, que contribui para notas baixas nos quesitos de liberdade de negócios, de investimentos, financeira e corrupção”.

Na pesquisa da Fundação Heritage sobre a liberdade econômica dos países, as nossas terras tupiniquins ficaram em 70º lugar. A citação do parágrafo acima, que faz parte da pesquisa, apresentam fatos antigos, mas que voltam às manchetes não porque fui eu nem a Miriam Leitão que disse, mas porque foi uma instituição internacionalmente conhecida, cheia dos gabaritos que lhe permitem dizer mundos e fundos sobre qualquer país, mesmo que isso não seja novidade para ninguém.

Hong Kong ficou em primeiro lugar. Mas será que ficar em primeiro é ser melhor? Uma economia livre, é uma economia que vive por si só, sem influências do Estado, como o capeta... Digo, capitalismo gosta, regida pelo pensamento neoliberal de intervencionismo zero.

Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China. Todos sabemos, a China é comunista, e Hong Kong é o único lugar daquele país onde é permitido fazer-se capitalismo a torto e a direito. Eles não pagam impostos ao governo, nem têm leis trabalhistas. Parabéns, Hong Kong, pelo primeiro lugar, do qual ninguém deve ter inveja.

Já o Brasil, sempre lembrado pelos seus “recursos naturais abundantes” em contraste com “sua alta e persistente desigualdade de renda” não deve também se gabar por não ter ficado nas primeiras posições, caso para isso ele precisasse ser tão cretino como é Hong Kong. Isso, logicamente, não quer dizer que as terras de Cabral não precisem de modificações que dinamizem e potencializem nossa economia, com as tão queridas reformas tributária, política e judiciária. Isso é novidade para alguém?


E por hoje chega

Que tem visita aqui em casa, e uma menina de 7 anos de idade tentando pentear o meu cabelo enquanto eu escrevo não é nada divertido.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Futebol Capixaba em Foco.

As equipes do interior exigem respeito!

O jogo entre Atlético Colatinense e Serra, realizado no Estádio Municipal Justiniano de Melo e Silva em Colatina, às 20h30min do dia 15 de janeiro, fechando a primeira rodada do Campeonato Capixaba foi eletrizante do início ao fim. As duas equipes investiram alto em comissões técnicas e contratações de jogadores e entraram em campo cientes de que tem chances reais de disputar o título do Estadual. Em campo, o que se viu foi um jogo digno de uma final. O jogo terminou empatado em 1x1.

Mas, é com pesar que se constata o menosprezo da Federação Capixaba de Futebol pelo trabalho das equipes do interior do Estado. A arbitragem da partida foi, no máximo, lamentável. O senhor Jonas Rice não tinha um mínimo de preparo técnico nem psicológico para arbitrar a partida. O menor contato físico entre jogadores era apitado como falta. Teve-se a clara sensação de que o árbitro desconhecia regras básicas do futebol.

Além disso, a constante pressão dos jogadores do Serra, de estatura elevada e grande força física, intimidou o árbitro. Sem pulso para se impor, o clima esquentou dentro de campo. As faltas ficaram mais duras e constantes. O que se viu a partir daí foi a utilização de dois pesos e duas medidas pela arbitragem. Pelo Serra, poucos jogadores levaram cartão amarelo, algumas faltas fortes, desrespeitosas, nem apitadas foram. Já pelo Colatinense, dois jogadores foram expulsos. Um em circunstancias obscuras e outro numa falta boba, que bastaria a presença de um árbitro enérgico para contornar a situação.

Mas isso não é tudo. Com um jogador a menos, aos 40 minutos do segundo tempo, o atacante Maicon do Colatinense deu um drible, um chapéu lindo em seu marcador e, quando ia marcar o gol – que daria a vitória à equipe de Colatina, foi derrubado acintosamente por dois defensores do Serra dentro da área e só a arbitragem não viu o pênalti!

Ao comentar o lance, o treinador do Colatinense Marcos Magalhães disse que o árbitro não assinalou o pênalti porque se assim o fizesse, “apanharia dos jogadores do Serra”. A atuação do senhor Jonas Rice pode ser classificada como a de um soprador de apito.

Essa falta de respeito da Federação com os clubes de fora da Grande Vitória tem que acabar e já! Por que só os times da Grande Vitória têm direito a árbitros do quadro da CBF em seus jogos enquanto os demais times servem de laboratório para árbitros desconhecidos e sem preparo?

Os custos para se colocar um time em campo, desenvolver um trabalho sério são bastante altos. Esse investimento merece um retorno da Federação Capixaba de Futebol. E o problema com a arbitragem ineficiente não é novo. O descaso aos clubes do interior acontece todos os anos.

Enquanto os clubes trabalham para profissionalizar o futebol capixaba, a Federação parece fazer questão de continuar com um futebol amador, sem expressão nacional. Isso é revoltante para quem se esforça em ter equipes capixabas disputando campeonatos nacionais com chances de surpreender e vencer. Hoje, as equipes do Espírito Santo não conseguem passar da primeira rodada da Copa do Brasil, sequer passam da primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro.

Fica registrada a revolta, a frustração com o tratamento amador que a Federação Capixaba dispensa às equipes de fora da Grande Vitória. Fica registrada a exigência de uma mudança urgente nesse comportamento que desmerece os trabalhos sérios realizados pelo clubes.

O torcedor espírito-santense merece um campeonato estadual bem estruturado, bem disputado, como os clubes estão dispostos a realizar. Mas, por enquanto, a Federação Capixaba de Futebol não está trabalhando para isso.

Respeito, compromisso e seriedade. É o que se espera de uma Federação de Futebol. Infelizmente, a do Espírito Santo está longe de trabalhar assim.



*Obs.: quem puder divulgar esse texto, faça-o!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Um por todos e todos contra um

O artigo “Poção Mágica”, de Denis Lerrer Rosenfield, publicado em Folha de São Paulo, 28/06/02, aborda a mudança de rumo da política estadunidense sob o comando de George W. Bush e alerta para as possíveis conseqüências disso em âmbito mundial.

Após a publicação do artigo, seguiram-se fatos nos quais podemos observar a perda da fórmula da poção mágica. Os estadunidenses reelegeram Axterix, mesmo com sua política inexeqüível. A exemplo da fábula “O Lobo e o Cordeiro”, os Estados Unidos invadiram o Iraque. Por trás da capa de defensor da democracia, a necessidade de controlar as fontes petrolíferas – vitais à economia daquele país.

Nesse ínterim, não é possível o confronto direto com a superpotência. A funda e a pedra de Davi não surtirão efeito contra o Golias de agora. Há de se observar, porém, que o homens fazem sua história sob circunstâncias com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado.

Assim sendo, a melhor estratégia a ser adotada no embate contra o império é a que foi proposta no artigo: “Os países deverão se organizar para atuar sobre a opinião pública americana”. Afinal, são as forças da sociedade que mudam os rumos de um país.

Parece que a mensagem de Rosenfield começa a ser entendida até mesmo dentro dos Estados Unidos. Bush foi derrotado na eleição para o Congresso estadunidense. Após doze anos, os democratas voltam a ser a maioria e já disseram não apoiar a guerra pelo petróleo. Enquanto Bush quer lançar um novo plano de ações para o Iraque, pois se deve vencer a qualquer custo – segundo o presidente, os congressistas democratas querem a retirada dos soldados estadunidenses do caos em que se tornou aquele país.

Nem mesmo o Reino Unido, aliado incondicional de Bush, quer maior envolvimento com a guerra, que parece perdida para os soldados invasores. Esta semana, foi anunciada a retirada de 3 mil combatentes ingleses e envio de tropas numerosas está praticamente descartado. Ao que parece, Tony Blair não tem mais o mesmo poder de persuasão sobre os demais ministros britânicos, que querem a retirada total das tropas de seu país do Iraque.

O que era para ser guerra mais eficiente da história está se transformando no maior fracasso dos Estados Unidos e seus aliados. O geopolítico britânico Timothy Ash disse que a derrota das forças invasoras no Iraque será ainda mais humilhante para o Império do que foi a Guerra do Vietnã.

Se a previsão se concretizar, Bush não terá forças para indicar um sucessor republicano à presidência dos Estados Unidos e a Casa Branca estará bem mais próxima de um candidato democrata. Nesse mesmo caminho, será difícil para Tony Blair um novo mandato de primeiro-ministro britânico. O futuro de incertezas fica mesmo para o Iraque invadido e sua população. Só sabemos que Saddam não volta mais ao governo.

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As disputas no Congresso Brasileiro...

A presidência do Senado que parecia ir tranqüila para o PMDB ganhou um forte concorrente: o senador José Agripino Maia (PFL-RN). O candidato pefelista entra na disputa e afirma tem muitas chances de chegar à presidência do Senado. As negociações já começaram, mas ainda não houve o pronunciamento oficial de nenhum partido dando apoio a qualquer dos candidatos.

Já a presidência da Câmara promete outra eleição difícil de arriscar um nome vencedor. O PSDB está divido entre os que apóiam Chinaglia e os que desejam uma candidatura independente. É justamente nessa brecha que o candidato à reeleição Aldo Rebelo pretende conseguir apoio. Além dos dissidentes tucanos, Aldo deve se reunir com outras legendas que ainda não definiram a quem apoiar. O candidato do PCdoB parece querer evitar que surja uma terceira candidatura à presidência da Casa.

É bom lembrar que na última eleição, por total incompetência dos articuladores governistas, tivemos Severino Cavalcanti eleito presidente da Câmara. Somente após sua deposição do cargo é que Rebelo, então ministro do governo Lula, assumiu a Casa.

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Capixabão 2007

Quem não faz...

Mesmo apresentando um volume de jogo maior que o adversário, o CTE Colatina foi feliz em sua estréia no Campeonato Capixaba 2007. a equipe colatinense sofreu um gol nos minutos iniciais do segundo tempo e perdeu de 1x0 para a equipe do Pinheiros. O resultado poderia ser diferente se os atacantes do CTE não tivessem desperdiçado tantas oportunidades de marcar.

O Pinheiros fecha a primeira rodada da Chave A como líder, com 3 pontos. Linhares e Estrela que empataram em 0x0 no sábado, somam um ponto cada um. O CTE fica com 0 pontos, como o Jaguaré, que folgou na primeira rodada.

Hoje tem mais!

Às 20h30minh, no Estádio Municipal Justiniano de Melo e Silva, em Colatina, o Clube Atlético Colatinense faz sua estréia no Capixabão em jogo contra o Serra, tricampeão estadual, fechando a primeira rodada do campeonato. É o segundo confronto pela chave B, que teve o primeiro jogo na sexta-feira, com o Vila Velhense vencendo o Vitória por 5x3. O Rio Branco folga na primeira rodada.

A expectativa por um resultado positivo para a equipe colatinense é grande, visto que foi a primeira a iniciar a preparação para o campeonato. Um dos destaques da equipe é o atacante Índio, bem conhecido dos torcedores capixabas. Ano passado, ele ajudou o Colatinense a chegar ao título da segunda divisão e pretende comemorar o título da primeira divisão no encerramento de sua carreira. Índio afirmou que pára de jogar esse ano.

Amanhã eu volto para informar a todos o resultado do jogo de logo mais a noite. E torçam pelo Colatinense!

domingo, 14 de janeiro de 2007

Dia do Leitor. Hoje por Lilith of Lucius Hades Corvin

Princesa das Trevas


És o senhor das sombras

És aquele que me chama todas as noites

És aquele que me toma

Beija

Ama

Voa...


Fica teu amor
Fica tua beleza
Fica tua presença audaz

Fica o lírico
Fica o transcendental

Fica tua voz, teu cheiro, teu astral
Fica tua escuridão...

Marcas em mim.


A tarde me deixa enojada

Empurro o sol para a morte...

Calam-se os ventos
E eu torno a passar

Princesa das Trevas que me tornaste


Infiltro o véu noturno,

Contorno o silêncio com um lápis violeta,

Desejo esta névoa taciturna que me adorna a silhueta.

As mortes semeadas pelo chão frio

Divagam sobre as pedras.


E todo eu, envolta em silêncio e névoa

Perco-me debaixo da gelada luz lunar

Em paraísos da bela escuridão que de mim irradia


Sinto o frio da sua pele que me escalda os sentidos

O seu toque é um misto de amor e morte

Revelando-me insondáveis mundos

Que nem os olhos vendados me impedem de ver...


Adoro quando despejas o teu silêncio sobre o meu corpo

Quando entregas teu olhar a contemplar minha nudez...

Importamos nós!

Reinas no mundo das sombras

Entreguei-me em teu reino,

Posto não ser capaz de resistir a tua força a os teus encantos


O tempo perde-se no vazio da eternidade

Procuro a linha do horizonte...

Preferi assim, perder-me eternamente

Para eternamente te encontrar...


O leitor de hoje foi Lilith of Lucius Hades Corvin, semana que vem pode ser você. Mande seu texto para r.arcanjo#gmail.com, substituindo o # por @, por favor.

sábado, 13 de janeiro de 2007

A Venenosa por Simone Azevedo

ESPECIAL
COMPORTAMENTO


HOMENS SÃO DE MARTE E MULHERES SÃO DE VÊNUS

Relacionamentos amorosos são, na maioria das vezes, complicados. Quase sempre uma das partes sai muito machucada de um relacionamento malogrado. E essa parte, geralmente, é a feminina. Seria porque os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus? Sendo assim, aqui vai a tradução de algumas “expressões” do dialeto venusiano que os marcianos parecem desconhecer totalmente.

  • Esconda suas revistas pornográficas. É coisa de adolescente imaturo.
  • Se você tem um apelido carinhoso para o seu órgão sexual, por favor, nunca o revele. Mulheres acham isso ridículo.
  • Elas odeiam exibições em economês, jurisdiquês, mediquês ou quaisquer outros jargões profissionais.
  • Mulheres odeiam rachar a conta.
  • Mulheres adoram escarafunchar gavetas masculinas.
  • Toda mulher já pensou em ficar com o seu melhor amigo.
  • Mulheres perguntam o sobrenome do cara com quem está ficando logo de cara para ver se combina com o delas e se ficaria bem num eventual filho.
  • Nunca tente explicar uma traição com o argumento “Foi uma coisa sem importância”. Elas acham ainda pior terem sido traídas por algo “sem importância”.
  • Nunca esteja mais perfumado que a mulher a seu lado. O perfume é uma arma de sedução feminina.
  • Mulheres gostam de ser elogiadas. Vale qualquer coisa: da cor do esmalte a sandália que ela estiver usando.
  • Nunca use jóia. Colar nem pensar. Anel, só aliança. A menos, é claro, que você seja um pagodeiro, funkeiro ou cantor de rap. Nesses casos, você só conquistará mulheres que gostem desses estilos ou mulheres interesseiras.
  • Elas classificam homens em “para casa”, “para ser amigo” e “para sair”. Tal como eles fazem.
  • Nada de cuecas estilo short de loira do Tchan ou tanguinhas. E sem nenhuma estampa. É cafonérrimo e tira a masculinidade.
  • Mulheres gostam de ser surpreendidas por beijos. Beijos desesperados que tiram o fôlego. Mas evite pedir beijos. É muito mais emocionante quando eles são roubados.
  • Mulheres fantasiam vivenciar uma paixão avassaladora daquelas que as fazem cometer loucuras e perder completamente a razão. Surpresa é a chave.
  • Chocolates são capazes de derreter um coração feminino. Flores também. Mas atenção: nem todas as mulheres gostam de receber flores compradas em floriculturas. Flores colhidas de um campo ou jardim pode ser mais romântico.
  • A maioria das mulheres odeia marombados. Excesso de músculos cheira a falta de masculinidade.
  • É dos carecas que elas gostam mais, e não dos calvos. Mas elas perdoam a calvície que pode ser explicada pela genética. Porem, barriga de chope não tem explicação. É imperdoável.
  • Prefira brincos pequenos. Pirata, só o Jonny Dep em Piratas do Caribe.
  • A maioria das mulheres odeia “homem –tela”, ou seja, aqueles tão tatuados que mais parecem uma tela humana. Uma tatuagem só é mais charmoso.
  • Até a Angelina Julie tem celulite e estria. Jamais demonstre que notou esse tipo de tragédia em uma mulher.
  • Luzes e tinta no cabelo é muito cafona em exemplares do sexo masculino. Só as mulheres podem fazer esse tipo de coisa.
  • Mulheres adoram ser levadas. Não a peça pra escolher o programa que farão. Atitude é a chave.
  • Elas detestam ver você jogando pelada com seus amigos. E ouvi-los discutindo sobre o assunto é um tédio.
  • Mulheres adoram consolar. Se o cara ta precisando de colinho, elas ficam derretidas. Mas esperam ser consoladas quando choram. Bem consoladas.
  • Mulheres adoram caricias na nuca entre os cabelos. Mas se estiverem em público, evite. Elas odeiam quando o cabelo arma.
  • Mulheres acham que, se tomam a iniciativa, eles não têm o direito de dizer não.
  • Elas amam “discutir a relação” porque é a partir disso que descobrem os defeitos e as fraquezas dos homens que estão a seu lado.
  • Se elas perguntam “Estou gorda?”, a única, óbvia e esperada resposta é: “claro que não!” Nem pense em responder outra coisa.
  • Mulheres falam por subtextos. Por exemplo: quando elas dizem “estou pensando em fazer uma lipoaspiração”, na verdade querem dizer “estou me sentindo feia e preciso urgentemente de um elogio”. E quando dizem “em que você está pensando?”, na verdade querem dizer “por que fica tão calado quando estamos juntos?”.

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Esse telefone deve estar com defeito. Já são 8 horas e ele ainda não me ligou. Essa porcaria não toca. Droga! Ontem foi tão maravilhoso! Tomara que ele me ligue. Se ele não ligar, o que eu faço? Será que eu ligo ou não ligo?
(o telefone toca)
Alô!!!... Oi tia Carmem,... é a senhora? Mamãe não está. Saiu com papai. Ta bom, eu falo. Beijo.
Essas são horas para a chata da tia Carmem ligar? Ela não vê que já é tarde? Maurício, você é lindo, lindo, lindo! E beija tão bem! Me liga, droga!Vou esperar até as 10horas. Aí, se ele não ligar eu ligo. Já não agüento mais ficar olhando para o telefone com cara de idiota. Ai que saco! Meus dedos estão coçando pra pegar esse telefone e ligar pra ele. Vou chamar ele pra sair. Cinema ou praia? Mas se o filme for de ação, ele vai prestar atenção e não vai me beijar. E se o filme for bom, quem não vai querer beijar sou eu. Praia então. Vamos caminhar na areia e aí vai rolar um clima. Tomara que a praia esteja deserta. Não sou famosa , não corro o risco de ser filmada. Pobre Cicareli. Mas e se alguém chegar na hora H? Meu Deus, vou morrer de vergonha. To nem aí. Me liga, Maurício! Quero beijar você até o dia amanhecer. Será que ele está com outra? Será que ele não gostou de ficar comigo? Será que eu beijo mal? E se ele me achou feia? Estou tão gorda! Minha unha ta um caos!
(o telefone toca)
Alô! Oi papai... o que? Você e a mamãe vão passar a noite fora? Ah, entendi... ta bom, vou ficar bem. Não se preocupe. Sim, vou trancar tudo. Já sei papai. Não é a primeira vez que vocês dormem fora. Beijo.
Oba! Casa liberada! Vou chamar o Maurício para vir aqui. Ai meu Deus, eu tenho que dar um jeito nessa bagunça. Meu quarto está um inferno. Vou por um vinho na geladeira. Tinto ou branco? Seco ou suave? Homens preferem tinto seco. Pelo menos era o que dizia a revista. Vou ligar pra ele agora. Ai, ele atendeu! O que eu faço agora? Será que eu falo ou desligo? E se ele perceber que sou eu? Ah, que voz mais linda. Queria ouvir essa voz bem pertinho do meu ouvido. Ele vai me achar oferecida. Vou desligar.
(o telefone toca)
Alô! Oi Maurício... eu? Sim, era eu. Como você sabe? Você tem identificador de chamadas??!!... ah sei. Na verdade, eu estava ligando para uma amiga e por engano disquei seu número. É porque é muito parecido com o dela. Foi mesmo muita coincidência. Se eu quero sair? É... não sei Maurício, já está meio tarde. Talvez um outro dia... você sentiu saudade? Eu também...ta bom então. Estou te esperando. Me pega daqui a meia hora?Ok, beijo.
Ele vem!Ele vem! Que mico, meu Deus, será que ele acreditou na minha desculpa? Sei lá. Também não importa mais. Ele quer ficar comigo!!! Que roupa vou vestir? Isso vai ser um problema. Já sei, vou com a minha calça preta super sexy e com minha blusa branca. Não, fico meio gorda com essa calça. Vou com o vestido vermelho de decote nas costas. Isso! Será que ele vai me achar bonita? E esse cabelo? Tenho que pentear. Vou colocar bastante creme pra essa porcaria não armar. Cabelo cacheado é uma droga. Será que ele gosta do meu cabelo? Talvez eu alise... Batom, lápis, perfume. Prontinho! Bastante perfume! Vou deixar ele louco!
(a campainha toca)
Ai meu Deus! Ele chegou!

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Rico Brother Brasil
Começou na última terça-feira, 09 de janeiro, o Reality Show mais elitista da TV mundial. Acho que os organizadores, produtores, diretores, editores e mais um monte de “ores” do programa, desconhecem a palavra “diversidade”. Foram dezesseis participantes selecionados neste ano. E nenhum pobre entre eles. Dessa vez a casa menos privada do Brasil está recheada de playboy e peruas. Onde estão as pessoas de verdade, gente como a gente? Cadê o pedreiro, o agricultor, a empregada doméstica, o entregador de gás, o engraxate, a lavadeira? Onde estão as pessoas que realmente representam o povo brasileiro?
Talvez a competência dos “ores” do programa esteja restrita a criar estereótipos de “bonzinhos” ou “injustiçados”, aqueles que não fazem intrigas, não mentem e que são amiguinhos de todo mundo, e “malvadinhos” ou “jogadores”, aqueles que “jogam”,ou seja, fazem complôs e armações. Muito engraçado isso: a pessoa entra em um JOGO concorrendo a 1 milhão de Reais, mas se essa pessoa faz o que se propôs a fazer, ou seja, JOGAR, ela logo é espinafrada e escorraçada pelos telespectadores. Isso claro, graças ao excelente trabalho estereotipador da competentíssima equipe de edição. Que palhaçada!
Bela arena maniqueísta é o Big Brother Brasil.





sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Amarra Experimental por Marcela Rangel

Sim, eu sou louca.
Entendo como é absolutamente anormal ir ao cinema três vezes para assistir ao mesmo filme.
Mas não consigo evitar.
Além da habitual paixão pela sétima arte, toda vez que vejo os dizeres "um filme de Nancy Meyers", corro para assisti-lo. Isso porque essa excepcional escritora, diretora e produtora, possui o talento de descrever o amor e suas vítimas de uma forma extremamente delicada. Cada personagem é dotado de uma doçura inquietante. Até mesmo ao expor defeitos, ela o faz de maneira apaixonante. Sendo paixão a palavra de ordem. Sim, porque é impossível não se apaixonar e, até mesmo, não se identificar com Erica, Graham, Iris, Jack, Amanda, Miles e tantos outros indivíduos de suas tramas.
E então? Curiosos para saber qual o filme digno de minha tripla ida ao Kinoplex? Depois de tantas dicas acho que ficou fácil. Que rufem os tambores! "O amor não tira férias", ou ,no título original, "The Holiday".
Uma americana que é incapaz de chorar. Um inglês viúvo que tem duas filhas. Uma jornalista com um amor não correspondido. Um doce compositor musical, que se sente atraído por mulheres que não são certas para ele. E, na minha opinião, o personagem mais interessante de todos : um senhor roteirista que nos mostra a magia daquela Hollywood dos anos 40/50. No papel de Iris, a jornalista, temos a brilhante atuação de Kate Winslet, que é capaz de fazer a platéia rir, chorar e torcer por sua cativante personagem.
A trilha sonora é assinada por ninguém menos que Hans Zimmer, compositor alemão responsável pela produção musical de filmes como "O Gladiador"(pelo qual ganhou um globo de ouro), "O rei leão" (pelo qual ganhou um oscar e um globo de ouro), "Piratas do Caribe", "Alguém tem que ceder"(também escrito e dirigido por Nancy Meyers), entre outros.
O filme não só fala de amor, como também mostra, de um modo sutil, a indústria cinematográfica, bem como todo seu encanto, beleza e defeitos.
Será que os convenci a assistir pelo menos uma vez?
Espero que sim.
Afinal, o amor não tira férias. Nem o cinema.
E viva a sétima arte!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Ave Franklin! Por BruneLLa França

Não aprenderam nada com Severino?

Os parlamentares estão em férias, mas a atividade política vai a todo vapor. O motivo: a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. O cargo de presidente da Câmara é um dos mais cobiçados da República. Até o momento, temos dois candidatos, ambos da base governista: Aldo Rebelo (PCdoB-SP) – atual presidente da Câmara – e Arlindo Chinaglia (PT-SP), mas um grupo suprapartidário também se movimenta para entrar na disputa e promete atrapalhar os planos do governo de uma eleição tranqüila. É o movimento pró-renovação, que deseja um presidente sem ligação com o antigo Congresso, campeão de escândalos de corrupção e impunidade.

Por enquanto, Aldo Rebelo tem o apoio de 17 governadores e parece ser o preferido da maioria da base governista. O PT, porém, não está disposto a ficar para trás na briga pelo poder e exige que o líder da Casa seja alguém do Partido dos Trabalhadores. Isso porque a sigla se vê perdendo espaço dentro do governo Lula, na medida em que o próprio presidente tem desvinculado sua imagem do partido pelo qual foi reeleito.

No Senado, o cenário que se desenha é bem mais tranqüilo. Com a maioria absoluta dos senadores, 20 ao todo, a presidência do Senado cabe ao PMDB. Falta apenas definir se Renan Calheiros será reeleito para o cargo.


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Por que a presidência é tão disputada?

O cargo de Presidente da Câmara dos Deputados é alvo de grande disputa não é à toa. Conheça alguns motivos pelos quais disputam os candidatos:

1- Total ascendência sobre a pauta de votações da Casa. É o presidente da Câmara quem dá a palavra final e determina quais serão apreciadas pelo plenário;

2- É o segundo na linha de sucessão à presidência da República;

3- Tem instrumentos políticos para pressionar o governo;

4- Decide sobre a abertura de processo de impeachment contra o presidente da República;

5- Administra um Orçamento de R$ 3 bilhões (a maior parte deste valor destina-se a pagar os salários de parlamentares, servidores, aposentados e pensionistas);

6- Detém projeção política e visibilidade diária na mídia;

7- Tem direito a casa oficial, carro oficial e motorista particular. Conta também com um jatinho da Força Aérea Brasileira a sua disposição;

8- Faz a ponte entre o governo e a oposição na discussão de projetos e impasses políticos.


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Enquanto isso, na capitania de Vasco Fernandes Coutinho...

A nova Assembléia Legislativa do Estado também já começa a se mobilizar para a escolha de seu novo presidente. Até agora, não temos nenhum candidato oficial e as reuniões para o lançamento das candidaturas mal começou.

Seguindo o exemplo de Brasília, a Assembléia Legislativa do Estado foi palco para escândalos de corrupção e acompanhamos o desenrolar do caso do Mensalão Capixaba que também acabou em Pizza e impunidade.

E, para começar bem o novo ano no Legislativo estadual, temos oito deputados iniciando seus mandatos respondendo a processos na Justiça. Do “esquema das Associações”, apenas o deputado Luiz Carlos Moreira (PMDB) conseguiu reeleição. O deputado teve seu pedido de cassação arquivado pela Corregedoria da Casa, mas na última semana a Justiça estadual bloqueou os bens e quebrou os sigilos bancário e fiscal de Moreira com base nas denúncias de participação no esquema.

Sérgio Borges (PMDB) ainda não conseguiu se livrar da acusação de ter recebido R$30 mil, em 2003, para ajudar a eleger José Carlos Gratz presidente da Assembléia. Seu processo ainda tramita no TRF da 2ª Região, no Rio de Janeiro, e se encontra nas mão da desembargadora Julieta Lunz.

Janete de Sá (PSB) ainda pode ter muita dor de cabeça por causa das cervejas compradas por seus servidores com o carro oficial. Seu pedido de cassação protocolado na Corregedoria pode ser retomado. Ademais, o Ministério Público Estadual também investiga o caso.

No caso de Jardel dos Idosos (PMN), supostas ameaças de morte feitas contra um vereador também renderam processos contra ele. Já Guerino Zanon (PMDB), mesmo sendo o mais votado, também tenta reverter uma condenação em primeira instância por improbidade administrativa quando foi prefeito em Linhares.

Luciano Pereira (PSB) é acusado de irregularidades durante sua campanha para deputado. Reginaldo Almeida (PSC) é suspeito de compra de votos. A previsão era de que o inquérito fosse enviado para o Ministério Público Eleitoral. O órgão tem a missão de apurar se Reginaldo cometeu desvio de conduta ou se não tem envolvimento com a suposta irregularidade e pode, ainda, denunciar o deputado por suspeita de crime eleitoral.

Wolmar Campostrini (PDT) inicia seu primeiro mandato na Assembléia com os bens bloqueados e com os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça estadual. O parlamentar é apontado como beneficiário de um cheque de R$ 3 mil, supostamente destinados a uma associação. Segundo o Ministério Público Estadual, o deputado Luiz Carlos Moreira foi quem intermediou a liberação dos recursos.

Só para lembrar:

26,7 MILHÕES foi o valor desviado dos cofres da Assembléia Legislativa durante o período de 1998 a 2002, na Era Gratz, por meio do “Esquema de Associações”.

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Por falar em Espírito Santo...

Neste fim de semana começa o Campeonato Capixaba 2007, prometendo ser um dos mais disputados, com equipes investindo em comissões técnicas e jogadores de qualidade para abrilhantar o Estadual deste ano.

Como boa Colatinense que sou, estou feliz por ver duas equipes de minha cidade disputando o Capixabão. E podem ter certeza que, toda segunda feira, vocês receberão por aqui notícias do CTE Colatina e Clube Atlético Colatinense. Já que as equipes do interior do Espírito Santo nunca tem a devida atenção dos grandes veículos de comunicação do Estado, quero trazer ao conhecimento de todos os méritos das equipes colatinenses, pelo menos. Colatina rumo ao título!!!

Abraços a todos e as mais sinceras desculpas pelo atraso na postagem desta semana.