sábado, 21 de abril de 2007

A Venenosa por Simone Azevedo

Como perder um homem em 10 dias

Como perder um homem em 10 dias? Essa pergunta parece fácil de responder? Eu não acho. Perder um homem em 10 dias é muito difícil. Isso nunca aconteceu comigo. Eu consigo a façanha de perdê-los antes mesmo do sétimo dia. E eu, como a maioria das mulheres, não sabia porque isso acontece. Achava que o problema era comigo. Mas depois que assisti os 110 minutos de comédia pastelão dirigida por Donald Petrie, tive certeza. O problema era mesmo comigo. Não tenho vergonha de assumir, até porque não é um problema pessoal, e sim um problema da categoria. MULHERES. Sensibilidade, carência, grude, romantismo, enfim, todos esses aspectos que sob a perspectiva feminina são qualidades, tornam-se defeitos insuportáveis sob a visão masculina.
O fazer com tudo isso para não espantar um homem antes mesmo do décimo dia de relacionamento? Devemos guardar tudo isso no armário? Mudar para agradar ao cara de quem estamos afim? Caras leitoras, eu, particularmente, acredito que não. Mesmo sabendo o que faz com que os insensíveis homens se afastem de nós em tempo recorde, não acho que devemos mudar nosso jeito de ser, pensar e agir por causa deles. Recuso-me a me render a toda a insensibilidade, arrogância e desprezo dos homens. Mesmo sendo estas características comuns a maioria, ainda acredito que exista alguns poucos, raros, em processo de extinção, que sejam diferentes.
Vocês devem estar achando que a colunista que vos escreve é sonhadora e acredita em conto de fadas, príncipes encantados, finais felizes... Não achem. Podem ter certeza. Eu sou mesmo muito sonhadora para creditar nisso.
O filme mostrou-me o que eu, assim como a maioria das mulheres faz para provocar a fuga masculina. Mas ele não foi capaz de me fazer repensar minhas atitudes. Sou sensível, grudenta, ciumenta, carente, melosa e sou feliz assim. Não quero e não vou mudar por causa de homem nenhum. Eles têm que me aceitar do jeito que sou. Se um homem realmente ama uma mulher, ele não ama apenas as suas qualidades, mas também todos os seus defeitos. Mesmo odiando todas essas características irritantes, no fundo ele as ama. Afinal os defeitos também são componentes da pessoa amada. Sem eles, ela não seria quem é.

Bom, depois desse quase- manifesto (desabafo) contra a submissão das mulheres aos desígnios masculinos, vou falar um pouco do filme.

Ben Barry (Matthew McConaughey) é um publicitário que faz uma grande aposta com seu chefe: caso faça com que uma mulher se apaixone por ele em 10 dias ele será o responsável por uma concorrida campanha de diamantes que pertence à empresa. A vítima escolhida por Ben é Andie Anderson (Kate Hudson), uma jornalista feminista que está desenvolvendo uma matéria sobre como perder um homem em 10 dias e está decidida a infernizar a vida de qualquer homem que se aproximar dela. Ambos se conhecem em um bar, sendo que escolhem um ao outro como alvo de seus planos.

Para começar a destilar meu veneno (hoje estou particularmente venenosa) sem me alongar e entediar meus leitores com uma enorme critica, vou facilitar as coisas para nós (colunista e leitores) enumerando as ridicularidades do filme. Se sobrar espaço, tempo e boa vontade, listo alguns pontos positivos (se é que eles existem).

RIDICULARIDADE 1: A “mocinha” é colunista de uma revista feminina. Essa “revista feminina” é estereotipada. Atrela feminilidade a futilidade. Nada mais ridículo. Andie Anderson (Kate Hudson) é uma loira (olha só a indireta) aparentemente inteligente em crise com seu trabalho. Quer escrever sobre assuntos relevantes como política, economia e coisas do gênero. Por que não pode haver espaços para esses assuntos em uma revista feminina? Eu não entendi o que o que os produtores quiseram dizer com isso. Será que não entendi porque sou mulher? Enfim, sem mais comentários.

RIDICULARIDADE 2: Os excessos. Tudo bem que mostrou o lado sensível, carente, meloso, apaixonado e grudento da maioria das mulheres (não estou generalizando), mas cometeu alguns excessos. Por mais grudenta, carente, sensível, melosa e apaixonada que uma mulher seja, ela não vai dar um cachorro ridículo a um cara com quem está a menos de uma semana e muito menos vai achar normal esse cachorro urinar na mesa dele quando ele está jogando pôquer com os amigos. Isso é coisa de gente pirada. Assoar o nariz do cara para verificar a cor e consistência do catarro e plantar bichinhos de pelúcia na casa dele no segundo encontro é demais. Não há santo que agüente. Por mais chatas que possamos ser, nós mulheres grudentas não cometemos esse tipo de insanidade. A piada não pegou. O filme poderia ter explorado mais o universo feminino. Há tantas coisas que foram deixadas de fora, como por exemplo as horas de espera que os homens são obrigados a suportar quando estamos terminando de nos arrumar. Quinze minutos que misteriosamente se transformam em duas longas horas. E também as crises de TPM poderiam ter sido trabalhadas. Um universo muito rico foi pouco explorado.

DIDICULARIDADE 3: O modo como eles se descobriram apaixonados um pelo outro foi muito sem graça. Ele estava cansado dela e ela louca para ele terminar com ela e de repente estão apaixonados. Foi tudo muito rápido. Poderia ter sido mais romantizado, afinal é uma comédia romântica.

Vou encerrar por aqui. Ainda é possível apontar muitas outras ridicularidades, mas estou sem tempo e sem espaço. Deixo os pontos positivos para os leitores apontarem depois de conferirem essa produção que custou nada menos que US$ 50 milhões. E eu aqui divagando sobre um certo filme trash orçado em aproximadamente R$ 1,99. Mas essas são cenas para o próximo capitulo.

Obrigada pela sua audiência e pala sua paciência. (quem fala isso é o Faustão. Credo. Péssimo programa. Mas a frase é boazinha. Plagiei.)

9 comentários:

Anna Karla Lerbach disse...

adoooooreeii o texto!
uhuhuahuahua
ri mtooo!

mas eu gosto do filme. ok, tem um monte de coisa ridicula mesmo, porém é isso q o deixa muito engraçado.
com certeza, deveria ter trabalhado mais a parte romantica, pq a história tinha potencial pra isso...mas pode confessar, a parte deles no banheiro da casa da família dele é linda!!!!!

Simone Azevedo disse...

Eu gostei do filme. Dei boas risadas com ele. Mas Venenosa que é venenosa não perde a chance de destilar um veneninho.

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Uma questão a s pensar: será q 'perder' um homem, não importa em qtos dias, é mesmo uma perda???

Simone Azevedo disse...

brunella, eu adoro você.
Tô pensando sobre o assunto, mas confesso que tenho medo dos resultados do meu pensamento.E se eu me convencer de que é um ganho?

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Eu diria q vc chegou a resposta certa!

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

o texto está ótimo!

Aline Dias disse...

só vc!


eu gostei desse filme.

Gaby disse...

ahh Venenosaaa!
Vc esqueceu da parte mais tosca! Quando a "mocinha" chama o pênis dele de "princesa sophia". Ri demaaaaaaaaaaaaaaais!

É óbvio que o filme trabalha com exageros pra fazer a comédia, mas ri muito quando assisti...enfim, pelo menos comigo atingiu o objetivo.
=D

Simone Azevedo disse...

Gente, morri de rir com o filme. Mas sou Venenosa, preciso destilar meu veneno.
huahuahuahauah