sábado, 21 de julho de 2007

A Venenosa por Simone Azevedo

“Ser ou não ser” não é a questão

Ele foi levado a uma clínica para loucos. Ele era tratado como louco. Ele era louco? Ele pensava que era Don Juan. Vestia uma fantasia de um espanhol do século XVII. Usava uma máscara preta no rosto. Com ela escondia sua vergonha. Era sedutor, galante, conquistador. Amava todas as mulheres. Ele era apenas um garoto. 21 anos. Ele era jovem, cheio de vida. Expectativas, desejos, descobertas, dúvidas, temores e desafios típicos de um garoto de 21 anos. Ele tinha um mundo paralelo. Ele vivia uma realidade diferente da que cercava as pessoas que o cercavam. Vivia o seu mundo. A sua realidade. Mulheres prometidas. Amantes abandonadas. Uma amada a sua espera. Uma ilha deserta. Ele acreditava em tudo que dizia, em tudo que fazia. Ele era, de fato, Don Juan?
Uma menina preste a completar 15 anos. Sofia Amundsen. Uma adolescente como qualquer outra. Com todas as ansiedades, as curiosidades, as dúvidas, os temores e os desafios típicos de uma menina de quase 15 anos. Uma casa. Uma família. Uma vida acadêmica. Uma vida! Um professor de filosofia misterioso. Aulas ministradas a distância. Cartas que aparecem do nada na sua caixa de correio. Cartões postais que surgem como num passe de mágica em cadernos, portas e cascas de banana. Um espelho mágico. Um portal para outra dimensão? Chapeuzinho Vermelho e serpentes marinhas. Urso de pelúcia e cachorro falantes. Acontecimentos inexplicáveis que transformam sua rotina em um turbilhão de descobertas. Crise de identidade. Ela sentia tudo que vivia. Ela vivia. Ela era, de fato, Sofia Amundsen?
Uma mulher. Talvez uma menina ainda. Amigos, faculdade, namoros, festas, livros, lágrimas, sorrisos... Uma vida! Ana. Expectativas, desejos, descobertas, transformações, dúvidas, temores e desafios típicos de uma mulher de 21 anos. Uma mulher como qualquer outra. Uma vida! Fantasias racionalmente inconcebíveis. Sonhos surreais. Desejos que ultrapassam todos os limites da razão. Mundos e vidas paralelas. Duplas, triplas personalidades. Anjos e demônios. Luz e trevas. Amor e ódio. Realidade(s)? Ela acreditava em tudo que vivia, em tudo que fazia, em tudo que queria. Ela era, de fato, Ana?
Para Descartes o Eu pensante é mais real do que o Eu físico. “Penso, logo existo”, disse ele. Mas se existo, sou mesmo que o penso que sou? Meu Eu pensante e meu Eu físico são a mesma coisa? Se Eu sei que sou, o que sou?

“...porque somos o coelhinho que é retirado do fundo da cartola do universo...”


*Inspirado no filme Don Juan de Marco, no livro O Mundo de Sofia, e em Ana.

5 comentários:

Rafael Arcanjo Jr. disse...

totalmente delirante!!!
ave!
ave!
Ave simone!

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Don Juan é simplesmente maravilhoso!

Sofia Amundsen... o que dizer de uma das minhas melhores amigas???
Sim, porque depois de ler O Mundo de Sofia 3 vezes me sinto bastante próxima da garota d cabelos negros, mas q ainda assim é norueguesa!
Ah Sofia... não há palavras p falar de vc!!!

E Ana???
Bem, eu conheço a Ana...
A Ana é linda!
A Ana é mágica!
A Ana é qse uma fada!
E eu amo a Ana!

E o texto da Simone????
MARAVILHOSO!!!

Ave SImone!!!

Aline Dias disse...

tÃO bonito.

a gente é o que a gente quer?
a gente de fato é, ou é um conjunto de estares.

eu não sei.

Aline Dias disse...

tÃO bonito.

a gente é o que a gente quer?
a gente de fato é, ou é um conjunto de estares.

eu não sei.

Anônimo disse...

Ser,ser e não ser,não ser.A mente cria situações em que sempre me questino se tudo que de fato acontece é real ou é apenas delirios,fantasias.De certo que não inventamos o mundo não somos deuses,mas é fato que pensamos e por pensar em toda a realidade e ver as coisas como são,penso que nem todos são o que querem ser,então não basta que eu queira ser para ser.Mone adorei ,ser ou não ser .