quinta-feira, 15 de março de 2007

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

O Combustível do Futuro


Ou Uma Nova Chance Para a Cana


Como são as coisas que acontecem no mundo que fazem este blog funcionar, e como eu não posso fugir dos assuntos em voga. Fazer o quê? Vamos falar sobre Álcool [combustível] [de automóveis].

Se o Senhor da Guerra, George W. Bush, veio ao Brasil porque não quer que Lula se aproxime mais de Hugo Chavés e seus discursos antiEUA, ou se veio mesmo para dizer que o Álcool brasileiro é o que há para eles, não é o mérito deste post. Aqui, nós vamos falar de álcool [combustível] [de automóveis].

Ainda lembro, há uns anos atrás, quando carro a álcool era coisa de carro velho, de duas (quase três) décadas antes, quando o conhecidíssimo Proálcool salvou o país. Era a crise do petróleo, que começara em 1973, e em 1975, alcançara uma táboa de salvação.

O barato, plantável e menos poluente, álcool, surgia como uma alternativa ao caro, finito e muito poluente, petróleo. Finalmente um concorrente forte, quase imbatível – exceto quanto ao desempenho e a influência de grandes exportadoras de gasolina, lá de fora. E então, por uma das diversas burrices memoráveis de percurso, a pesquisa e investimento no álcool combustível ficou fora da pauta de vários governos subseqüentes a 75, as indústrias pararam de fabricar carros a álcool e as usinas fecharam lentamente.

Até que em 2003, o programa voltou repaginado, aliado ao providencial carro bi-combustível, ao Bio-diesel e ao novíssimo H-Bio. E especialmente no início deste ano, o alarme que já soava há muitos anos e que finalmente deixou de ser ignorado, do aquecimento global e da necessidade de freá-lo, fez nosso etanol ecoar pelo mundo como a bendita solução para acabar com o uso do vil petróleo.

O sucesso do álcool brasileiro parece já ter colocado a cana-de-açúcar numa nova posição dentro do hall dos produtos brasileiros que deram verdadeiros upgrades na economia tupiniquim, que conta ainda com o pau-brasil, o café e a borracha. Mas o melhor é que agora, não é mais a exportação de um produto primário, a cana-de-açúcar, que pode fazer as exportações brasileiras pipocarem nas alturas, é a tecnologia empregada nela que faz a diferença. Não é sobre matéria-prima que estamos falando, é sobre etanol, e não só o produto finalizado (combustível), mas também a tecnologia empregada que há de ser vendida aos quatro cantos do planetinha. E capital intelectual é aquela coisa amigo: não tem preço – e quando tem, é bem salgado.

A indústria do álcool no país ainda precisa melhorar muito. Ampliar a produção e a produtividade sem prejudicar o meio ambiente e sem invadir as áreas de plantio de alimentos, dar condições decentes de trabalho (salário, transporte, alimentação e segurança) aos cortadores de cana (não mais bóias-frias), facilitar o transporte e aumentar cada vez mais a pesquisa para aprimoramento da extração da cana são necessidades bem básicas para a consolidação do retorno no etanol ao topo dos combustíveis no país, e seguramente, no mundo.

Mas por favor, vamos fincar os pés no chão. No Brasil, ainda não há produção de cana nem usina suficiente para exportar etanol para o mundo todo, ainda é preciso crescer muito mais. Até 2010, estima-se que a terra do samba e do futebol (e agora do etanol) deva ter uma demanda adicional de 10 bilhões de litros de álcool. A produção desta safra deve ser de 17 bi litros de álcool e 26 milhões de toneladas de açúcar. Como chegar até aí? Será necessário expandir os canaviais em pelo menos 2,5 milhões de hectares nos próximos três anos.

*Mil perdões (mais uma vez) pelo adiantado da hora.

Um comentário:

Simone Azevedo disse...

Senhor da guerra, Capital intelectual pra produzir o combustível do futuro, nós temos, vocês não têm.