A marcha dos Nike Shox: muito barulho por nada
A adoção do sistema de cotas para alunos de escolas públicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) levou alunos de 14 escolas particulares da Grande Vitória a um protesto na tarde de ontem, 15 de agosto, em frente ao Teatro Universitário.
Entre os estudantes, orientados por coordenadores das escolas, circulou um manifesto contra a política de cotas. Sugerindo uma contra proposta ao sistema aprovado pela UFES, que divulgará edital no sábado, o manifesto tem como pontos principais a redefinição para 10% na porcentagem das cotas; (muito bonzinhos eles, não?) e a revisão do rendimento familiar para até 3 salários mínimos no lugar dos 7 atuais.
O fato é que o sistema de cotas da UFES não é baseado em achismos. A comissão que preparou o projeto das cotas com base em dados que não são novidade para ninguém.
Vejam: do total de alunos da UFES, 64% são de escolas particulares e 36% de escolas públicas. Mas, devem ser guardadas as devidas proporções. Só um exemplo para ilustrar: no curso de Serviço Social, 100% dos alunos ingressantes no último vestibular são de escolas públicas. Já em Medicina, são 100% dos alunos de escolas particulares.
Meus coleguinhas do blog e eu acompanhamos a manifestação dos estudantes. E lá estavam eles, vestindo orgulhosamente seus uniformes e seus nike shox e com a incrível capacidade de falar o maior número de abobrinhas por minuto! Mas, nada mais normal do que quem está no poder lutar para mantê-lo. O fato é que o sistema de cotas foi aprovado e já estará valendo no próximo vestibular. Para fazer alguma modificação, só para o vest de 2009. Concordo que o projeto pode ser melhorado, mas, enfim a UFES adotou um sistema de cotas. Já é um passo.
O fato interessante que registrei da manifestação foi o seguinte: quando os alunos das escolas públicas – que compareceram em bem menor número – propuseram que fosse feito um debate entre os dois grupos, os alunos das escolas particulares recuaram dizendo que ali não era lugar para aquilo. Bem, se a universidade não é um lugar de debate, onde mais será? (pensando)
É sempre muito fácil colocar a culpa no governo, no sistema e dizer que sente com isso. É muito fácil escrever cartazes, sair por aí apitando e exigindo que se cumpra a Constituição. É sempre muito fácil exigir o seu direito. Difícil mesmo é enxergar, reconhecer e lutar pelo direito do outro.
É dever do governo garantir que os candidatos a uma vaga no ensino superior tenham igualdade de condições para disputá-la. Enquanto não é possível pela reforma na educação, medidas paliativas devem ser adotadas. As cotas foram, até agora, o único mecanismo encontrado por algumas universidades brasileiras para resolver o difícil acesso de negros, índios e pobres às instituições públicas de ensino superior. Este sistema pode compor um conjunto de medidas práticas, efetivas e imediatas que apontem para o fim das desigualdades raciais na sociedade brasileira. É uma iniciativa corajosa e só dentro de alguns anos poder-se-á avaliar se realmente cumpre a sua finalidade. As piores opções são não fazer nada ou querer nos fazer crer que está tudo bem, ou que as cotas representam um grande perigo para a cultura brasileira, para as relações raciais no Brasil, para o futuro da humanidade. Basta desse conservadorismo travestido de humanismo. Se existem meios melhores que as cotas para aumentar o acesso de alunos do ensino público à universidade pública, que se adotem esses meios, que se façam programas sérios e eficientes, sem transferir o problema para outra esfera ou outra geração.
Caso as políticas públicas do setor de educação e a ação educativa no interior de escolas e universidades não levem em consideração esta situação de desigualdade quanto à escolarização, existente na sociedade, continuarão a contribuir para a reprodução da situação que condena a maior parcela dos jovens à evasão escolar, à marginalização ou à realização das mesmas atividades profissionais menos qualificadas e remuneradas dos seus pais.
Por que tanto medo de que alunos da rede pública também tenham acesso aos ditos “melhores cursos” da UFES? Ou será que medicina só pode ser cursada por filhos de médicos?
Ontem escutei uma proposta interessante: não deveriam ser os alunos do ensino médio particular a terem uma cota de vagas para entrar nas universidades públicas?
Enquanto isso, no Planalto Central
Novela da CPI do Apagão Aéreo
Parece que quem sofre de alguma apagão são os nossos parlamentares: apagão de neurônios! O desfecho da babel que é essa CPI está quase palpável (notaram um cheirinho de pizza subindo?). é só uma questão de tempo até os fornos funcionarem a todo vapor!
Novela do caso Renan
Espero que ninguém tenha se enganado quanto ao vilão da nossa novela das nove favorita. Mas, no mundo da política, em especial em Brasília,a impunidade é rainha (para minha profunda tristeza). Ninguém precisa ser punido. Para quê? Afinal, que mal há em conseguir alguns beneficiozinhos ‘por fora’? se não for assim, que graça tem ser parlamentar?!
Basta uma renunciazinha e pronto! A oposição fica feliz, o governo fica feliz, a mídia fica quieta e tudo é esquecido. Olha que lindo!
E tem mais
Ainda não satisfeitos, nossos parlamentares acabam de regulamentar a INFIDELIDADE partidária (respira fundo e contando até mil).
11 comentários:
É dona Brunella, interesse por interesse, políticos e vestibulandos das particulares só estão tentando manter seus cobertores quentinhos...
Elementar, minha cara Sylvia!
"Ontem escutei uma proposta interessante: não deveriam ser os alunos do ensino médio particular a terem uma cota de vagas para entrar nas universidades públicas?"
Desde quando os estudantes da rede particular não pagam impostos? Desde quando deixaram de ser cidadãos? Eles têm tanto direito de engressar na universidade pública quanto qualquer um.
Os poucos alunos da rede pública que realmente estudam e se esforçam possuem condições de passar no vestibular convencional, mas podem não passar da mesma forma que muitos alunos esforçados da rede particular também não passam, pelo simples fato de não haver vagas para todos. Nem todo mundo que estuda passa, e quem não estuda não passa MESMO.
As cotas vêm para "beneficiar" os alunos que não estudam, não deixam o professor lecionar e zombam do seu colega esforçado, afinal, eles sempre conseguiram passar de ano sem esforço mesmo...
Primeiro devemos ter em mente que todo tipo de manifestação é salutar para a democracia.
Segundo é muito importante saber que é dever do Estado tratar todos com igualdade e oferecer ensino de qualdiade a todos os brasileiros, independente de como estes estejam vestidos.
Terceiro, a luta não deve ser contra outros iguais (estudantes) e sim contra um Estado incompetente com claras manifestações anti-democráticas; e finalmente, muitos pais fazem sacrifícios sem tamanho para que seus filhos tenham um ensino de qualidade, buscando na escola particular, aquilo que o Estado não oferece, sendo portanto duplamente penalisado, pois suportam uma carga de impostos sem igual no mundo, e não tem o retorno devido.
Quando estivermos juntos cobrando, exigindo uma escola competente desde as séries iniciais, tratamento e salários dignos aos nossos professores, não teremos que procurar inimigos onde eles não existem. Fora luta de classes! União já contra um Estado incompetente que nada sabe!
Abraços e continuem trabalhando bem.
O aluno de escola pública precisa de uma atenção especial SIM!
A diferença de classes é fato visível. Fechar os olhos para isto é comodismo ou estupidez.
Quem NÃO tem DINHEIRO pra PAGAR pelo ENSINO PRIVAADO não tem ensino NENHUM e ponto final.
O sucateamento do ensino primário e médio público é o responsável por esse abismo.
O governo inoperante é o grande vilão. não ha dúvida quanto a isso.
luta de classes não é a solução. luta para acabar com o abismo entre as classes SIM! pressão para que o governo levante a bunda das cadeiras massageadoras e fala seu trabalho é a maior de todas.
Eu não quero tirar ou diminuir a culpa do governo - todos eles - pela falência do sistema educacional brasileiro. O que não acho justo é q os estudantes devam pagar por isso.
Se alunos do ensino particular e público tem um abismo para separá-los qto a qualidade do ensino, acho q devem sim ser criados mecanismos para q na hora de s disputar uma vaga na universidade pública eles tenham igualdade de condições de competir.
Qto a algumas coisas q andei escutando por aí: sobre a aprovação de alunos "menos capazes". Os alunos aprovados, mesmo pelas cotas, precisam cumprir um mínimo de pontuação exigida. Ou seja, nem vem com aquela d q as cotas vão beneficiar os q não estudam e bla bla bla. Quem não estudar, vai continuar não passando no vestibular. A não ser q tenha sorte. Acontece.
Frase para reflexão:
"Temos o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza e temos direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza"
(Boaventura de Souza Santos)
Caros universitarios que fasem parte deste blog,sempre estudei em escola dita "pública",mas sempre paguei para estudar em tais escolas,ñ diretamemte como acontece com as escolas "particulares",a diferença entre as duas na qualidade de ensino é perceptivel,mas o problema que eu observo é na forma como são adiminstradas,de forma direta e dinamica nas escolas particulares e indireta e com muitos entraves na rede pública,pois em varias situações recursos existem para as escolas públicas,porem até chegar ao destino este dinheiro passou por diverços setores e .....,por outro lado boa parte do dinheiro que é investido no ensino privado é abatido no imposto de renda,outros fatores que ñ devemos esquecer são os relativos a vida social dos candidatos,pois estes refletem muito no desenvolvimento emocional,fisico,de aprendisagem,de espequitativa proficional.Agora me diz como salutar para esta tal democracia que ñ pertence as classes em que se encontram estudates de escolas públicas,ñ seria nada espantoso que varios dos alunos beneficiados por esta democracia e que foram protestar contras as cotas tenha algum parente em algum setor do "estado",então me diz a quem verdadeiramente o estado pertence?
Oi Fred ñ te conheço e descordo desta sua obiservação sobre a escola pública,eu já estudei com alunos de faixas etárias diferentes no ensino médio,a maior parte dos que estudam no matutino ñ trabalha fora,assim como os do turno vespertino diferente do noturno em que quase todos trabalham fora e esta questão de ñ estudar é uma falacia pois como vc pode comprovar que o individuo em sala de aula ñ assimila nada,mesmo que este esteja copiando respostas?
As cotas apenas refletem as diferenças gritantes que existem hoje nos cursos estratégicos das universidades públicas e a classe que é beneficiaria ñ quer dar brecha para se reverter este beneficio,tornando-se uma luta de classes,mone as lutas de classes existem ñ adianta fechar os olhos e dizer que ñ existem,se é beneficiario ou espoliado.
Eu tenho consciencia que sou espoliado por este sistema e ñ desisto dos meus direitos.
Brunela eu tenho duas irmãs que fiseram cursos prevestibulares eu até o momento ñ fiz e passei 3 vezes na primeira fase eu tenho sorte,mais sorte por sempre ter notas melhores que as delas e mais ainda por aumenta-las a cada vest,é certo que eu ñ passei na segunda fase por ter lacunas em que eu tenho que trabalhar para que eu passe desta fase,mas se este seu argumento fosse verdadeiro eu tambem ñ teria passado no concurso dos correios,mais continuo achando que seja sorte oque eu tenho pena que ela ñ me contempla com um premio na loteria.Acontece!!?
Nós de escolas adiministradas pelo estado apenas reenvidicamos que nossa mãe ñ se torne madrasta no momento em que surjimos para a vida.
Pois é, Uxi concordo com você!
Uxi, falou tudo!
"Ontem escutei uma proposta interessante: não deveriam ser os alunos do ensino médio particular a terem uma cota de vagas para entrar nas universidades públicas?"
Sábia consideração. Mas é aquela velha história do cachorro que não quer largar o osso de jeito nenhum.
Essa coisa de manter os status quo...
até quando???
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