sábado, 26 de janeiro de 2008

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

bjork

A, E, I, O osso

Vogais é osso. Coitada da Björk, o negócio deve estar feio.


Agora assim

Agora o bicho pegou e pegou firme, uh.

Os ânimos se esquentaram na última semana e o mercado financeiro está uma loucura. A atual crise, que aliás, é um elogio ser chamada de "crise", descabela até os carecas do mercado. Sucessivamente, temos revisto a lição que diz que, com a globalização, a interdependência é cada vez maior e mais aterrorizante. Além disso, como bem queriam os neoliberais, cada vez mais o Estado é sem importância nesse jogo todo.

Nessa enxurrada de sinais desencontrados e bolsas despencando, vamos nos ater a duas coisas: embora o Fed tenha dado uma acalmada nos ânimos terça-feira, os 0,75 ponto percentual a menos na taxa básica de juros do EUA só fez cosquinhas nos investidores, que acordaram nos dias seguintes dispostos a romper com o mundo, o que deixa cada vez mais claro o que eu disse no fim do parágrafo anterior. Outra coisa: os governos não devem entrar no jogo do mercado, que veio dando indicações de que a coisa estava feia há pelo menos um ano, e deixar as coisas flutuarem na maionese. Entenderam?


It's rock

O Espírito Santo ainda é o maior exportador de rochas ornamentais do país (eu falo isso há uns três anos), respondendo por 65% das vendas nacionais. Em 2007 foram 680 milhões de dólares ianques de divisas para o país, e R$ 1,36 bi de riquezas só para o a terra da moqueca sem leite de coco. 130 mil pessoas trabalham neste setor no Estado. Que são capixabas, eu não boto minhas mãozinhas no fogo pra dizer.


Ainda

Uma nova linha de trem substituirá a Ferrovia Centro-Atlântica. É a Variante Litorânea Sul, ligando Argolas, em Vila Velha, até Cachoeiro de Itapemirim. Ela é motivo de comemoração para os empresários de mármore, granito, madeira, cimento e celulose da região. Na mesma onda, será construído um novo porto em Anchieta, para levar direto do trem para os navios, a temida produção de mármore e granito, que – todo mundo bem sabe – é um transtorno para se transportar em rodovias.

A Litorânea Sul, que é notícia requentada de outubro, terá 165 km de extensão, cortará 11 municípios, 20 pontes, 45 viadutos, 77 passagens inferiores e um túnel com 700 metros de extensão e está nos sonhos dos barões dos setores privilegiados. Quando sai? Ah, amigo, essa eu não sei. Também não sei se está no PAC. Creio que sim... Creio que não... Creio que talvez.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Ave Franklin! Por BruneLLa França.

É preciso aprender a amar Gaia

Longos períodos de secas e chuvas. Furacões e queimadas fora de época. O equilíbrio ecológico do nosso planeta azul está seriamente afetado. A humanidade nunca prestou tanta atenção ao meio ambiente. Estava na hora! Basta ver os estragos que a espécie Homo sapiens fez e faz com a nossa mãe Gaia.

Mas o discurso ecológico não pode ser apenas um modismo. É preciso que as pessoas entendam que defendendo o meio ambiente estamos defendendo também a humanidade. Apesar de existirem teses e pensadores que insistem em descobrir o que separa o homem da natureza, essa distinção não existe. Somos parte desse ecossistema complexo e gigantesco que forma as cadeias de vida em nosso planeta.

A destruição ambiental vem crescendo: restam hoje apenas 22% da cobertura vegetal do globo. O problema é agravado pelo fato de os interesses mercadológicos de muitas nações estarem acima do bem-estar da sociedade mundial. Parece difícil fazer alguns seres humanos entenderem que todos fazem parte de um ecossistema de escala planetária. Assim, as conseqüências do desmatamento na Amazônia, por exemplo, refletem nessa mesma escala. E isso é válido para toda interferência antrópica feita nos demais ecossistemas que compõem Gaia.

Quando a humanidade entenderá que o ser humano talvez seja o único ser vivo em todo Universo a ter uma consciência universal? Nesse caso, não só é uma responsabilidade global conservar os habitats deste planeta,mas uma responsabilidade cósmica.

Abram os olhos e vejam: o Sol não é apenas uma estrela, a Lua não é um mero satélite, nossa brilhante esfera azul não é apenas um planeta, o ser humano não é apenas um animal, um animal não é apenas terra e a terra não é apenas lava!

Mesmo que não exista consenso na comunidade científica sobre o futuro do planeta, em um ponto todos concordam: a única esperança de sobrevivência para a humanidade é mudar radicalmente a sua relação com a Terra. A Mãe precisa de cuidados. Quando a mãe adoece, todos os seus filhos estão ameaçados. A ciência sozinha não é capaz de dar a Gaia o que ela precisa. O desenvolvimento sustentável não se realiza só com a vontade. O poder da vontade não transforma o ser humano. O poder do tempo não transforma o ser humano. O amor transforma. É preciso aprender a amar Gaia!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth


O último grito da moda


São os modelos híbridos “morcego maligno extra-fashion com glamour super-hype capa de botija”, que a indústria da moda insiste em chamar de "baloné", alusão a uma coisa que a gente pode dizer que na verdade tem um pouco do tal híbrido descrito acima: muito tecido e gás debaixo pra fazer subir.


Na foto acima, temos bons exemplos do que já presenciamos neste verão e que deve bombar no próximo outono/inverno (que eles cheguem logo – o outono e o inverno). Nem bem Gisele (a Bündchen) desfilou seu corpicho saracura no Fashion Rio dentro de um modelito a lá Maria Antonietta, Cláudia Leitte ex-Babado Novo exibiu-se toda num pretinho basiquérrimo no global Calderão do Huck do último sábado, 12 de janeiro.


Quanto ao sujeito da penúltima foto... Bom, pra ele o último grito deve ser "Jerôôniiiimmooooooooo".


Nada de novo

Nem aqui, nem na China. A terra das Olimpíada divulgou o polpudo resultado do seu superávit comercial do ano que passou.

Foram US$ 262 bilhões (R$ 460 bi) positivos no saldo comercial chinês. E não é que eles não ficaram satisfeitos? Especialistas oficiais queriam mais, queriam um superávit de NO MÍNIMO US$ 300 bi. É mole?

E a presença do Brasil como destino fácil dos produtos made in China também não foi novidade. Por aqui, na frente deles, só os made in USA.

Em 2006 o saldo havia sido positivo para nós, mas os consecutivos resultados negativos da balança comercial tupiniquim em relação à grande nação vermelha durante todo o ano, se tornaram uma bela nota vermelha (combinando com a China, claro). Depois de um superávit de US$ 412 milhões em 2006, o Brasil passou ao déficit de US$ 1,868 bi, resultado do aumento em 57,3% nas importações brasileiras vindas do lar de Mao Tsé-tung. Em espécie, isso significa 12,617 bilhões de dólares ianques.


Sofre, baixa renda

“IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fecha 2007 em alta de 4,46%, próxima ao centro da meta.”


“Inflação oficial do País sobe 1,3 ponto porcentual a mais que em 2006, pressionada pelos preços dos alimentos.”


“O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou o ano passado com uma variação maior que o IPCA, de 5,16%. Em 2006, o INPC tinha acumulado alta de 2,81%. Em dezembro o INPC ficou em 0,97%, também acima do IPCA do mês (0,74%).”


Em tempo: o INPC registra a variação no poder de compra de famílias com um rendimento de um a seis salários mínimos. O IPCA abrange as famílias com rendimento de um a 40 mínimos. Lerê, lerê...



Depois vocês dizem que eu sou governista. Governista sim, golpista não.


O Governo Federal vai abrir uma linha de crédito especial para o Governo cubano pegar emprestado com o Brasil US$ 1 bilhão. Os dígitos estratosféricos para nós, pobres mortais assalariados, dão medo. São nove zerinhos, certo? O dinheiro deve ir para a alimentação, a construção de estradas, a exploração de níquel, os empreendimentos hoteleiros e a produção de medicamentos e vacinas.


Vai ser como quando o banco lhe oferece um crédito a perder de vista, mesmo sabendo que você não vale um tostão furado e esmerilhado, mas lhe empresta porque “confia” em você, porque ele lhe ama e quer lhe ver feliz e saltitante.


A gente sabe que investir (é como o Governo chama, eu estou tentando ser imparcial) 1 bilhão de dólares ianques em Cuba é como jogar um balde de água no Nordeste. Não deixe que os outros lhe façam pensar que depois deste belíssimo ato humanitário, tudo vai mudar. Um bilhão bem investido, é claro, traz retorno certo. Mas, aí são outros quinhentos.


Depois do fim da CPMF e de R$ 40 bi simplesmente precisarem evaporar das contas públicas, dá um frio na espinha infeliz ouvir dizer que o Brasil está de caridade com nosso rico bilhãozinho.


Mas até a Petrobrás pensa em investir em Cuba. E a Petrobrás, amigos, lembrem-se: é uma empresa muito mais “mercadológica” do que “governista”, ou melhor “política”. Ou seja, o importante para ela é como, em quanto tempo, e em qual quantidade aquilo se reverterá em dígitos para ela própria, e não qual peso político o que ela fizer vai fazer bem ao ego dela.


Se alguém neste recinto acha que ser governista é um insulto, pode me chamar de governista. Apedreja mesmo, sou classe média, estou aí é pra isso mesmo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Inparcial por Rafael Arcanjo Jr.

Campanha humanitária
Salvem a ex-princesinha do pop nossa amada Britney Spears.
Depois de muitas idas e vindas de sanatórios, spa's e similares a musa decaída está pior do que nunca.
Esse ano ela morre.Para tentar reverter esse destino trágico que supera o do rei Michel, lanço aqui a campanha "Salve a Britney".
Façam correntes , mandem email's, comunidades no orkut! entrem em contato com a pobre pós adolescente surtada e deixem seu apoio.
salve a Britney.
ps.: caso ninguém consiga, o que é muito provável, deixo aqui a enquete:
como a Britney vai se matar?
1.overdose
a-cocaína.
b-cocaína e heroína.
c-cocaína e heroína e diuréticos.
d-cocaína ,heroína e álcool.
2.enforcamento.
a-com lençois.
b-com a chapinha à la sylvia.
c-com corda.
d-com cinto de strass.
3. se jogando de um prédio.
4. à la japonesa.
5.se jogando na frente de um carro.
6.afogada.
7.cortando os pulsos
8.cortando a garganta.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ave Franklin! Por BruneLLa França.

Bem senhoras e senhores...*

E aqui estou eu para falar de futebol! Aproveitando que o Capixabão 2008 está aí, eu tenho umas coisinhas a dizer sobre esse esporte que gosto tanto. Por enquanto não vou falar sobre o Campeonato Capixaba...

Só um recadinho pra provocar os rivais: A GANG ALVI-NEGRA SÓ CANTA PRA VENCER, PEGA UM PEGA GERAL, TAMBÉM VAI PEGAR VOCÊ!

É isso aí!!!!!! Clube Atlético Colatinense... Mal posso esperar para ouvir trilar o apito do árbitro!

Mas... O assunto deste texto é outro. Está ainda no ano passado. Mais precisamente, no dia 17 de dezembro.

**Túnel do tempo**

Na festa de entrega do prêmio dos melhores do mundo pela Fifa só deu Brasil. Tudo nosso!

E é agora que as pessoas poderão atirar suas pedras.

Pois bem... O melhor jogador do mundo, Kaká – eleito com 1047 pontos contra o argentino Leonel Messi (504) e o português Cristiano Ronaldo (426) – fez realmente uma boa temporada. É eficiente no time no qual joga – o Milan da Itália – sabe conduzir a bola, chutar ao gol e se posicionar em campo.

**Já ouço vozes gritando estridentemente o nome do jogador**

Acontece que para mim o Kaká não passa de um jogador eficiente. Eu não vejo nele um craque. Ele joga bem sim, admito, mas meus olhos não brilham ao vê-lo jogar.

**Que atire a primeira pedra aquele que me mostrar uma jogada genial do meio campista do Milan e da seleção**

Dou os parabéns ao jogador por sua eficiência em suas atuações e pelos títulos que conquistou. Porém, não exijam que eu o exalte como um gênio da bola, porque eu não acho mesmo que ele seja um!

**Criando inimizade com a mulherada**

E, por favor, não me venham dizer também com gritos histéricos que o Kaká é lindo. Eu não acho que ele seja nem bonito...

**Pronta para a crucificação**


Majestade da bola

Ok, vocês devem estar se perguntando estão quem seria o rei da bola pra mim. Quem já me conhece um pouquinho sabe exatamente qual será a minha resposta. Mesmo que não concorde com ela.

Na humilde opinião desta amante do futebol, o título de majestade da bola de 2007 só pode ter um dono, ou melhor, dona! É isso mesmo. E o nome dela é Marta Vieira da Silva. Eleita pelo segundo ano consecutivo a melhor jogadora de futebol do mundo pela Fifa. Também pudera, quem iria concorrer com ela?

**Podem apontar concorrentes, porque a minha opinião não é a verdade absoluta**

E, é claro, que para mim o lance mágico do ano foi protagonizado por ela. (Se bem que eu poderia listar bem mais de um).

Semifinal da Copa do Mundo de Futebol Feminino na China... Adversário: Estados Unidos. Momento: 33 minutos do segundo tempo. O que ela fez? Como descrever aquela jogada? Eu não consigo pôr em palavras.

Certa vez alguém muito especial me disse que quando estamos diante de algo absolutamente genial, as palavras tornam-se supérfluas, pois não alcançariam o sentimento provocado em nós. Exatamente isso que eu sinto.

Eu lembro que no dia do jogo eu chorei e não sabia explicar. E continuo não sabendo explicar. E continuo encantada com a jogada da número 10 da seleção. E eu não me canso de assistir.

Para facilitar a vida de quem não viu o lance – em que planeta estava? –, de quem se lembra vagamente e quer ver de novo ou de quem – como eu – não cansa de olhar a majestade em ação, aqui vai o link pra ver e rever quantas vezes quiser.

O primeiro tem uma ediçãozinha legal, com dois lances até e ao som de Brasileirinho – nada mais brasileiro que o futebol arte da Marta.

http://www.youtube.com/watch?v=XTKWximgBDs

O segundo é a jogada do gol de todos os ângulos pra quem quer ter uma aula de como fazer um gol inesquecível, arte com abola nos pés e drible desconcertante na zaga – e tudo isso em apenas uma lição!

http://www.youtube.com/watch?v=Iba7RiOuvEQ&feature=related

Então que venha a temporada 2008 de futebol. E esse ano tem Olimpíadas! Pequim está quase pronta para receber o maior espetáculo esportivo da Terra!

E a seleção feminina estará lá com sua majestade. Quando ela estiver em campo só me resta fazer reverência! Depois dos vídeos acima mais alguém ainda tem dúvida se vai acordar ou ficar acordado de madrugada para ver os jogos da seleção feminina de futebol???

Eu não me canso de olhar... E fico torcendo para que outros gols e lances como esse aconteçam de novo e de novo e de novo. Marta, a Magnífica... Como não tenho palavras para ela, deixo então que ela mesma fale com a bola nos pés!



*O título desta coluna é uma homenagem a quem me ensinou sobre futebol: meu pai!

Alcenir Coutinho (narrador de vanguarda do rádio esportivo capixaba, o garotinho): Para fazer o balanço do jogo aí vem ele, o comentarista de peso, Laerte França.
\o/

Vinheta: Tá gostando, Lalá?

Laerte França: Bem senhoras e senhores...


ATENÇÃO BOLEIROS CAPIXABAS, VAI COMEÇAR A FARRA DE GOLS DESTE ANO!!!
Campeonato Capixaba 2008 - 1ª rodada

Sábado - 12/01/2008
16:30 - Linhares X Serra, no Estádio Joaquim Calmon
16:30 - CTE X Vilavelhense, em Santa Teresa
18:00 - Jaguaré X Pinheiros, no Estádio Conilon

Segunda-feira - 14/01/2008
20:15 - Clube Atlético Colatinense X Rio Branco, no Estádio Justiano de Melo e Silva

Quarta-feira - 16/01/2008
19:30 Desportiva X Rio Bananal, no Estádio Engenheiro Araripe

QUE VENHAM OS GOLS E QUE O ESPETÁCULO ACONTEÇA TAMBÉM NAS ARQUIBANCADAS!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ave Franklin! Por BruneLLa França.

Feliz Ano Novo!
Mesmo que o ano não seja mais tão
novo assim...
E esse ano temos muitas responsabilidades... É o Ano Internacional do Planeta! Parece que enfim esses seres prepotentes e que se acham os donos do mundo acordaram para a necessidade de cuidar de nossa casa no Universo - estou falando dos homo sapiens sapiens, mais precisamente, de você e de mim.
E, se todo mundo dá os seus pitacos sobre como deve ser planejada a 'redecoração' da nossa casa, eu também quero falar.
Antes do texto, quero esclarecer a minha ausência aqui... Era segredo, mas quero compartilhar com vocês... A Bru está escrevendo um romance... Na verdade, ela nem tem domínio sobre o texto mais... É o texto que manda nela...
Pois é... Mas apesar de estar envolvida inteiramente com as minhas personagens, eu aparecerei por aqui mais vezes...
Eu preciso falar uma coisa sobre o futebol que as pessoas, acho, não gostarão muito, mas vai ficar para a próxima!
Bem... eis o texto!

Desenvolvimento humano: a alternativa para um mundo melhor.

Neste início do século XXI, vivemos em uma nova ordem geopolítica, considerada multipolar, na qual se destacam uma nova fase no processo de globalização e a revolução tecnocientífica. Esta multipolaridade não significa, porém, que os países estejam todos num mesmo patamar. Aliás, após o fim da bipolaridade global, as disparidades que sempre existiram entre países díspares se acentuaram.

Isso ocorreu, primeiramente, com a tensão produzida pela Guerra Fria, pois as atenções se voltavam para a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial entre as duas potências da época. Tal fato escondia os problemas das desigualdades internacionais. A oposição Leste-Oeste obscurecia a oposição Norte-Sul, haja vista os países periféricos serem focados apenas como área de influência a ser dominada. Após a crise do então Segundo Mundo e o término da Guerra Fria, os problemas sócio-político-econômicos dos estados periféricos ficaram notórios e se tornaram assuntos recorrentes nas discussões internacionais, embora pouco tenha sido feito para superá-los.

Além disso, a atual fase da globalização e a nova revolução tecnológica (concentrada nos países membros do G-7) aumentam as diferenças entre as nações ricas e pobres, salvo algumas exceções. Se por um lado alguns países vivem na realidade deste século, com tecnologia avançada e elevados padrões de vida e de consumo, por outro, muitos países permanecem numa realidade similar à do século XIX, com tecnologia superada, como as carroças de boi, principal meio de transporte e de carga em nações da África e da Ásia. Somam-se a isso a pobreza absoluta de amplas camadas da população e os sérios problemas estruturais nos serviços básicos. É triste verificar que, enquanto em algumas localidades do globo a expectativa de vida já ultrapassa os 80 anos, em outras ela ainda está na casa dos 37.

Há de se observar ainda o grupo dos países intermediários com alguns setores desenvolvidos e outros bastante atrasados. Nessas economias predominam as empresas privadas e a sociedade urbana se divide basicamente em duas classes: a burguesia, composta pelos donos dos meios de produção, vivendo dos lucros de suas propriedades, e o proletariado, os que vivem de seu trabalho, pago sob a forma de salários achatados e não-condizentes às necessidades dos cidadãos. No meio rural, mudam-se as designações das classes, mas a exploração é semelhante.

Vale afirmar que os Estados pertencentes à periferia se caracterizam por intensa dependência econômico-tecnológica com relações comerciais desfavoráveis; vultosas dívidas externas; expressivo número de transnacionais em seus territórios, provocando forte descapitalização, pois boa parcela dos lucros é remetida às matrizes estrangeiras; raras criações em tecnologia e imanente reprodução de técnicas e padrões criados no exterior. Essa dependência é agravada pelo fato de os investimentos em educação e pesquisa serem precários nos países pobres, determinando uma mão-de-obra desqualificada e a carência de novas idéias e técnicas apropriadas a suas realidades.

Há de se ressaltar, ainda, as profundas desigualdades sociais. A classe pobre é “sub-todasascoisas” da elite. Nos países subdesenvolvidos, os ricos são mais ricos e os pobres são muito mais pobres que nos países desenvolvidos. No Japão ou na Holanda, por exemplo, os 10% mais ricos da população possuem cerca de 22% da renda nacional, na Turquia os 10% mais ricos possuem 42% e, no Brasil, mais de 50% da renda. E, inversamente, enquanto os 60% mais pobres do Japão ou da Holanda detêm cerca de 35% da renda nacional, na Turquia eles possuem cerca de 18% da renda e no Brasil apenas 16%, aproximadamente.

Analisando a relação Centro-Periferia, vemos esses dois grupos formando um único sistema internacional: o capitalista. E foi o modo de produção capitalista que, ao longo da história, engendrou as grandes desigualdades sócio-técnico-econômicas existentes hoje. A divisão internacional do trabalho, que estabelece as relações entre nações, sempre foi marcada pelas mudanças ocorridas no mecanismo do sistema capitalista. A fronteira que opõe Estados ricos e pobres, portanto, é produto das políticas coloniais mercantilista e imperialista, e se tem aprofundado atualmente. Tal fronteira também é responsável pelas migrações internacionais, constituídas de grandes contingentes humanos das nações subdesenvolvidas, ingressando, legal ou clandestinamente, nas nações desenvolvidas em busca de melhores oportunidades de vida. Assim sendo, se as relações internacionais permanecerem essas, com nações monopolizando o conhecimento e os benefícios do processo de mundialização, a tendência é que o abismo existente entre os países se aprofunde cada vez mais.

Lutar contra a ordem econômica capitalista, consumista e excludente que aí está é uma tarefa árdua. Para isso, algumas providências são necessárias. Uma delas é traçar uma estratégia global visando ao desenvolvimento. Isto requer discutir novos gerenciamentos da educação, a saúde, economia, segurança pública... e todas as questões relacionadas à esfera social. Afinal, é preciso equilibrar e integrar crescimento econômico e justiça social. Esse é o grande desafio de hoje.

Além disso, para alcançarmos bons resultados, são necessárias mudanças de comportamento e medidas convergentes por parte dos países ricos e dos periféricos, em prol do verdadeiro desenvolvimento: o do homem. O cérebro humano deve ser a fábrica e o homem, o fator e beneficiário desse desenvolvimento. Afinal, os produtos é que devem estar a serviço da humanidade e não o inverso. Não podemos reificar a natureza humana. É de vital importância perceber que os recursos humanos – a população com sua escolaridade e seu poder aquisitivo – são mais importantes do que recursos materiais, armamentos ou financeiros. Fundamental também é a consciência e ação ecológica, pois o consumo predatório da natureza ou sua deterioração ocasionarão uma pior qualidade de vida.

É fato que a condição de subdesenvolvido também é resultado da má utilização dos recursos humanos e naturais. Pessoas são vistas como commodities e a exploração das riquezas não constitui fator de desenvolvimento para todo o país. Desse modo, somente a expansão econômica não possibilita as mudanças necessárias ao processo de integração e interação dos diversos grupos de seres humanos, desenvolvidos ou não, dentro de um sistema macroeconômico integrado que garanta condições sociais dignas a todos. Urge, por conseguinte, que o bem-estar social da humanidade esteja acima de todo e qualquer interesse financeiro. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para arruinar países inteiros na volúpia da especulação.

A análise não pára por aí. O estágio de subdesenvolvimento implica uma forma de sub-educação. Sendo assim, temos que garantir educação de qualidade a todos, juntamente com saúde e alimentação balanceada. Mesmo porque, estando doente ou subnutrido, é impossível desenvolver plenamente o potencial intelectual do capital humano.

Alguns caminhos para um mundo melhor podem ser vislumbrados: quebra de patentes dos medicamentos, transformação da dívida externa dos países em recursos para garantir que cada criança do globo seja alimentada e freqüente a escola. Destarte, alcançaremos uma economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrada, calcada em um novo modelo educacional. Este modelo deveria alterar comportamentos e promover mudanças substantivas de valores e atitudes.

A educação é um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de um país. Através da produção de conhecimentos uma nação cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Assim sendo, a educação, a informação e a conscientização política, aliadas a instrumentos econômicos, jurídicos e a políticas públicas adequadas, têm a missão de alterar comportamentos e promover mudanças substantivas de valores e atitudes.

Seria uma revolução desmercantilizar a educação e garantir a sua natureza pública; tornar a cidade ou o meio rural um espaço intencionalmente educativo; trazer para a escola o conhecimento e as experiências de suas comunidades; incorporar ao currículo a leitura da cidade, do campo e do mundo, realizada pelos educandos a partir de suas identidades culturais. O saber não deve ser instrumento de exclusão social. É preciso, pois, desenvolver a pedagogia da participação democrática consolidando o caráter público dos espaços educacionais da sociedade. Educar para a cidadania e para a formação profissional eficiente é um caminho para um mundo mais justo. É importante, portanto, conceber a criança e o jovem, deficientes ou não, como agentes criativos, criadores e críticos.

Mas isso não é tudo. Deve-se combater a fome e a miséria, grandes problemas da contemporaneidade. Afinal, dois terços da humanidade sofrem de maneira epidêmica ou endêmica os efeitos destruidores desses flagelos. E é na forma como está organizado o aumento da oferta de produção que reside a raiz da exclusão social que conduz à fome. Logo, é de extrema necessidade que a distribuição de renda seja justa para garantir o acesso a uma dieta alimentar balanceada. Ademais, uma agricultura com estrutura semelhante à colonial constitui um fator negativo para o abastecimento de um país. Os latifúndios monocultores, hoje mecanizados, e visando à exportação representam essa estrutura, que acarreta a existência de grandes massas de sem-terra, trabalhadores de terra alheia assalariados ou até escravizados. O minifúndio, por sua vez, conota uma exploração antieconômica da terra, caracterizando uma miséria crônica, sustentada pelas culturas de subsistência que, às vezes, não garantem sequer o sustento da família. O ideal é o meio termo, leia-se a pequena ou a média propriedade.

O mundo precisa de uma mudança conceitual que se contraponha ao consumismo capitalista, planos de ações locais de efeito planetário. Isso somente será possível se houver um esforço integrado de muitas agências, instituições como a ONU e dos indivíduos. Nesse contexto, trabalho voluntário e ONGs se apresentam como bons meios de modificarmos esse quadro por serem instrumentos capazes de organizar a comunidade através da educação e da conscientização política, capacitando-a a construir uma realidade sustentável, na qual todos os países alcançarão excelência no sistema de ensino, com excelentes universidades e institutos de pesquisas científicas e tecnológicas; sistema de saúde pública em pleno funcionamento; força de trabalho qualificada e com elevada escolaridade média; satisfatório mercado consumidor, ou seja, populações com alto nível médio de rendimentos e poder de compra; Estado ocupado com eficiência de educação, saúde e moradia; lei e ordem; preservação ambiental; incentivos ao desenvolvimento e que não desperdice recursos nem seja burocratizado.


O caminho para construirmos um mundo melhor é longo e ainda estamos nos primeiros passos.