Feliz Ano Novo!Mesmo que o ano não seja mais tão
novo assim...
E esse ano temos muitas responsabilidades... É o Ano Internacional do Planeta! Parece que enfim esses seres prepotentes e que se acham os donos do mundo acordaram para a necessidade de cuidar de nossa casa no Universo - estou falando dos
homo sapiens sapiens, mais precisamente, de você e de mim.
E, se todo mundo dá os seus pitacos sobre como deve ser planejada a 'redecoração' da nossa casa, eu também quero falar.
Antes do texto, quero esclarecer a minha ausência aqui... Era segredo, mas quero compartilhar com vocês... A Bru está escrevendo um romance... Na verdade, ela nem tem domínio sobre o texto mais... É o texto que manda nela...
Pois é... Mas apesar de estar envolvida inteiramente com as minhas personagens, eu aparecerei por aqui mais vezes...
Eu preciso falar uma coisa sobre o futebol que as pessoas, acho, não gostarão muito, mas vai ficar para a próxima!
Bem... eis o texto!
Desenvolvimento humano: a alternativa para um mundo melhor.
Neste início do século XXI, vivemos em uma nova ordem geopolítica, considerada multipolar, na qual se destacam uma nova fase no processo de globalização e a revolução tecnocientífica. Esta multipolaridade não significa, porém, que os países estejam todos num mesmo patamar. Aliás, após o fim da bipolaridade global, as disparidades que sempre existiram entre países díspares se acentuaram.
Isso ocorreu, primeiramente, com a tensão produzida pela Guerra Fria, pois as atenções se voltavam para a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial entre as duas potências da época. Tal fato escondia os problemas das desigualdades internacionais. A oposição Leste-Oeste obscurecia a oposição Norte-Sul, haja vista os países periféricos serem focados apenas como área de influência a ser dominada. Após a crise do então Segundo Mundo e o término da Guerra Fria, os problemas sócio-político-econômicos dos estados periféricos ficaram notórios e se tornaram assuntos recorrentes nas discussões internacionais, embora pouco tenha sido feito para superá-los.
Além disso, a atual fase da globalização e a nova revolução tecnológica (concentrada nos países membros do G-7) aumentam as diferenças entre as nações ricas e pobres, salvo algumas exceções. Se por um lado alguns países vivem na realidade deste século, com tecnologia avançada e elevados padrões de vida e de consumo, por outro, muitos países permanecem numa realidade similar à do século XIX, com tecnologia superada, como as carroças de boi, principal meio de transporte e de carga em nações da África e da Ásia. Somam-se a isso a pobreza absoluta de amplas camadas da população e os sérios problemas estruturais nos serviços básicos. É triste verificar que, enquanto em algumas localidades do globo a expectativa de vida já ultrapassa os 80 anos, em outras ela ainda está na casa dos 37.
Há de se observar ainda o grupo dos países intermediários com alguns setores desenvolvidos e outros bastante atrasados. Nessas economias predominam as empresas privadas e a sociedade urbana se divide basicamente em duas classes: a burguesia, composta pelos donos dos meios de produção, vivendo dos lucros de suas propriedades, e o proletariado, os que vivem de seu trabalho, pago sob a forma de salários achatados e não-condizentes às necessidades dos cidadãos. No meio rural, mudam-se as designações das classes, mas a exploração é semelhante.
Vale afirmar que os Estados pertencentes à periferia se caracterizam por intensa dependência econômico-tecnológica com relações comerciais desfavoráveis; vultosas dívidas externas; expressivo número de transnacionais em seus territórios, provocando forte descapitalização, pois boa parcela dos lucros é remetida às matrizes estrangeiras; raras criações em tecnologia e imanente reprodução de técnicas e padrões criados no exterior. Essa dependência é agravada pelo fato de os investimentos em educação e pesquisa serem precários nos países pobres, determinando uma mão-de-obra desqualificada e a carência de novas idéias e técnicas apropriadas a suas realidades.
Há de se ressaltar, ainda, as profundas desigualdades sociais. A classe pobre é “sub-todasascoisas” da elite. Nos países subdesenvolvidos, os ricos são mais ricos e os pobres são muito mais pobres que nos países desenvolvidos. No Japão ou na Holanda, por exemplo, os 10% mais ricos da população possuem cerca de 22% da renda nacional, na Turquia os 10% mais ricos possuem 42% e, no Brasil, mais de 50% da renda. E, inversamente, enquanto os 60% mais pobres do Japão ou da Holanda detêm cerca de 35% da renda nacional, na Turquia eles possuem cerca de 18% da renda e no Brasil apenas 16%, aproximadamente.
Analisando a relação Centro-Periferia, vemos esses dois grupos formando um único sistema internacional: o capitalista. E foi o modo de produção capitalista que, ao longo da história, engendrou as grandes desigualdades sócio-técnico-econômicas existentes hoje. A divisão internacional do trabalho, que estabelece as relações entre nações, sempre foi marcada pelas mudanças ocorridas no mecanismo do sistema capitalista. A fronteira que opõe Estados ricos e pobres, portanto, é produto das políticas coloniais mercantilista e imperialista, e se tem aprofundado atualmente. Tal fronteira também é responsável pelas migrações internacionais, constituídas de grandes contingentes humanos das nações subdesenvolvidas, ingressando, legal ou clandestinamente, nas nações desenvolvidas em busca de melhores oportunidades de vida. Assim sendo, se as relações internacionais permanecerem essas, com nações monopolizando o conhecimento e os benefícios do processo de mundialização, a tendência é que o abismo existente entre os países se aprofunde cada vez mais.
Lutar contra a ordem econômica capitalista, consumista e excludente que aí está é uma tarefa árdua. Para isso, algumas providências são necessárias. Uma delas é traçar uma estratégia global visando ao desenvolvimento. Isto requer discutir novos gerenciamentos da educação, a saúde, economia, segurança pública... e todas as questões relacionadas à esfera social. Afinal, é preciso equilibrar e integrar crescimento econômico e justiça social. Esse é o grande desafio de hoje.
Além disso, para alcançarmos bons resultados, são necessárias mudanças de comportamento e medidas convergentes por parte dos países ricos e dos periféricos, em prol do verdadeiro desenvolvimento: o do homem. O cérebro humano deve ser a fábrica e o homem, o fator e beneficiário desse desenvolvimento. Afinal, os produtos é que devem estar a serviço da humanidade e não o inverso. Não podemos reificar a natureza humana. É de vital importância perceber que os recursos humanos – a população com sua escolaridade e seu poder aquisitivo – são mais importantes do que recursos materiais, armamentos ou financeiros. Fundamental também é a consciência e ação ecológica, pois o consumo predatório da natureza ou sua deterioração ocasionarão uma pior qualidade de vida.
É fato que a condição de subdesenvolvido também é resultado da má utilização dos recursos humanos e naturais. Pessoas são vistas como commodities e a exploração das riquezas não constitui fator de desenvolvimento para todo o país. Desse modo, somente a expansão econômica não possibilita as mudanças necessárias ao processo de integração e interação dos diversos grupos de seres humanos, desenvolvidos ou não, dentro de um sistema macroeconômico integrado que garanta condições sociais dignas a todos. Urge, por conseguinte, que o bem-estar social da humanidade esteja acima de todo e qualquer interesse financeiro. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para arruinar países inteiros na volúpia da especulação.
A análise não pára por aí. O estágio de subdesenvolvimento implica uma forma de sub-educação. Sendo assim, temos que garantir educação de qualidade a todos, juntamente com saúde e alimentação balanceada. Mesmo porque, estando doente ou subnutrido, é impossível desenvolver plenamente o potencial intelectual do capital humano.
Alguns caminhos para um mundo melhor podem ser vislumbrados: quebra de patentes dos medicamentos, transformação da dívida externa dos países em recursos para garantir que cada criança do globo seja alimentada e freqüente a escola. Destarte, alcançaremos uma economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrada, calcada em um novo modelo educacional. Este modelo deveria alterar comportamentos e promover mudanças substantivas de valores e atitudes.
A educação é um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de um país. Através da produção de conhecimentos uma nação cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Assim sendo, a educação, a informação e a conscientização política, aliadas a instrumentos econômicos, jurídicos e a políticas públicas adequadas, têm a missão de alterar comportamentos e promover mudanças substantivas de valores e atitudes.
Seria uma revolução desmercantilizar a educação e garantir a sua natureza pública; tornar a cidade ou o meio rural um espaço intencionalmente educativo; trazer para a escola o conhecimento e as experiências de suas comunidades; incorporar ao currículo a leitura da cidade, do campo e do mundo, realizada pelos educandos a partir de suas identidades culturais. O saber não deve ser instrumento de exclusão social. É preciso, pois, desenvolver a pedagogia da participação democrática consolidando o caráter público dos espaços educacionais da sociedade. Educar para a cidadania e para a formação profissional eficiente é um caminho para um mundo mais justo. É importante, portanto, conceber a criança e o jovem, deficientes ou não, como agentes criativos, criadores e críticos.
Mas isso não é tudo. Deve-se combater a fome e a miséria, grandes problemas da contemporaneidade. Afinal, dois terços da humanidade sofrem de maneira epidêmica ou endêmica os efeitos destruidores desses flagelos. E é na forma como está organizado o aumento da oferta de produção que reside a raiz da exclusão social que conduz à fome. Logo, é de extrema necessidade que a distribuição de renda seja justa para garantir o acesso a uma dieta alimentar balanceada. Ademais, uma agricultura com estrutura semelhante à colonial constitui um fator negativo para o abastecimento de um país. Os latifúndios monocultores, hoje mecanizados, e visando à exportação representam essa estrutura, que acarreta a existência de grandes massas de sem-terra, trabalhadores de terra alheia assalariados ou até escravizados. O minifúndio, por sua vez, conota uma exploração antieconômica da terra, caracterizando uma miséria crônica, sustentada pelas culturas de subsistência que, às vezes, não garantem sequer o sustento da família. O ideal é o meio termo, leia-se a pequena ou a média propriedade.
O mundo precisa de uma mudança conceitual que se contraponha ao consumismo capitalista, planos de ações locais de efeito planetário. Isso somente será possível se houver um esforço integrado de muitas agências, instituições como a ONU e dos indivíduos. Nesse contexto, trabalho voluntário e ONGs se apresentam como bons meios de modificarmos esse quadro por serem instrumentos capazes de organizar a comunidade através da educação e da conscientização política, capacitando-a a construir uma realidade sustentável, na qual todos os países alcançarão excelência no sistema de ensino, com excelentes universidades e institutos de pesquisas científicas e tecnológicas; sistema de saúde pública em pleno funcionamento; força de trabalho qualificada e com elevada escolaridade média; satisfatório mercado consumidor, ou seja, populações com alto nível médio de rendimentos e poder de compra; Estado ocupado com eficiência de educação, saúde e moradia; lei e ordem; preservação ambiental; incentivos ao desenvolvimento e que não desperdice recursos nem seja burocratizado.
O caminho para construirmos um mundo melhor é longo e ainda estamos nos primeiros passos.