quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Quero Ser Miriam Leitão, por Sylvia Ruth

Não sei a que mais pode estar fadada a geração da boquinha da garrafa senão à gravidez precoce

Vizinho ao meu prédio, na quadra de trás, tem uma creche municipal, que eu tenho até orgulho de dizer que é municipal porque ela é muito bonita, parece um barco, um navio, uma coisa assim. Minhas colegas de sala devem saber o quanto fiquei feliz também quando acordei ao som de Adriana Partimpim que vinha da tal creche.

Daí, continuei acompanhando a programação musical da escolinha, muito satisfeita com o que ouvia, inclusive. Muito oposto ao que poderia parecer, eu até que gostava do "barulinho" - ele era didaticamente correto, o que derrubava por terra a idéia que eu tinha há algum tempo de que as crianças não ouviam mais músicas de criança.

Até que segunda-feira um som nada agradável, vindo da creche, estremeceu meus ouvidos. Era a estrela do grotesco grupo de Belém do Paráááááá Calypso. Sinceramente, quase chorei. Hoje, já tocou Kelly Key e Latino, numa tacada só, como numa parada de hits da pior espécie, anunciadores do final dos tempos.

Me lembrei que meu irmão achincalhava minha geração, porque enquanto a dele foi da turma do Balão Mágico, a minha foi a das poses rebolativas das oxigenadas do Axé Music. É, tenho vergonha disso, mas enquanto Carla Perez virou mãe de família e puxadora de trio elétrico infantil, Simony arranjou um filho com um traficante preso que Gugu insistia em libertar.

No fim, tudo vira passado e os mais bizarros ganham o horário nobre dos shows de tevê mais sensacionalistas. Enquanto isso, a geração deles se enfurna nos escritórios para fazer um país mais feliz (para eles) e coloca seus filhos na creche e fa-los ouvir o que há de ser o inacreditável de amanhã. Kelly Key também vai virar uma velha recalcada, escreva.

Sinto muito para quem entrou aqui achando que ia me ver fazendo piadinhas sobre economia. É que, convenhamos, falar mal da Kelly Key (que aliás está bem sumidinha, tipo Britney Spears - aliás, a ex do Latino não consegue nem dar uns barracos divertidos tipo a loura desengonçada lá dos States, mas esse é assunto para a também sumidinha Simone Azevedo) é bem mais fácil.

Saudações amigos, enquanto o futuro monetário de vocês é decidido na CPMF.

5 comentários:

Amora disse...

Foda! Muito bem sacado colocar ai o desfecho de carla peris e simony.
só nao gostei da alfinetada nas oxigenadas. ô loirinha é o que há.Me da licença?
ah sim.Adriana partimpim é bem melhor que kelly key.Só nao me venha falar mal do zezé de camargo,por favor.

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Eu estou preocupadíssima com o meu futuro financeiro, camarada Sylvia!

E sem comentários sobre Adriana ParTimPim versus aquelas outras coisas monstruosas q as crianças ouvem.
¬¬'

E além disso, fingimos não enxergar o q está na nossa cara: o problema d adolescentes grávidas...
(já virou clichê? sim! mas o problema permanece).

Enfim, Quero ser Sylvia Ruth!

Aline Dias disse...

eu já disse que gosto do que vc escreve?

bom, nã importa.

eu gosto.

e gosto um bocado.

e, bem, a Kelly Key já é mãe de família desde os 16

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Eu já disse uma vez e repito: a Sylvia é a colunista mais competente deste blog!

Simone Azevedo disse...

E a Simone Azevedo passou por aqui.