A Ópera bufa do Congresso Nacional
A bomba-relógio colocada no colo do presidente do Senado transformou-se em uma pequena granada. As pizzas encomendadas com incrível antecedência já foram saboreadas pelos coleguinhas que votaram pela inocência e pelos que tiveram a coragem de se abster na votação (quem diria, hein, Sr. Mercadante?).
Na quarta-feira, dia 12 de setembro de 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) absolvido no plenário da Casa fez cair por terra a teoria positivista. Ele provou que o indivíduo pode ser maior – e muito maior – que o todo. Foi o senador alagoano mesmo quem afirmou que qualquer ataque contra ele era um ataque contra o Senado.
A absolvição do presidente do Senado era certa com a seção fechada e os votos secretos (alguém ainda agüenta discutir sobre o assunto?). Seria cômico se não fosse trágico! Os esforços da trupe de atores dessa ópera bufa agora se concentram em fazer tudo voltar aos velhos lugares-comuns. Ou alguém acredita que Calheiros, em troca da absolvição, vai renunciar à presidência do Senado?
"Se eu não tiver condição de presidir o Senado, quem vai ter?", especulou em entrevista à Rádio Gaúcha, ainda antes de ser absolvido.
E ainda tivemos de engolir a declaração do excelentíssimo presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que “a absolvição de Calheiros não é impunidade”. Gostaria muito, excelentíssimo presidente, que o senhor nos dissesse então o que é a absolvição do senador.
Da parte do governo, a permanência de Renan era vital para a prorrogação da CPMF, que Lula já declarou que precisa prorrogar por mais alguns anos. E desta vez conseguiu articular seu apóio ao presidente do Senado em sintonia e em silêncio. Mas, ao contrário do que brada a oposição (será que fugiram das aulas de matemática?), a base governista não absolveu Calheiros sozinha. São 30 senadores governistas. Foram 40 os votos PA favor de Renan e mais 6 abstenções. Logo, foi preciso que coleguinhas da oposição também fossem coniventes com a impunidade.
Um de meus momentos preferidos nesta ópera bufa é a entrada do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) em cena. A fala dele é curta, mas imperdível. Vejam só:
- Crime tributário não é causa para quebra de decoro. Amanhã, isso pode ser usado contra os senhores. Porque muitos aqui têm problemas fiscais (Ou seja, como cassar o chefão se a matilha inteira tem o rabinho preso?????).
Nossos parlamentares parecem viver e ser mesmo de outro planeta (quem se habilita a pesquisar a origem destes espécimes?).
E o que é mais impressionante nisso tudo é a reação da sociedade. Indignação passageira, e nenhuma atitude concreta. A descoberta de que não possuímos os instrumentos para modernizar o país não estarrece ninguém. O desânimo toma conta de todos. E é isso que querem os espetaculosos atores da ópera bufa encenada em pleno Congresso Nacional. Enquanto isso, nosso falido sistema político e seus vícios arraigados continuarão compondo o cenário da política nacional por muito tempo (ouçam a marcha fúnebre depois dessa afirmação).
O PSOL ainda não desistiu de cassar Calheiros e planeja entrar com mais uma representação no Conselho de Ética do Senado (a quarta) ainda esta semana. Dois processos contra o senador ainda serão votados pela Comissão e depois levados à votação em plenário A massa pré-assada das pizzas já está pronta e enformada. Falta apenas definir os sabores!
Enquete JI
O excelentíssimo presidente Luiz Inácio Lula da Silva acha que a absolvição do excelentíssimo presidente do Senado Renan Calheiros não é impunidade. E você, o que acha?
1- Palhaçada;
2- Tragicomédia;
3- Ópera bufa;
4- Novela da Globo;
5- Dramalhão mexicano;
6- Todas as anteriores.
5 comentários:
Falou um tópico: dramalhão mexicano.
é... dramalhão mexicano tb pode ser...
Realmente um absurdo.... desconfio que a cédula de votação desses senhores é posta da seguinte forma:
▄ Pizza de Calabreza
▄ Pizza de Mussarela
▄ OU as duas???
isso me irrita profundamente!
6- Todas as anteriores.
1 - Palhaçada, e nada mais.
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