domingo, 29 de junho de 2008

De amor e de letras. Por BruneLLa Wyvern.

•.¸¸.ஐAs seis meninas

Quando duvido de minha existência, belisco-me. Essa frase é do Dalai Lama. Tem um eficaz sentido, porque que ela, em sua simplicidade, nos diz que a existência é de uma comprovação inegável, e que o niilismo é uma grande besteira inventada por certos filósofos que odeiam o corpo e bem que gostariam de ser a pura essência para não ter de conviver com as demais criaturas. O fato é que a gente existe. Em carne, sangue, nervos, veias, suor, dejetos e tudo o mais que nos dá a condição de haver nascido.

Existir assim, de modo tão palpável, tem suas desvantagens, como a dor de cabeça, a dor de uma rasgadura no joelho, a dor do envelhecimento, a dor da paixão não correspondida e outras dores tais. Porém, tem suas vantagens também. Por exemplo, quando, de repente, as narinas capturam um perfume de sabonete na curva de um braço ou quando um gosto de mel temperado com flor de laranjeiras adoça a ponta da língua, ou ainda quando uma imagem que se abre diante dos olhos faz bater mais forte o coração.

Nesse quesito último, na semana passada, tive uma experiência. Recebi, de uma comunidade do Orkut, uma fotografia de seis estudantes de jornalismo da Ufes. Seis meninas bonitas, com jeito de inteligentes. Todas elas sorrindo e com aquele ar de quem está de bem com a vida. Alguém que as conhece, com gentileza, ainda me esclareceu que elas têm bom humor, criatividade, alegria e formam um grupo seleto de estudos e de companheirismo. Essas garotas, tão jovens e tão cheias de graça, se chamam Brunella, Damiana, Gabriela, Roberta, Shamylle e Simone. No entanto, estava na foto e elas fazem questão de serem conhecidas como: “as Bernadettes”.

Confesso, amados leitores, que tive uma pontada de contentamento. Além disso, fiquei toda boba, toda cheia de mim. Imediatamente, dei uma espanada nas sombras que o mês de junho andava espalhando sobre minhas idéias. Sim, porque junho me foi um mês difícil, de mortes e de perdas, de frio e de pequenos temores. No entanto, bastou-me olhar aquela foto, tão clara, tão exata, tão plena do futuro como um raio de sol entre as trevas, para que o meu cérebro começasse a descongelar.

Afinal, foi como o beliscão de que fala o Dalai Lama, acima. Agradeço a delicada homenagem dessas meninas, sobretudo porque, através delas, percebi que nós, humanos, somos o que fazemos. E tudo o que fazemos, mais cedo ou mais tarde, deixa um rastro na totalidade do mundo.

Bernadette Lyra
Texto publicado no Caderno 2 de A Gazeta em 29 de junho de 2008.