Pelo que me lembro, essa seria a minha primeira vez num estádio de futebol sem que meu pai estivesse por perto. E a primeira vez que eu seria responsável por uma matéria sem ele. QUE MEDO!
Eu fiquei muito nervosa a caminho do estádio. De repente, não sabia o que eu iria fazer ali. Mas aí, me lembrei do meu pai me levando ao estádio pela primeira vez, segurando a minha mãe e me explicando as coisas. Ficou muito mais fácil.
Entrei em campo confiante. A presença da Bibi e da Si, minhas companheiras de matéria também me ajudou muito! Era muito bom poder tê-las ali, nem que fosse para dar a mão! Mas as coisas foram fluindo. Acho que de tanto escutar meu pai e a equipe de esportes da Rádio Difusora de Colatina narrando jogos, eu acabei aprendendo algumas coisinhas importantes.
E durante o jogo, eu via as jogadas e pensava: o que será que meu pai falaria desse lance? Como ele analisaria esse jogo? E eu acabava pensando nas respostas.
O momento mágico aconteceu durante o segundo tempo, quando o meu pai me ligou e pediu meus comentários do jogo... Nossa! E eu acabei falando, saiu, naturalmente! Nem acreditei! Meu pai sabia que eu tava nervosa e me falou isso! Pediu que eu tivesse calma porque ele sabia que estava fazendo bem o que fui fazer ali. Ele sabia o que tinha me ensinado. E eu realmente soube o quanto tinha aprendido!
Pai, essa matéria é especial pra você! E eu posso encontrar mil e um jornalistas esportivos por esse caminho que eu decidi seguir. Mas nenhum deles será melhor que você!
Muito obrigada!!!
E ainda tenho muito o que aprender para chegar perto do que você é!!!
Copa do Brasil de batom
Sexta-feira, feriado... Data ideal para ir pra minha casa, em Colatina. Mas o programa do feriado foi outro. Fui ao Engenheiro Araripe, em Cariacica, assistir à estréia da Desportiva na Copa do Brasil Feminina e fazer entrevistas para a matéria que estou escrevendo – juntamente com Gabriela e Simone – para o No Entanto. O jogo foi surpreendente antes, durante e depois; dentro e fora de campo!
As meninas da Desportiva enfrentaram o Nacional, campeão estadual de Minas Gerais. Confesso que imaginei um jogo muito difícil para a equipe capixaba. Afinal, elas só estavam treinando juntas há 1 mês e o time mineiro é um clube só feminino. Mas dentro de campo, a Desportiva foi superior e venceu o jogo aqui por 2 x 1. Gols de Marciene, lateral esquerda, cobrando falta e da atacante núemro 9, Cíntia. A número 10 Bárbara descontou para o Nacional. O placar poderia ter sido mais elástico a favor da Desportiva se as jogadoras tivessem caprichado um pouquinho mais e tido calma na hora da finalização. O jogo de volta acontece quinta-feira, 08 de novembro, provavelmente no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Se passarem, as meninas da Desportiva enfrentam ou Vasco da Gama ou Benfica de Minas Gerais.
A equipe capixaba se mostrou muito bem posicionada em campo. Destaque para a composição da defesa, séria, marcando em cima e sempre com uma boa ligação com o meio de campo, coordenada pela capitã Rose, a número 4. Destacaria o entrosamento das jogadoras Andréia, número 5, Marciene, a 6, e Andressa, número 8, que tem um estilo de jogar muito parecido com o da Formiga, da seleção brasileira. No ataque, a referência foi a número 11, Andressa Bissi, mas quem ditou o ritmo do jogo foi a 9, Cíntia, jogadora veloz e habilidosa. No mio de campo, a jogadora responsável por organizar as jogadas, distribuir as bolas e referência no passe foi a número 10, Edna. Jogadora experiente, que já jogou no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e chegou a treinar com Marta, a camisa 10 da seleção e eleita melhor jogadora do mundo em 2006 pela Fifa. Com a saída de Edna, no segundo tempo, o time da Desportiva se perdeu um pouco e demorou a se adaptar à falta da número 10 quando tinha a posse de bola. Mas o time se arrumou em campo e continuou sendo superior.
A outra surpresa foi a torcida preencher um lado inteiro da arquibancada do estádio e torcer, torcer muito e se encantar com o futebol das meninas. E devo acrescentar que foi lindo de se ver! As pessoas gostaram de assistir ao jogo, de ir ao estádio, de ver as mulheres jogando um futebol bonito.
Sobre as surpresas antes, durante e depois...
Bem, antes de iniciar o jogo, lá se vão para o campo três mocinhas elegantes, aprendizes de repórteres. Brunella, Gabriela e Simone... E não é que nós tivemos fácil acesso ao gramado?!
Já chegamos entrevistando o técnico, Marcos Nunes. Super simpático e atencioso conosco. Pedimos então para conversar com alguma jogadora e entramos no vestiário do time. Ficamos ali, como quem não quer nada e ouvimos a preleção. Detalhe: as únicas jornalistas presentes ali naquele momento! O jogo começaria em breve, então só fizemos uma pergunta à capitã de time, Rose e desejamos boa sorte às meninas.
Saímos do vestiário e esperamos o time entrar em campo. Detalhe 2: a jornalista de A Gazeta não tinha conseguido acesso ao campo ainda e nós estávamos lá!Acompanhamos dali a recepção calorosa da torcida. E lembrei que a matéria precisava de uma foto! Lá foi a Brunella com sua pequena câmera digital – na verdade, da Gabriela – tentar uma foto. E euzinha acabei fazendo a foto oficial do time!
Saímos dali para o início do jogo e subimos. Para as arquibancadas? Não!!! Para as cabines de imprensa!!! Foi o máximo do máximo! No intervalo do jogo, lá foram as repórteres trabalhar novamente. Conversamos com torcedores, com um componente da comissão técnica do Nacional e com o superintendente da Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES), Pedro Soares. Esperei a bola rolar para o segundo tempo e, da arquibancada mesmo, tirei algumas fotos. Algumas foram um desastre total, outras até que ficaram boas. Não é nada fácil tirar fotos da bola rolando e de pessoas se movimentando ao mesmo tempo!
Quando o jogo terminou, entrevistamos o árbitro capixaba que pertence ao quadro da CBF e ex-jogador de futebol, Wallace Valente. Ele também estava surpreso como desempenho das meninas em campo e com a torcida em bom número que compareceu ao estádio. Dali, voltamos ao campo para as considerações finais de Nunes e voltamos ao vestiário. Enquanto eu fazia entrevistas com as jogadoras o Marlon (O Marques e o Bernardo também), que foi conosco ao estádio, virou o maior tiete do vestiário, distribuindo sorrisos e pegando autógrafos de várias jogadoras. Mas a ídola dele era mesmo a número 11, Andressa Bissi. Realmente, não é qualquer uma que dá uma bicicleta (perfeita) de fora da área no meio de três marcadoras.
Trabalho encerrado e sentimento de dever cumprido por ali. Fica a torcida para que a equipe da Desportiva avance na competição e possa chegar às fases finais. Seria mesmo demais!!! E espero que no próximo jogo das meninas aqui no Engenheiro Araripe – para isso elas têm que passar para a próxima fase – as duas arquibancadas estejam cheias. Eu garanto que o torcedor que for ao estádio não se arrependerá. Essas mulheres jogam muito!
Fotos by Bru!
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